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05/09/2008 - 10h08

Eleições municipais transformarão bancadas do Rio

Thyago Mathias
Especial para o UOL
Do Rio de Janeiro
No Estado do Rio de Janeiro, as eleições do dia 05 de outubro não vão determinar apenas quem assume as prefeituras e câmaras de 92 municípios. Políticos que não conseguiram votos suficientes para se elegerem deputados federais ou estaduais, em 2006, torcem para que alguns candidatos de seus partidos virem prefeitos e abram vagas no legislativo.

Na cidade do Rio, a eleição do senador Marcelo Crivella para o executivo (PRB) pode levar ao Senado até um político sem votos, já que os nomes dos dois suplentes de senador sequer apareceram nas urnas eletrônicas, na votação de 2002. Crivella, que é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e assumiu o compromisso de campanha de não nomear membros de sua igreja para cargos na prefeitura, nunca citou que será um bispo não-licenciado o seu eventual substituto no Senado.

O bispo Natal Wellington Rodrigues Furucho, suplente do prefeiturável peerrebista, é pastor da IURD desde 1994, abriu templos da igreja no Japão e já foi apresentador de programas da TV Record, como "Fala que eu te escuto", e editor do jornal "Folha Universal". Ele pode tornar-se o 21º suplente entre os 81 senadores que integram a casa.

Na opinião da socióloga Samira Mancebo, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, que pesquisa o tema, "a troca de cargos legislativos por executivos faz parte da história política brasileira e é até natural que políticos usem esse recurso para se manter na ativa, mas isso também abre espaço para aberrações, como o do suplente de senador, que assume sem ser conhecido pelo eleitorado. Muitas vezes, o candidato escolhe um suplente 'Espírito-Santo', que é aquele que só está ali porque financiou a campanha", revela a socióloga.

Também na Câmara dos Deputados a bancada fluminense pode passar por uma transformação. Entre os que disputam a prefeitura do Rio estão os deputados federais: Fernando Gabeira (PV), que abre vaga para o ex-deputado estadual Paulo Pinheiro (PPS); Chico Alencar (PSOL), cujo suplente imediato é o candidato a vereador Babá (PSOL); Filipe Pereira (PSC), que pode ser substituído pelo vereador de São Gonçalo, cassado uma vez, em 2004, Josias Muniz (PP); e Solange Amaral (DEM), que cederia a cadeira para a ex-deputada Laura Carneiro.

"Os suplentes de deputado têm certa legitimidade, porque chegaram a se candidatar e ser votados. Como a eleição é proporcional, o que quer dizer que cada coligação ganha um determinado número de vagas, eles ficam na fila de espera para assumir pela coligação ou partido, caso o titular renuncie, se licencie ou seja afastado de alguma maneira", explica Mancebo, que complementa: "Não que não haja distorções. Esses políticos só são suplentes porque não conseguiram votos suficientes para se elegerem de uma vez. Agora em junho, nós tivemos um caso no interior do Piauí de uma suplente que foi empossada vereadora com apenas um voto", diz a socióloga, fazendo referência à vereadora Waldyr Silva, da Câmara Municipal de Pau D'Arco.

Em municípios do interior do estado, os deputados federais Cida Diogo (PT), Nelson Bornier (PMDB), Sandro Matos (PR), Silvio Lopes (PSDB), Neilton Mulim (PR, como vice-prefeito) e Arnaldo Vianna (PDT), que teve o registro negado pelo TRE nesta quinta-feira (04), concorrem também à prefeitura. No total, dos 46 deputados que representam o Estado do Rio de Janeiro na Câmara, dez são candidatos. Considerada a possibilidade de eleição de apenas um parlamentar na capital, a alteração da bancada pode chegar a 15%


Alerj tem votações esvaziadas

Uma alteração mais notável deve ocorrer na Assembléia Legislativa (Alerj), caso a maioria dos 23 deputados-candidatos consigam a vitória nas urnas, em outubro. A possibilidade de renovação alcança 33% dos 70 deputados estaduais.

Desde o fim do recesso, em 05 de agosto, mais de cinco sessões já foram suspensas por falta de quórum. Se considerados todos os envolvidos nas eleições, seja como candidato ou parente próximo, somam-se 32 deputados (45%).

"Quem quiser fazer campanha que o faça, mas que venha à Assembléia pelo menos para participar de votações importantes", critica o deputado Wagner Montes (PDT), que faz campanha para o também deputado, e prefeiturável, Paulo Ramos (PDT).

"A bancada do governo tem que garantir o quórum. Enquanto os deputados de oposição dão quórum, a bancada do governo, na sua quase totalidade, faz campanha no horário em que deveria estar trabalhando", reforça o líder do PSDB na Alerj, deputado Luiz Paulo, que é candidato a vice-prefeito na chapa de Fernando Gabeira. Ele diz que pedirá verificação de quórum em todas as votações de projetos enviados pelo governador.

Além de Luiz Paulo, o deputado estadual Pedro Fernandes Neto (DEM) concorre como vice, na chapa de Solange Amaral. Alessandro Molon (PT) é outro deputado a disputar a prefeitura do Rio. No caso do petista, ainda não se sabe quem pode vir a tomar o lugar dele, caso eleito, uma vez que o suplente imediato do partido, Jorge Sedlacek, concorre ao executivo em Teresópolis.

Entre os parlamentares estaduais, Sula do Carmo (PMDB) foi a única a pedir licença não-remunerada para fazer campanha em Belford Roxo. Além dela, disputam municípios do interior os seguintes deputados: Alair Corrêa (Cabo Frio - PMDB), Alessandro Calazans (Nilópolis - PMN), Altineu Côrtes (São Gonçalo - PT), Anabal (Seropédia - PHS), Audir Santana (Itaboraí - PSC), Dr. Alcides Rolim (Belford Roxo - PT), Graça Mataos (São Gonçalo - PMDB), Inês Pandeló (Barra Mansa - PT), Marcelo Simão (São João de Meriti - PHS), Marcos Abrahão (Rio Bonito - PSL), Nilton Salomão (como vice, em Teresópolis - PMDB), Olney Botelho (Nova Friburgo - PDT), Rodrigo Neves (Niterói - PT), Ronaldo Medeiros (Petrópolis - PSB), Sabino (Rio das Ostras - PSC), Sheila Gama (como vice, em Nova Iguaçu - PDT), Waldeth do INPS (Três Rios - PR) e Zito (Duque de Caxias - PSDB).

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