Diante da debandada de candidatos a vereadores que oferecem apoio a "prefeituráveis" de coligações adversárias, as eleições do Rio de Janeiro guardam um dilema maior a uma família de políticos estabelecidos no bairro da Ilha do Governador: ser fiel à família ou ao partido? Essa pergunta poderia assombrar a vida da deputada estadual Graça Pereira (DEM), mas ela não demonstra preocupação.

Graça, aliada e ex-secretária de governo de Cesar Maia, é mãe de Jimmy Pereira (PRTB), candidato a vice-prefeito na chapa do senador Marcelo Crivella (PRB-PR-PRTB-PSDC), adversário político-ideológico do atual prefeito, e da candidata deste, Solange Amaral (DEM). Em seu ex-blog, Maia apelidou o candidato do PRB de "Cri-cri-vella", o "pastor neo-pentecostal". O marido de Graça e pai de Jimmy, Jorge Pereira, 1º vice-presidente e integrante da base governista na Câmara Municipal, também concorre como vereador pela coligação de Crivella.


Além de ser aliada política de Cesar Maia e ex-líder do partido na Assembléia Legislativa, Graça Pereira foi secretária municipal de Governo de Cesar Maia até 2007. Seu filho, Jimmy, foi subprefeito da Ilha do Governador, cargo de nomeação política do prefeito, até junho deste ano, quando pediu exoneração para poder se candidatar na chapa de Crivella.

Por e-mail, Cesar Maia declarou que acha "muito" estranha a candidatura de Jimmy e suas relações familiares na política carioca.

Jimmy, por sua vez, aproveitou para criticar o atual prefeito e sua candidata.
"O atual prefeito durante alguns anos se caracterizou como técnico, realizando uma boa gestão. Infelizmente, neste último governo, perdeu a chance de encerrar a sua trajetória política de forma positiva. Nossa cidade está abandonada, pois ele empregou os recursos dos nossos impostos onde irreparavelmente não é a necessidade da população do Rio de Janeiro. Sua candidata não tem nenhuma proposta que seja capaz de reverter ou melhorar essa situação", comentou o vice de Crivella, em defesa de sua própria chapa.

Sobre as ligações familiares que o unem, ainda, a Cesar Maia, Jimmy desconversa: "A experiência que tive como subprefeito foi muito positiva e o fato de minha mãe ser deputada do DEM, partido do atual prefeito, serviu para que eu pudesse ver de perto as dificuldades da população da minha cidade", disse.

A deputada Graça Pereira negou que houvesse problemas com o prefeito, por quem afirmou ter "muito respeito", ou com o DEM. Como "membro da Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro", ela promove, toda quarta-feira, um culto evangélico no auditório da Assembléia Legislativa e diz ver com bons olhos a candidatura do filho na chapa do senador.

"Admiro o Crivella como pessoa cristã e como político. Em nossa casa existe uma democracia, exceto em relação a Deus porque aí falamos a mesma língua", revelou a deputada.

Questionada, contudo, sobre quem apóia para a prefeitura da cidade, se Crivella ou Solange, ela desconversa: "Continuo respeitando os critérios do meu partido", respondeu.

Família Garotinho unida contra Paes

Outra família da política fluminense resolveu permanecer unida, contra a candidatura do peemedebista Eduardo Paes. Clarissa Garotinho, candidata a vereadora pelo PMDB e filha do presidente regional do partido, o ex-governador Anthony Garotinho, que foi contra a candidatura de Paes, optou por ficar ao lado do pai e excluiu o nome do candidato postulante à Prefeitura de seu material de campanha.

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