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23/07/2008 - 12h40
Em Recife, vereador mais velho do país critica o coronelismo
Paula Brukmüller
Especial para o UOL
Em Recife
Especial para o UOL
Em Recife
No gabinete do mais antigo vereador do Brasil, Liberato Costa Junior, 90 anos, paredes repletas de diplomas, certificados, reportagens, homenagens e cartazes de campanhas anteriores. Lembranças que contam um pouco dos mais de 60 anos dedicados à política. A Câmara Municipal do Recife está em recesso, porém o vereador comparece ao local diariamente, para cuidar da campanha em busca do 11° mandato de vereador. Dono de uma memória extraordinária, Liberato falou sobre sua grande paixão, a cidade do Recife e, é claro, sobre política.
UOL - Como você entrou para a vida política?
Liberato - Desde garoto eu gazeava aula para assistir as sessões na Galeria da Assembléia Legislativa. Lá comecei a criar simpatia, passei a freqüentar o Café Lafaiete, na Rua do Imperador (centro do Recife), ponto de encontro de políticos e intelectuais, depois entrei na UDN, e passei para o PDT, com Dr. Arraes (ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes). Em 1959 e 1963 fui o vereador mais votado da cidade. Em 1966, já pelo MDB, me elegi deputado estadual constituinte. Participei da fundação do MDB e da fundação do PMDB na década de 70. Em 1982 voltei à Câmara Municipal, onde estou até hoje.
UOL - Como você resume todos esses anos na Câmara?
Liberato - Aqui eu já exerci todas as funções. Fui presidente da casa várias vezes, líder da oposição, líder do governo, inclusive do governo Arraes. Em 1963, assumi a prefeitura durante oito meses como prefeito constitucional. Enfim, já fiz de tudo. As Câmaras Municipais são as maiores escolas políticas do Brasil.
UOL - Como você avalia a atual conjuntura política no Brasil?
Liberato - Existe uma falta de credibilidade geral na política nacional. O conceito de homem público está muito abaixo da expectativa da sociedade.
UOL - Acredita em alguma solução?
Liberato - Acho que o povo tem que escolher melhor seus candidatos. O problema é que nas periferias o estômago fala mais alto que a razão. Ainda existe o coronelismo, a troca de votos por dinheiro. Um grande passo seria os deputados prezarem pelo que eu chamo de 'verdade eleitoral', ou seja, eleger apenas os candidatos mais votados. Esse negócio de coeficiente eleitoral por partido é uma grande mentira, não reflete a vontade do povo.
UOL - Como você vê o futuro do Recife?
Liberato - A cidade já é uma metrópole, se configura num outro patamar de convivência. Na região metropolitana são 14 cidades, mas na verdade Recife é o centro para mais de 70 cidades do nordeste. Aqui estão as melhores universidades, os grandes veículos de imprensa, é um dos pólos médicos mais importantes do Brasil. E ainda temos as nossas belezas naturais, nossas praias, os cinco rios que cortam a cidade e as pontes. O futuro do Recife é bastante promissor. Sou um apaixonado pelo Recife. Fiquei viúvo e ganhei uma amante, esta cidade da qual eu trato com muito zelo e amor.
UOL - Existe algum projeto importante que você ainda não conseguiu implantar como vereador?
Liberato - A instalação da Rádio Frei Caneca é um grande projeto meu. Seria um canal para divulgar a história do Recife e fazer com que a cidade seja respeitada como a de maior importância histórica na América Latina. Não existe nenhum brasileiro mais importante do que Frei Caneca, ele só não é mais respeitado porque nasceu aqui, e existe uma grande discriminação.
UOL - Em sua opinião, o que é necessário para ser um bom vereador?
Liberato - Não precisa ser diplomado, mas deve se inteirar das peças importantes da casa, do regimento, conhecer o orçamento anual, o plano diretor, as leis de diretrizes orçamentárias e responsabilidade fiscal. O mais importante é exercer o principal papel que é fiscalizar o poder executivo e a aplicação do orçamento nos projetos. O sangue novo é muito importante para oxigenar a casa política, mas os vereadores de primeiro mandato têm que trazer novas idéias. Devem ter amor pela cidade e respeito pela outorga que receberam. Como já falei, as câmaras municipais são as maiores escolas políticas do Brasil, porque o vereador é quem convive mais próximo do povo.
UOL - Como está sendo trabalhar em mais uma campanha política?
Liberato - Toda campanha é desgastante, quanto mais perto o dia da eleição, mais difícil fica. Apesar da minha serenidade, o sistema nervoso fica abalado. Eu tenho confiança, tenho feito um trabalho bom nesses anos todos e acredito que o povo vai me apoiar.
Liberato condena o coronelismo e a compra de votos, mas defende a 'verdade eleitoral'
UOL - Como você entrou para a vida política?
Liberato - Desde garoto eu gazeava aula para assistir as sessões na Galeria da Assembléia Legislativa. Lá comecei a criar simpatia, passei a freqüentar o Café Lafaiete, na Rua do Imperador (centro do Recife), ponto de encontro de políticos e intelectuais, depois entrei na UDN, e passei para o PDT, com Dr. Arraes (ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes). Em 1959 e 1963 fui o vereador mais votado da cidade. Em 1966, já pelo MDB, me elegi deputado estadual constituinte. Participei da fundação do MDB e da fundação do PMDB na década de 70. Em 1982 voltei à Câmara Municipal, onde estou até hoje.
UOL - Como você resume todos esses anos na Câmara?
Liberato - Aqui eu já exerci todas as funções. Fui presidente da casa várias vezes, líder da oposição, líder do governo, inclusive do governo Arraes. Em 1963, assumi a prefeitura durante oito meses como prefeito constitucional. Enfim, já fiz de tudo. As Câmaras Municipais são as maiores escolas políticas do Brasil.
UOL - Como você avalia a atual conjuntura política no Brasil?
Liberato - Existe uma falta de credibilidade geral na política nacional. O conceito de homem público está muito abaixo da expectativa da sociedade.
UOL - Acredita em alguma solução?
Liberato - Acho que o povo tem que escolher melhor seus candidatos. O problema é que nas periferias o estômago fala mais alto que a razão. Ainda existe o coronelismo, a troca de votos por dinheiro. Um grande passo seria os deputados prezarem pelo que eu chamo de 'verdade eleitoral', ou seja, eleger apenas os candidatos mais votados. Esse negócio de coeficiente eleitoral por partido é uma grande mentira, não reflete a vontade do povo.
UOL - Como você vê o futuro do Recife?
Liberato - A cidade já é uma metrópole, se configura num outro patamar de convivência. Na região metropolitana são 14 cidades, mas na verdade Recife é o centro para mais de 70 cidades do nordeste. Aqui estão as melhores universidades, os grandes veículos de imprensa, é um dos pólos médicos mais importantes do Brasil. E ainda temos as nossas belezas naturais, nossas praias, os cinco rios que cortam a cidade e as pontes. O futuro do Recife é bastante promissor. Sou um apaixonado pelo Recife. Fiquei viúvo e ganhei uma amante, esta cidade da qual eu trato com muito zelo e amor.
UOL - Existe algum projeto importante que você ainda não conseguiu implantar como vereador?
Liberato - A instalação da Rádio Frei Caneca é um grande projeto meu. Seria um canal para divulgar a história do Recife e fazer com que a cidade seja respeitada como a de maior importância histórica na América Latina. Não existe nenhum brasileiro mais importante do que Frei Caneca, ele só não é mais respeitado porque nasceu aqui, e existe uma grande discriminação.
UOL - Em sua opinião, o que é necessário para ser um bom vereador?
Liberato - Não precisa ser diplomado, mas deve se inteirar das peças importantes da casa, do regimento, conhecer o orçamento anual, o plano diretor, as leis de diretrizes orçamentárias e responsabilidade fiscal. O mais importante é exercer o principal papel que é fiscalizar o poder executivo e a aplicação do orçamento nos projetos. O sangue novo é muito importante para oxigenar a casa política, mas os vereadores de primeiro mandato têm que trazer novas idéias. Devem ter amor pela cidade e respeito pela outorga que receberam. Como já falei, as câmaras municipais são as maiores escolas políticas do Brasil, porque o vereador é quem convive mais próximo do povo.
UOL - Como está sendo trabalhar em mais uma campanha política?
Liberato - Toda campanha é desgastante, quanto mais perto o dia da eleição, mais difícil fica. Apesar da minha serenidade, o sistema nervoso fica abalado. Eu tenho confiança, tenho feito um trabalho bom nesses anos todos e acredito que o povo vai me apoiar.
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