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29/08/2008 - 12h55

"Operação Voto Livre" prende milicianos por tentativa de homicídio e coação eleitoral

Thyago Mathias
Especial para o UOL
Do Rio de Janeiro
A vereadora Carminha Jerominho (PT do B) e outras dez pessoas ligadas à milícia Liga da Justiça foram presas nesta sexta (29), no Rio, durante operação da Polícia Federal. O superintendente da PF, Valdinho Caetano, declarou que as prisões se devem a circunstâncias claras de coação eleitoral.

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Segundo MPE, milícias querem obrigar moradores a fotografar voto

Segundo Caetano, a operação, batizada de "Voto Livre", investiga há 90 dias a operação da milícia nas favelas do Batan, Carobinha e Barbante, na zona oeste. Entre os presos encontram-se seis policiais militares, acusados por tentativa de homicídio contra dois moradores das favelas que não haviam permitido a colocação de material de campanha de Carminha em suas casas.

"Não estamos investigando currais eleitorais, mas crimes eleitorais. E com essa operação e essas prisões, a milícia da Liga da Justiça sofre um duro golpe", anunciou o superintendente da PF.

Outras acusações contra o grupo incluem a violação dos artigos 300 e 301 do Código Eleitoral, que pune com até quatro anos de prisão aquele que se valer de servidor público ou usar de violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar, ou não votar, em determinado candidato ou partido. Carminha, que é filha do vereador Jerominho (PMDB), foi presa durante a madrugada, acusada por formação de bando ou quadrilha armada.

O vereador Jerominho mantém o cargo e a estrutura de gabinete na Câmara Municipal, desde a prisão, em 26 de dezembro do ano passado. Ele e o irmão, o deputado estadual Natalino Guimarães - preso no dia 22 de julho -, são acusados de comandar a instalação ilegal de TV a cabo e a venda irregular de gás operada pela Liga da Justiça, em comunidades dos bairros de Campo Grande e Realengo.

Na "Operação Voto Livre", o superintendente da PF disse ter apurado que, ao longo de 90 dias, a milícia aumentou o valor de venda do gás para financiar a campanha de Carminha. Moradores também teriam sido expulsos de casa por não concordar com a coação da quadrilha.

  • Thyago

    Superintendente da PF, Dr.Valdinho Caetano, fala sobre a operação "Voto Livre"


    A polícia ainda procura outros 11 foragidos, dentre os quais sete PMs, contra os quais foram expedidas ordens de prisão. Segundo nota divulgada pelo Ministério Público (MP), que solicitou as ordens, "a liberdade dos suspeitos constitui risco inaceitável para a normalidade do processo eleitoral no município do Rio".

    Ainda segundo o MP, há uma unidade clara de atuação entre Jerominho e Natalino e os milicianos que permanecem soltos e mantém em funcionamento as atividades criminosas de interesse do grupo, que inclui a eleição de representantes para a Câmara Municipal.

    Cassação

    O presidente do TRE do Rio, desembargador Roberto Wider, parabenizou nesta sexta (29) a Polícia Federal pela operação. "A providência em conjunto com a Justiça Eleitoral dá uma resposta adequada a essa quadrilha de milicianos que pretende amedrontar comunidades carentes com o objetivo de obrigá-las a votar nos candidatos de seu interesse nas eleições de 2008", afirmou o desembargador. "Com isso, nós estamos garantindo a ampla regularidade e segurança do pleito, como foi prometido pelo presidente do TSE, ministro Ayres Britto."

    De acordo com o presidente, a operação de hoje pode levar à cassação do registro dos candidatos envolvidos. "Há crimes eleitorais graves que estão sendo investigados, além de crimes comuns sérios, sempre procurando fraudar o processo eleitoral", afirmou.

    Para o desembargador, a operação não invalida o envio de forças federais para garantir a segurança da eleição no Rio. "As forças especiais virão para dar uma garantia a mais. A ação de hoje da Polícia Federal leva à desarticulação dessas quadrilhas. Esses dois fatores mostram ao eleitor que ele não precisa se sentir amedrontado por esses grupos", disse.

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