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23/07/2008 - 17h53

Limites à propaganda eleitoral duplicam investimento em programas de TV

Hugo Cilo
Em São Paulo
As restrições à propaganda eleitoral no país - que impedem distribuição de brindes, santinhos e uso de outdoors, entre outros - estimulam os investimentos em superproduções de programas de TV e rádio neste ano. Em comparação às últimas eleições municipais, em 2004, os gastos devem duplicar, segundo estimativa do professor da Fundação Cásper Líbero, especialista em marketing político, Celso Matsuda.

"Os recursos que antes eram destinados à compra de brindes, materiais impressos e showmícios, proibidos pela nova legislação eleitoral, agora migrarão para as agências de publicidade e produtoras de vídeo", afirma Matsuda. Ele calcula que mais da metade de todo dinheiro gasto pelos candidatos e partidos será utilizado em produções para o horário eleitoral, que começa em 19 de agosto.

O cientista político e professor do Ibmec São Paulo, Carlos Melo, compartilha da mesma opinião de Matsuda. Ele não se arrisca em números, mas garante que o volume de recursos de campanhas terá um grande acréscimo nessas eleições municipais. "O grosso do dinheiro sempre foi para produção de programas para a TV. Nestas eleições, será maior ainda", destaca Melo.

"Numa sociedade de massa, especialmente numa cidade tão grande como São Paulo, quem não está na TV está 'morto'. Os candidatos não conseguem mais falar com todos os eleitores como antigamente. A única alternativa é apostar na força da comunicação da TV e do rádio, além de investir na militância paga, modalidade que surgiu recentemente, com a proibição dos grandes eventos políticos", reforça Melo.

Se as projeções estiverem corretas, em São Paulo - onde serão gastos até R$ 96,1 milhões, segundo declararam os 11 candidatos a prefeito -, as despesas em produção de vídeo passarão de R$ 48 milhões. Os candidatos e os partidos não revelam os investimentos em produção nem detalham como os recursos previstos para a campanha serão distribuídos.

"O horário eleitoral será decisivo e terá um papel maior do que nas últimas eleições municipais", acrescenta Matsuda.

O aumento da procura por agências e produtoras "inflacionou" o segmento, segundo Matsuda. Isso porque os profissionais mais experientes são cobiçados pelos candidatos que têm mais recursos para investir. "Não se trata apenas de gastar em produções de programas. Tradicionalmente, o período eleitoral remunera bem os profissionais. Além disso, por se tratar de um período relativamente curto, muitos trabalham até 18 horas por dia. Essa dedicação tem um custo. Um alto custo", explica o professor.

Logística



No ranking dos gastos de campanha, logo depois dos investimentos em produção de vídeos aparecem as despesas de logística e mobilização de equipes. Matsuda afirma que diante da nova legislação eleitoral os candidatos têm de destinar mais dinheiro para organizar mutirões e passeatas. Os tradicionais showmícios estão proibidos.

"Numa campanha a prefeito em São Paulo, um evento político demanda contratação direta e indiretamente de 300 a 400 pessoas, no mínimo. Esse número salta para até 3 mil pessoas, de acordo com o porte do candidato e a disponibilidade de recursos. Nem todos são, necessariamente, contratados, mas sempre esperam algum benefício", calcula o professor.

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