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05/09/2008 - 16h21

No Rio, candidatos divergem sobre privatização do Galeão

Thyago Mathias
Especial para o UOL
Do Rio de Janeiro

Um dia depois de a Presidência da República confirmar, nessa quinta-feira (5), a decisão de passar a administração do aeroporto internacional do Rio de Janeiro, Tom Jobim - Galeão, da Infraero para uma empresa privada, os candidatos à prefeitura da cidade assumiram diferentes pontos de vista sobre o assunto.

A candidata do PC do B, Jandira Feghali fez uma análise crítica do projeto: "Na minha opinião, a privatização hoje é um erro. Primeiro, nós já vivenciamos privatizações sem marcos regulatórios e elas não deram certo. Antes de qualquer coisa, é preciso criar marcos regulatórios. Em segundo lugar, vão privatizar o quê? Porque a área operacional e de segurança são de responsabilidade da Aeronáutica, não podem ser privatizadas. E um terceiro ponto é que o aeroporto já está hoje muito privatizado, ocupado por lojas", enumerou.

"Estou mais preocupada com a segurança dos serviços do aeroporto do que com a privatização. É mais grave para um turista que chega pelo Galeão ser assaltado dentro de um táxi não credenciado do que sentar num banco mais confortável. O aeroporto é para o cidadão, não para um evento. As olimpíadas são importantes porque trazem investimento, mas as pessoas usam o aeroporto o ano inteiro", concluiu Jandira.

Candidato do governador Sérgio Cabral, Eduardo Paes (PMDB), mostrou uma defesa incondicional do projeto:

"Qualquer coisa pra acabar com aquele absurdo que está acontecendo no Galeão. E se a concessão do aeroporto é um caminho para isso, se a operação pela iniciativa privada é o melhor caminho pra isso, eu sou totalmente de acordo. Não dá pra ficar com aquela cara de rodoviária abandonada de uma cidade pequena do interior", disse o peemedebista.

Outros que demonstraram concordância com o governador, apesar de diferenças anteriores foram Solange Amaral (DEM) e Fernando Gabeira (PV).

"Acho a proposta espetacular. O que não pode é a cidade internacional do Brasil, a porta de entrada do país, que é o nosso Rio de Janeiro, continuar tendo esse terminal 1, que não tem manutenção e o Brasil não se preocupa. Ou a Infraero reforma ou entrega pra quem quer fazê-lo. O governador Sérgio Cabral tem toda a razão", apoiou Solange.

Gabeira aproveitou para ligar a privatização a um projeto seu de promover a sofisticação da imagem internacional e do turismo no Rio: "O governo não consegue desenvolver o potencial turístico do Rio e não procura a iniciativa privada para colaborar, mas concordo com a visão do governador Sérgio Cabral a respeito da privatização do Aeroporto do Galeão", afirmou Gabeira, durante palestra no SindRio.

Foi Cabral quem, no dia 11 de agosto, lançou a proposta de privatização do Galeão. "Vamos largar o osso e pensar em modelos de gestão para um aeroporto de qualidade, moderno, com conforto e infra-estrutura", defendeu, durante reunião na Assembléia Legislativa, onde afirmou que aeroporto seria o "principal entrave" para a realização das Olimpíadas no Rio em 2016, com a pior nota entre os onze itens avaliados pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Foi ele, também, quem primeiro deu a notícia sobre a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva:

"O presidente me informou que se reuniu nesta semana com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e que nas próximas semanas o modelo da concessão será finalizado. Para nós, do Rio, é uma notícia extraordinária, já que estamos em campanha para sediar as Olimpíadas de 2016", disse Cabral, de Londres.

O prefeito Cesar Maia (DEM), que é padrinho político de Solange, e o candidato pedetista Paulo Ramos fizeram o contraponto, com duras críticas à "privatização do estado" que seria promovida pelo governador:

"Eles só pensam nisso. Há uma reação contra a privatização tresloucada que o estado está fazendo", respondeu o prefeito, por e-mail. Já Paulo Ramos, citou o pedido de privatização do Aeroporto do Galeão, feito por Sérgio Cabral à Infraero: "Ele dá apoio às empreiteiras que querem se apropriar do aeroporto, pra que as obras sejam feitas com recurso público e depois elas passem a administrar", disse.

O candidato do PSOL, Chico Alencar, diz que a proposta de privatização revela "que a propalada reformulação da Infraero é uma balela e que os governos Cabral e Lula não acreditam na gestão pública eficiente. A escalada privatista prevalece e, provavelmente, quem vai pagar a conta é o consumidor do serviço. Eu, ao contrário, acredito que é possível gerir bem, sob controle público. Espero que pelo menos a concorrência e o contrato de concessão sejam transparentes, pois mais uma vez entrega-se algo construído com recursos públicos à iniciativa privada. Espero que não privatizem também o sistema de controle aéreo, afinal desse pessoal, infelizmente, podemos esperar tudo", informou.

O candidato Marcelo Crivella (PRB) não quis comentar o assunto.

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