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11/09/2008 - 16h07

Pela 2ª vez, candidato impede realização de debate no Rio

Thyago Mathias
Especial para o UOL
Do Rio de Janeiro
Candidatos à Prefeitura do Rio de Janeiro queixaram-se da postura de Paulo Ramos, que concorre pelo PDT e inviabilizou, pela segunda vez, a realização do debate, previsto para a noite desta quinta-feira (11), na TV Bandeirantes.

Em obediência à legislação eleitoral, o encontro, que ocorre simultaneamente nas maiores capitais do país, precisava da assinatura de Ramos em um termo de concordância com as regras do debate.

"Me acusam, por aí, de estar atrapalhando o processo democrático, de dificultar as campanhas, mas a verdade é que quem atrapalha o processo democrático são os grandes grupos de mídia, aliados aos institutos de pesquisa. São eles que já escolheram pelo eleitor os seus candidatos. A realização de um debate com as regras que estavam lá não passaria de uma grande encenação para beneficiar esses candidatos que já têm sua vitória assegurada pelos institutos de pesquisa. Como é que eu poderia concordar com isso?", alegou o pedetista.

Segundo as regras da Bandeirantes, o debate seria feito apenas com os seis primeiros colocados nas pesquisas de intenção de voto. Ramos, que aparece com 1%, tanto no Datafolha quanto no Ibope, estaria excluído, junto com outros cinco candidatos.

Jandira Feghali (PCdoB), que participou de debates promovidos por associações locais, com outros candidatos, foi a primeira a reclamar: "Isso é muito ruim e é de acordo com os interesses. Dependendo da posição do Crivella vai ter o debate da Record, dependendo de outro vai ter debate na Globo. As pessoas ficam na expectativa do debate. Elas ficam aguardando para decidir. É a única capital do Brasil que não vai ter debate de televisão, sem o confronto de idéias. A cidade precisa encontrar diferenças entre os candidatos para votar", argumentou Jandira.

Para Fernando Gabeira (PV), a ausência do encontro na TV beneficia apenas os dois candidatos mais bem posicionados das pesquisas, que não precisam se expor. Já Marcelo Crivella (PRB), que aparece na segunda colocação, disse ser a favor do debate, que, segundo ele, "é a maior arte da democracia na televisão".

"É lamentável que não tenha acontecido na Band, não aconteça na Record e talvez não aconteça na Globo. Debate é fundamental", afirmou o peerrebista, que não relutou em acusar o PDT de dificultar o processo eleitoral.

Democracia sai prejudicada
Para a socióloga Samara Mancebo, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, o próprio sistema democrático sai prejudicado com a não-realização do evento.

Para que exista efetivamente, a democracia requer cidadãos que participem, de forma ativa, das questões políticas do país. Mas, para que estes mesmos cidadãos participem de forma consciente, faz-se necessário que estejam a par destas questões. Não é possível a um eleitor decidir sobre em quem votar, em quem será o mais qualificado, inclusive do ponto vista ético, se ele não se inteirar das propostas dos candidatos, colocadas a uma 'prova inicial' quando do debate com candidatos opositores", afirmou a socióloga.

Ela também salientou o alcance que a televisão tem, em comparação com os pequenos debates promovidos por associações locais que foram realizados até agora, no Rio: "Muito embora as propostas dos candidatos estampem as páginas dos jornais, não podemos nos esquecer que a grande maioria dos cidadãos brasileiros tem acesso à campanha política, de um modo geral, pela mídia televisiva. Assim, esse cancelamento se não prejudica, dificulta a publicização, a democratização das informações necessárias para a escolha responsável e consciente de nossos possíveis futuros representantes", explicou Samara Mancebo.

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