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18/08/2008 - 11h18

Transporte é tema de 1º debate entre candidatos no Rio

Thyago Mathias
Especial para o UOL
Do Rio de Janeiro
Sem a presença de Solange Amaral (DEM), que confirmou presença mas deixou cadeira vazia no auditório, e Marcelo Crivella (PRB), que trocou a participação no debate por gravação para uma rádio, sete candidatos à Prefeitura do Rio de Janeiro participaram de debate na Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), na manhã desta segunda-feira (18).

Com um minuto e meio para responder a questões previamente entregues às assessorias, os candidatos evitaram acusações mútuas, mas não pouparam o atual prefeito César Maia (DEM) e parlamentares que receberiam propina de empresas de transporte público.

"O transporte no Rio de Janeiro tem uma grande deformação e a causa é política porque há uma relação da Fetranspor (Federação dos Transportes) com políticos. Para resolver, primeiro é preciso eleger políticos sem essa ligação", disse o candidato da coligação PV-PSDB-PPS, Fernando Gabeira, levantando a questão, que foi aproveitada pelos demais.

"O poder público está de joelhos diante das empresas de ônibus e para reverter isso é preciso não aceitar dinheiro, não aceitar doações de campanha de empresas de ônibus", prosseguiu Alessandro Molon (PT).

"Essa concessão encobre muita mutreta. Há parlamentares dos grandes partidos, que sofrem de nanismo moral, que vivem de mesada das empresas de ônibus. Isso pode dar até morte, mas é preciso resolver essa questão", arrematou Chico Alencar (PSOL-PSTU), que disse lembrar aquilo que viu enquanto foi vereador e estendeu a questão à comercialização de produtos pirateados: "Governo combate máfias, máfias que operam nos transportes, na especulação imobiliária, no comércio ambulante. Máfias que muitas vezes financiam campanhas, nessa democracia de mercado".

"Quando citam aqui o poder da Fetranspor, lembram aqui que essas forças se organizaram e submeteram o poder público", Paulo Ramos (PDT), que é deputado estadual, lembrou a acusação de "caixinha da Fetranspor" que pairou sobre a Assembléia Legislativa do estado.

Eduardo Serra (PCB) defendeu a estatização das linhas de ônibus. Já Eduardo Paes (PMDB-PP-PSL-PTB) e Jandira Feghali (PCdoB-PSB-PTN-PHS) aproveitaram o tema "transportes" para criticar o decreto do prefeito César Maia que restringiu a circulação de veículos de carga em algumas regiões da cidade.

  • Thyago Mathias

    Gabeira, Paes e Molon em debate morno, sem embates, na manhã
    desta segunda-feira


    "O decreto, porque foi um decreto e não uma lei, é importante, mas foi feito sem discussão com a sociedade. O que nós não vemos é operação de transporte na cidade, porque os guardas municipais vão para casa às seis horas (da noite), como se não houvesse mais trânsito", afirmou Paes.

    "A atual gestão não conversa, não discute com ninguém. O setor empresarial não tem acesso à prefeitura. Um decreto feito em uma semana não pode ser bem feito", disse Jandira, que propôs substituir o decreto por um projeto piloto, experimental.

    O combate à dengue, a atuação das autoridades municipais em relação à violência, a redução do IPTU (Imposto Predial-Territorial Urbano) e do ISS (Imposto Sobre Serviços) e o excesso de feriados na cidade também foram questionados.

    Único momento de tensão
    Um momento de tensão ocorreu justamente quando, falando sobre a arrecadação do ISS e a atuação dos fiscais, Chico Alencar fez uma crítica ao partido de Eduardo Paes: "Silveirinhas, olha financiador de campanha aí - e do PMDB -, nunca mais!", disse, em uma referência ao fiscal Rodrigo Silveirinha, acusado de participar do "escândalo do propinoduto", em 2003. "Não vou ser lulo-dependente, nem cabralino", acrescentou Alencar. Paes, no entanto, evitou polêmicas com o candidato do PSOL.

    Em relação à segurança, Gabeira citou o caso de Bogotá para fazer eco com Ramos na defesa da expansão da guarda municipal. Alencar chegou a dizer que "a guarda municipal está à procura de uma identidade". Entre as medidas que a prefeitura poderá tomar nesse segmento, Ramos também disse que pretende desligar os pardais eletrônicos de vias que cruzam áreas de risco. Serra propôs equipar bairros carentes com iluminação pública abastecida por painéis solares.

    Paes e Molon centraram argumentos na saúde. "A dengue é a síntese da saúde pública no Rio de Janeiro, onde a população faz o papel de turista sanitário, migrando de hospital em hospital", disse Paes, enquanto Molon lembrou que denunciou a gestão municipal ao Ministério Público, por ter anulado verbas federais destinadas ao combate à dengue.

    O incentivo ao uso cultural e residencial do centro e da zona portuária foi proposta unânime entre os candidatos para a revitalização da cidade. Ramos foi mais longe e disse que proibiria a construção de novos "shopping centers". O descuido do prefeito, chamado de "internético e blogueiro" por Paes, em coro com os demais, que lamentaram a ausência da candidata do DEM, foi apontado como causa do caos urbano.


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