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24/08/2008 - 13h27

Candidatos temem assumir sob nova epidemia de dengue

Thyago Mathias
Especial para o UOL
No Rio de Janeiro
Propostas para a saúde marcaram os programas de TV exibidos no horário eleitoral gratuito no Rio de Janeiro. Os candidatos à prefeitura também abordaram o tema em campanha nas ruas. Com mais de 120 mil casos de dengue registrados no ano, a cidade continua sob a ameaça de uma nova epidemia, apontam os postulantes, em incomum unanimidade.

O tema ressurgiu com o registro de cinco casos que abriram a contagem do mês de agosto, na última semana, todos na zona oeste. Até então, a expectativa era a de que a cidade passasse o primeiro mês do ano sem registro da doença, que fez seu maior número de contaminados em março e abril, com 45 mil e 38 mil casos, respectivamente.

Jandira Feghali (PcdoB) citou o combate à dengue como preocupação constante no município. Durante caminhada pela zona oeste no sábado (23), o peemedebista Eduardo Paes também avaliou a necessidade de prevenção contra a doença, ao deparar-se com rios e canais sujos, que serviriam de criadouros para as larvas do mosquito Aedes aegypti.

Procurados pelo UOL, os principais candidatos disseram estar preocupados em assumir a prefeitura, em janeiro, em meio a uma epidemia de dengue, que costuma surgir no verão. Paes chegou a dizer que o secretário de saúde de uma futura administração deveria assumir já no dia seguinte às eleições, para que não seja surpreendido aquele que assumir a prefeitura.

"É fundamental agir em duas frentes. A primeira é com os agentes comunitários de saúde. Precisamos recrutar essas pessoas junto às comunidades. A partir daí, prepará-las e capacitá-las para esse trabalho de conscientização. A gente espera, inclusive, que isso já esteja sendo feito antes. O segundo ponto é ampliar o Programa Saúde da Família que, no Rio, só cobre 8% da população", apontou Paes.

Jandira Feghali, que é médica, foi outra a prometer uma ação imediata para o setor, logo após a eleição: "Vou fazer um esforço de guerra para controlar a epidemia de dengue que consistirá num alerta a todos os serviços de saúde da cidade e no reforço à vigilância epidemiológica. Haverá serviços de plantão 24 horas em todas as áreas da cidade, em número adequado e suficiente para o atendimento de eventuais casos. Já no governo de transição vou convocar os melhores especialistas no assunto para constituir uma inteligência para planejar as ações de combate ao mosquito e organizar o atendimento aos eventuais casos", declarou a candidata do PCdoB.

Marcelo Crivella (PRB) disse que as epidemias de dengue matam dezenas de pessoas, principalmente crianças, mas poderiam ser evitadas. "Manterei programas preventivos permanentes de combate ao mosquito da dengue e de melhoria efetiva das condições sanitárias da cidade", diz o plano de governo do candidato, sem explicitar os meios.

Prevenção e postos de saúde foram lembrados ainda por Fernando Gabeira (PV), que criticou a administração do prefeito Cesar Maia por "se voltar à saúde somente para a construção de hospitais e para o serviço de emergência, que são importantes, mas não resolvem sozinhos".
Apoiada pelo prefeito, a candidata do DEM, Solange Amaral, demonstrou descontentamento com as críticas que mostram a dengue como se fosse um problema local. "Em 2007, morreram muitas crianças no Piauí, no Maranhão. O Rio de Janeiro, neste ano de 2008, sequer foi a cidade que mais teve esse problema. Não estou dizendo que não foi grave. Agora, não pode ficar fazendo politicagem. O mosquito, é nacional. Ele não é municipal, nem estadual ou federal. Todo mundo tem que trabalhar junto", defendeu.

Mais críticas, no entanto, partiram de Alessandro Molon (PT) que, além de não acreditar em uma epidemia no início da próxima gestão, afirmou ter denunciado Cesar Maia ao Ministério Público pela anulação de verbas federais que serviriam no combate à dengue. "Vamos diagnosticar a situação atual, porque este ano foi perdido. Os especialistas acham improvável uma nova epidemia no verão de 2009, porque grande da população teve dengue tipo 2. O risco é a re-introdução do tipo 1, no verão de 2010. Nós não vamos permitir isso", garantiu.

Molon também disse que pretende investir no setor. "Vamos baixar para 10% o índice de imóveis não visitados, que no Rio supera 40%. Vou ampliar o número de leitos e recompor o quadro de agentes de saúde via contrato de trabalho, capacitando-os para o combate. Além disso, pretendo montar uma equação correta de combate, sem paliativos, baseada nos seguintes pontos: levar o Programa Saúde da Família para 70% da população carioca, o que representa a totalidade da clientela do SUS. Também vou aproveitar eventos culturais e recreativos, que agrupam muita gente, para promovermos um mutirão de visitas de agentes a comunidades. E, por fim, alertar mais fortemente a sociedade para a questão da dengue, por meio de campanhas feitas o ano todo, principalmente antes do verão", declarou o petista, citando programas de iniciativa do governo federal.

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