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11/09/2008 - 10h25

Candidatos querem tornar Rio cidade mais acessível

Thyago Mathias
Especial para o UOL
Do Rio de Janeiro
As pessoas portadoras de necessidades especiais (PNEs) do Rio de Janeiro, que já tiveram duas deputadas cadeirantes como representantes políticas, têm seu voto disputado pelos que concorrem a uma vaga no legislativo municipal. A bandeira da acessibilidade é lembrada na propaganda eleitoral dos futuros vereadores, voltada não apenas para as PNEs, mas também para os idosos. Segundo o IBGE, 78% do total de idosos no estado estão concentrados na região metropolitana. Em Copacabana, 27,5% dos habitantes têm mais de 60 anos. Os desafios para facilitar o dia-a-dia deles foram comentados, nessa quarta-feira (10), pelos candidatos à prefeitura da cidade.

"Cerca de 15% da população carioca é portadora de algum tipo de deficiência", afirmou Eduardo Paes (PMDB). De acordo com o líder nas pesquisas de intenção de voto, "um exemplo gritante desse descaso é a insignificante quantidade de ônibus adaptados na frota do município: não chega a 1%. Em quatro anos de administração, espero ter adaptado de 5 a 10% da frota para os portadores de necessidades especiais. Construiremos cinco centros de reabilitação pública nos bairros de Santa Cruz, Realengo, Jacarepaguá, Irajá e Ramos. O acesso dessa população ao mercado de trabalho também faz parte da nossa preocupação. Daremos incentivos fiscais às empresas que ampliarem o acesso dessas pessoas ao mercado de trabalho. Faremos parcerias com universidades públicas e com o sistema S (Sebrae, Sesc, Sesi e Senai), para proporcionar qualificação e capacitação profissional", prometeu o peemedebista.

Fernando Gabeira (PV), que participou de um encontro com lideranças de instituições representativas dos portadores de necessidades especiais na terça-feira (9), procurou integrar políticas de acessibilidade ao fomento do turismo e prometeu fazer das obras municipais os primeiros exemplos.
"Não aceitamos que, na nova licitação a ser feita no Rio de Janeiro, os ônibus não tenham acesso para portadores de necessidades especiais. Hoje, são apenas 50 ônibus devidamente equipados, no máximo, circulando pela cidade. Quando uma cidade como o Rio não tem acesso adequado, ela perde uma oportunidade enorme de atender e atrair para cá milhares e milhares de pessoas. O que está em jogo não é apenas uma causa da humanidade, mas também uma causa do turismo, do progresso econômico, do nosso desenvolvimento intelectual. Além disso, vamos estimular a criação de novos canais para a busca via internet de mais oportunidades de trabalho", disse Gabeira.

Perguntado sobre suas propostas, o candidato do PT, Alessandro Molon, entregou um programa de governo que prevê a recomposição dos passeios e travessias dentro de critérios de acessibilidade, isenções e incentivos fiscais para a adaptação de instalações privadas, a capacitação de agentes públicos para atendimentos especiais, o incentivo à pesquisa de soluções mediante parcerias público-privadas e o envolvimento de "Conselhos das Pessoas com Deficiência" na elaboração dos editais de concursos públicos e na contratação de funcionários.

"As demandas das pessoas deficientes devem ser atendidas em todos os equipamentos culturais. Estes locais devem dispor de meios de informação para garantir a elas o pleno conhecimento sobre as obras de arte, documentos, flora e fauna expostos, bem como da própria instalação que os abriga, mediante o uso de modelos em diferentes formatos, como maquetes tácteis, mapas em alto relevo, áudio descrito, intérpretes da legislação brasileira de sinais, legendas e de novas tecnologias de inclusão que porventura venham a ser criadas", defendeu o petista. "Toda a sociedade deve ser conscientizada para respeitar as leis de acessibilidade existentes, para impedir que ocorra o que se vê hoje nas ruas, por exemplo, vagas destinadas a deficientes ocupadas por outros veículos. Vou desenvolver campanhas de conscientização para alertar especialmente na questão do trânsito", prometeu Molon.

Jandira Feghali (PCdoB), lembrou do prazo para entrada em vigor do Estatuto da Pessoa com Deficiência, aprovado em 2007, no Congresso:
"Tem uma lei federal que obriga, a partir de novembro, as adaptações nos transportes. Isso vai tentar superar um passivo que até aqui não foi resolvido. Agora, comigo, em janeiro, ninguém participa de licitação da prefeitura se não tiver um projeto em conformidade com os critérios de acessibilidade, seja pra idoso ou portador de deficiência. O passivo já é muito grande, então nós temos que dar uma virada em janeiro e não permitir que nenhum projeto de infra-estrutura na cidade, ou de transporte, não esteja em conformidade com as especificações da acessibilidade. O CREA vai ser nosso parceiro nisso, pra gente trabalhar na fiscalização da acessibilidade", afirmou Jandira.

"Acessibilidade é ordem do dia"
Ex-subprefeita da zona sul, Solange Amaral (DEM) aproveitou para citar ações pessoais e comentou um projeto experimental, inaugurado neste mês pela prefeitura, que equipou uma rua com sinais sonoros, placas em Braille e uma faixa sem orelhão, lixeira, ponto de ônibus, jardineira ou qualquer tipo de obstáculo.

"A acessibilidade estará na ordem do dia durante a minha gestão. Experiências como a iniciada na Rua Rodolfo Dantas, em Copacabana, serão estendidas para outros pontos da nossa cidade, facilitando a vida de portadores de necessidades especiais. Vou reforçar e ampliar todas as ações necessárias à inclusão das pessoas portadoras de deficiência. O Rio de Janeiro tem que ser para todos e vou promover essa inclusão social. Para isso, quero expandir os programas de acesso ao emprego para portadores de necessidades especiais e criar mais três Centros Integrados de Atenção a Pessoa com Deficiência em diferentes áreas da cidade", garantiu Solange, candidata do atual prefeito.

Chico Alencar (PSOL) pensa em resultados rápidos: "Em nosso governo vamos trabalhar para garantir a acessibilidade. No prazo de um ano e meio queremos todos os acessos em calçadas e prédios adaptados, assim como vamos fazer valer o acesso aos veículos públicos. Vamos ainda fazer funcionar o fórum permanente de defesa dos portadores de deficiências", disse.

Já o candidato do PRB, Marcelo Crivella deu a entender que não conhece os ônibus do Rio, onde, obrigatoriamente, todos os passageiros sobem pela frente e desembarcam pela porta traseira.

"Nós queremos aumentar a frota dos ônibus adaptados para as cadeiras de rodas. Nós queremos fazer políticas de inclusão no mercado de trabalho. Nós temos uma preocupação grave também com equipamento urbano. Hoje tem uma iniqüidade no Rio de Janeiro que é a roleta na frente do ônibus e os cegos têm que descer pela porta traseira. Essas coisas atormentam, angustiam os as pessoas que têm deficiência ou certa obesidade. Há muito cego por aí, tropeçando e batendo com a cabeça e a gente tem que cuidar disso", declarou Crivella.

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