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25/08/2008 - 16h06

Com 65% de rejeição, prefeito de Manaus pede avaliação "serena" do eleitorado

Leandro Prazeres
Especial para o UOL
Em Manaus
O prefeito de Manaus e candidato à reeleição, Serafim Corrêa Fernandes (PSB), 61, é economista e auditor aposentado da Receita Federal. Eleito vereador em 1989, disputou pela primeira vez a prefeitura sete anos depois, perdendo para o atual ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR). Em 2000, voltou a concorrer e perdeu novamente para Nascimento. Em 2002, tentou o governo estadual, mas foi vencido pelo atual governador Eduardo Braga (PMDB).
  • Divulgação

    O prefeito de Manaus e candidato
    à reeleição, Serafim Corrêa (PSB)


    Finalmente, em 2004, contrariando inúmeras pesquisas, venceu Amazonino Mendes (PTB) no segundo turno em Manaus. Sua administração foi uma das primeiras do Brasil a publicar os pagamentos da prefeitura na Internet. Entretanto, problemas como buracos nas ruas e a precariedade do transporte coletivo causaram enorme desgaste político.

    Serafim Corrêa aparece com 8% na pesquisa Ibope, realizada entre os dias 10 e 12 de agosto, contra 58% de Amazonino. Segundo o levantamento, o atual prefeito enfrenta ainda o mais alto índice de rejeição na capital do Amazonas: 65% dos entrevistados afirmam que não votariam nele "de jeito nenhum". Leia a seguir a íntegra da entrevista.

    UOL - Em que consiste seu plano de governo caso o senhor seja reeleito?


    Serafim Corrêa

    - Ele ainda está sendo elaborado. Serão 40 metas a serem perseguidas e serão apresentadas à imprensa tão logo seja concluído.

    O CANDIDATO

    • NOME: Serafim Fernandes Corrêa
    • IDADE: 61
    • PARTIDO: PSB
    • CARGOS: Atual prefeito (candidato à reeleição) e vereador (1989 à 1996)

    UOL - A que o senhor credita a sua rejeição aferida pelas pesquisas recentemente?


    Serafim

    - Dois fatos. Primeiro eu tenho um adversário que historicamente tem 40% dos votos. Esse eleitorado a favor dele é contra mim. Segundo que, durante três anos e meio, fui vítima de programas populistas de televisão que me atacaram, me difamaram, enfim, lançaram sobre as costas do prefeito todas as dificuldades da cidade. Agora que começou o horário eleitoral é a hora de mostrarmos tudo o que fizemos e pedirmos a avaliação serena e tranqüila do eleitorado.

    UOL - A sua coligação reúne políticos que já foram aliados de alguns de seus adversários. Existe lugar para alianças programáticas e ideológicas na política atual? A sua aliança obedece a esses critérios?


    Serafim

    - Sim. Porque tanto o senador Arthur Virgílio Neto (PSDB) e o ex-deputado federal Pauderney Avelino (DEM) são pessoas com o olhar da social democracia e do liberalismo. Ambos têm o olhar voltado ao respeito da ética. Você não encontra nenhuma acusação de caráter ético contra nenhum dos dois. Eles foram aliados de meus adversários em outros momentos, mas isso não quer dizer que eles tenham deixado de ser éticos.

    UOL - O senhor acredita ser possível reverter sua taxa de rejeição nesses dois meses de horário eleitoral gratuito?


    Serafim

    - Sim. E mais: tenho plena convicção de que estarei no segundo turno. E aí será igual a Vasco e Flamengo, Corinthians e Palmeiras, Garantido e Caprichoso.

    UOL - Quem o senhor prefere enfrentar no segundo turno?


    Serafim

    - Quem quer ganhar eleição não pode escolhe adversário. Quem vier, eu terei a maior satisfação em disputar. Até porque essa seria uma decisão do povo e deverá ser respeitada.

    UOL - Caso o senhor não vá para o segundo turno, em que palanque o senhor subiria?


    Serafim

    - Eu irei ao segundo turno.

    UOL - O governador Eduardo Braga afirma que o candidato Omar Aziz é o ideal para que Estado e município estabeleçam parcerias. Essas parcerias não foram feitas durante a sua gestão? Se não, por quê?


    Serafim

    - Nós fizemos duas únicas parcerias. Mas os dois últimos prefeitos que me antecederam (Alberto Carijó e Alfredo Nascimento) não conseguiram fazer nenhuma parceria com o governador Eduardo Braga. Então eu peço uma reflexão de todos: será que o problema está nos prefeitos ou no governador? O normal é que a União, que é quem fica com 60% da arrecadação, auxilie Estados e municípios. E o Estado, que fica com 25%, auxilie os municípios, que ficam com 15%.

    É natural que haja preocupação do governador em realizar parcerias com os municípios. No entanto, não parece que isso tenha ocorrido em relação a Manaus. Houve parcerias com Itacoatiara de R$ 80 milhões, de Iranduba em R$ 50 milhões e a capital teve uma de apenas R$ 20 milhões. Sendo que R$ 10 milhões foi no plano emergencial de águas no ano de reeleição do governador.

    UOL - Na sua opinião, Manaus foi preterida no que tange às parceiras?


    Serafim

    - Sem dúvida alguma. Muitas vezes, Manaus carregou responsabilidades do Estado nas costas fazendo as parcerias às avessas. No Samu (Serviço Móvel de Atendimento de Urgências), por exemplo, metade do custeio é do governo federal, um quarto é do Estado e um quarto do município. Aqui, o governador se recusou a assinar a parceria. O Ministério da Saúde me procurou para arcar com os custos e nós aceitamos.

    UOL - O fracasso na tentativa de aumentar a alíquota do IPTU ocorrida no ano passado, que gerou resistência em vários setores, foi uma derrota política significativa para o senhor?


    Serafim

    - Veja. Temos que ver os dois aspectos. Nós aumentamos o IPTU de quem podia pagar e diminuímos e até zeramos de quem podia pagar menos. O Tribunal de Justiça entendeu diferente. Entendeu que nós não poderíamos fazer o aumento. Não tenho compromisso com o erro. Acatei a decisão da Justiça e neste ano nós compensamos o aumento do IPTU para aqueles que pagaram mais no ano passado. Isso é uma matéria vencida, superada e encaminhada.

    UOL - O senhor acredita que a situação do abastecimento de água pode lhe causar algum desgaste visto que boa parte da população não tem acesso a esse serviço?


    Serafim

    - A meu ver vai trazer pontos positivos. Eu fui o único prefeito que topou enfrentar o problema. O prefeito Alfredo Nascimento, em 2000, delegou ao Estado a venda da água. E o governo do Estado fez uma privatização equivocada, porque o correto seria determinar que quem ganhasse fizesse mais investimentos. O governo fez o inverso, determinando que o ganhador seria quem desse mais dinheiro pela concessão.

    O governo do Estado vendeu a concessão, ficou com o dinheiro, não aplicou na água e o problema ficou para o município. O prefeito Alfredo não enfrentou o problema. Nem o Carijó. Quando eu cheguei à prefeitura, havia uma bomba armada na minha cadeira. Nós tivemos que repactuar o contrato e exigir que a empresa fizesse investimentos. Obrigamos a concessionária a colocar R$ 100 milhões em 38 quilômetros de adutoras, 11 reservatórios, aumento de 40% da capacidade de captação de água, construção de poços e estações elevatórias, que hoje já resolveu o problema de milhares de pessoas. Mas esse é um programa que vai até o final do ano.

    UOL - O senhor assumiu em 2005 e essa bomba estava armada. Por que essas obras só foram iniciadas em 2007?


    Serafim

    - Porque o contrato dizia que tinha que esperar até julho de 2006, quando seria feita a primeira avaliação do plano de metas da empresa.

    UOL - O senhor vem sendo muito criticado por conta do grande número de buracos nas ruas da cidade. Houve falhas no planejamento da conservação das vias?


    Serafim

    - Primeiro que Manaus não tem tantos buracos quanto se diz. Segundo que temos que procurar a série histórica. Manaus tem seis meses de chuva e seis meses de seca. Nos bairros oriundos de invasões, onde as administrações passadas retiraram a camada vegetal das vias e imprimiram uma capa asfáltica sem um tubo sequer para drenar a água da chuva, é óbvio que a condição das ruas nesses locais é complicada.

    Além disso, temos que levar em conta que, nos últimos três anos e meio, 120 mil novos carros foram incrementados à frota da cidade. Então esses bairros sofreram com esse problema. Hoje a realidade é bem melhor que nos anos anteriores. Esse problema está equacionado. No entanto, será a dor de cabeça dos próximos 10 prefeitos porque, enquanto não for feita drenagem na cidade inteira, esse asfalto mal-feito, que foi a regra durante tanto tempo, não vai resistir.

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