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08/09/2008 - 10h56

A população se acostumou a me ver governando, diz Amazonino Mendes

Leandro Prazeres
Especial para o UOL
Em Manaus
  • Divulgação

    O candidato do PTB tenta seu terceiro mandato como prefeito

Nascido em um seringal de Eirunepé, no interior do Amazonas, Amazonino Mendes, (PTB) tenta, aos 68 anos, seu terceiro mandato como prefeito de Manaus. Apontado como líder isolado nas pesquisas de intenção de voto, Amazonino pode vencer ainda no primeiro turno. Mesmo assim, voltou a fumar após anos longe do vício. "Esse clima de campanha me deixou nervoso", confessa. Advogado por formação, amado e odiado, Amazonino Mendes fala sobre si na terceira pessoa (se chama de "Negão", apelido adotado há décadas). Amazonino é um dos políticos mais vitoriosos do Amazonas, mas nos últimos quatro anos perdeu duas eleições consecutivas. Numa manhã agradável, recebeu a reportagem do UOL em uma de suas casas no Tarumã, região das mais caras de Manaus.

UOL - Como o senhor reage às críticas de seus adversários que o chamam de "ultrapassado"?


Amazonino Mendes -

Seria estranho ver o Omar (Azis, PMN, candidato apoiado pelo governador Eduardo Braga) ou o Serafim (Corrêa, do PSB) me chamando de ultrapassado. Quem fala isso para mim é Eduardo Braga. Eu o conheço, sei porquê e não quero entrar em detalhes. Isto é uma situação que poderia destampar uma panela de pressão e eu tenho obrigação de ter controle e altivez. Não quero entrar em detalhes sobre isso.

UOL - De acordo com pesquisas de intenções de voto, o senhor vem apresentando uma ampla vantagem frente seus adversários. A que o senhor credita toda essa popularidade?


Amazonino -

É fácil. Eu governei o Estado e fui prefeito de Manaus algumas vezes. A população se acostumou a me ver governando e agora me vê fora. A população começou a comparar. Não é que eu tenha atributos excepcionais ou seja especial. Simplesmente, a população começou a comparar e a tomar uma posição.

UOL - Com qual candidato o senhor se sentiria mais confortável para ir ao segundo turno?


Amazonino -

Não penso que a eleição vá para o segundo turno, embora isso possa ocorrer, mas não cabe a mim pensar nisso. Essa é a uma decisão que caberá ao eleitor.

UOL -Se eleito, o senhor vai cumprirá seu mandato até o final ou sairá para as eleições ao governo do Estado em 2010?


Amazonino -

Essa resposta só quem pode dar é o povo. O povo é que é o dono dos mandatos, é ele que condena. É ele que elege. Se por ventura eu for para a prefeitura e fizer um grande trabalho, e o povo queira aquele trabalho ampliado para o Governo, eu vou dizer não pro povo? A minha idéia é ficar na prefeitura, mas faço a ressalva: se o trabalho for convincente, não descarto nada. Sou um político a mercê da vontade popular.

O CANDIDATO

  • NOME: Amazonino Mendes
  • IDADE: 68
  • PARTIDO: PTB
  • CARGOS: Prefeito de Manaus (1983-86; 1993-94); Senador da República (1991 a 1992); Governador do Estado (1987-90; 1995-98 e 1999-02)

UOL - Como ficou sua relação com o deputado federal Francisco Garcia, depois do imbróglio em que o senhor escolheu o deputado Carlos Souza como vice em detrimento de Rebecca Garcia?


Amazonino -

Nós não temos conversado agora assim como nós não conversamos da última vez [nas eleições para o governo do Estado em 2006]. Eu o respeito. Ele tem sido discreto, não sei se ele ficou chateado comigo. Ele tem uma filha que é brilhante e teria sido uma honra tê-la como vice, mas acho que não nos cabe, nem a ele nem a mim, ter um sentimento subalterno por causa de um desenlace político momentâneo.

UOL - Incomoda-lhe ser chamado de "populista"?


A: Qual é a aceitação do Lula? Quem falava isso de mim era o pessoal do PT, do PC do B. E o que eles acham do Lula, agora? Os que me criticaram quando eu criei o cartão "Direito à Vida" [espécie de bolsa família estadual], hoje aplaudem delirantemente o presidente Lula.

UOL - Na sua opinião, o orçamento do município vem sendo mau-administrado?


Amazonino -

Não me force a fazer crítica a quem está numa situação exasperada. Eu acho que se pode fazer muito mais do que é feito. O "Negão" não passaria três anos para fazer um viaduto. Eu já fiz com muito menos dinheiro e muito mais rápido. Nunca deixei as ruas esburacadas. Eu não administraria a prefeitura com 28 secretarias que não vieram para ajudar a administração, mas para atender a cambalachos políticos, sobretudo de partidos que se dizem de esquerda. Temos órgãos na prefeitura batendo cabeça. Está faltando profundidade de análise.

UOL - O senhor é apontado como o "pai político" de Alfredo Nascimento, Eduardo Braga e Omar Aziz. Como o senhor se sente enfrentando seus antigos pupilos?


Amazonino -

Passo por cima. Finjo que isso não existe.

UOL - Se eleito, como o senhor pretende trabalhar o problema das invasões?


Amazonino -

A invasão é uma doença gravíssima e o remédio é complexo. Estou convencido de que o remédio que combate à invasão é um pacto que tem de ser feito pelo município, Estado, Judiciário, Legislativo, Ministério Público e imprensa. Daí, ações desses órgãos estabeleceriam uma espécie de conselho de vigilância. Por que precisamos desse complexo administrativo? Porque as invasões mexem com toda a cidade. Manaus cresceu desordenadamente ao longo dos anos por causa das invasões.

UOL - Como o senhor pretende enfrentar o debate sobre a privatização da Cosama (Companhia de Saneamento do Amazonas)?


Amazonino -

Manaus passou trezentos e oitenta e poucos anos sem água. A privatização da concessão foi em 2000. Na época, o que nós tínhamos para fornecer água? Uma estatal falida, devendo mais de US$ 200 milhões. É claro que hoje a coisa está melhor. Acontece que o problema é complexo. Essa empresa inoperante custava R$ 40 milhões. O Estado já economizou R$ 320 milhões nesses oito anos de privatização. Só que a empresa comprou gato por lebre. Não levou em conta que a água do rio Negro é abrasiva e não sabia que havia uma perda escandalosa de 85% da água captada em Manaus. As cláusulas do contrato com a empresa que ganhou a concessão eram muito rígidas. A repactuação do contrato que o Serafim fez foi correta. Mas ele mente quando diz que a construção dos reservatórios foi obra dele. Isso é feito com dinheiro da própria empresa.

UOL - O governador Eduardo Braga se empenha bastante na campanha de seu vice, Omar Aziz, à prefeitura. Caso o senhor seja eleito, o senhor teme que as relações entre prefeitura e Estado prejudiquem Manaus?


Amazonino -

O município não existe? Eu já governei Manaus, o único governador que ajudava os prefeitos de Manaus fui eu, quando inventei a ação conjunta, inclusive, com esses que estão aí no poder. Eu gostaria muito de uma ação conjunta, mas se por ventura ele [Eduardo] por pirraça não quiser a ação conjunta, paciência. Agora, pra ser prefeito precisa da nomeação do governador?

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