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24/10/2008 - 09h04

PT enfrenta base aliada em 30% das cidades com 2º turno

Maurício Reimberg
Em São Paulo
Em nove cidades, num total de 30 locais que terão segundo turno, o PT vai enfrentar partidos da base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nestas eleições. O número de disputas entre petistas e demais aliados do governo federal é superior aos confrontos entre o PT e a oposição - seis no total. A votação decisiva acontece neste domingo (26).

A base de apoio de Lula no Congresso Nacional reúne uma legião de 16 partidos. São: PT, PMDB, PSB, PDT, PC do B, PRB, PR, PP, PTB, PV, PSC, PMN, PHS, PT do B, PTC e PRTB. A oposição é formada por PSDB, DEM, PPS e PSOL, que faz uma crítica de "esquerda" ao governo.

Arte UOL

Salvador (BA), Porto Alegre (RS), Anápolis (GO), Canoas (RS), Mauá (SP), Pelotas (RS), Petrópolis (RJ), São José do Rio Preto (SP) e Santo André (SP) vivem confrontos entre PT e partidos da base aliada neste segundo turno. Os adversários mais recorrentes dos petistas são o PMDB e o PSB, com três disputas cada.

Para o cientista político Carlos Melo, do Ibmec-SP, o principal problema para o governo são os embates contra os peemedebistas, um "campo em disputa" para as eleições presidenciais de 2010. "O PMDB, de uma forma geral, sai bastante forte no segundo turno e não cobra uma fatura baixa", afirma. Segundo ele, será preciso que as lideranças nacionais entrem em campo para negociar um "armistício" pós-eleição. "Depois de uma eleição municipal, é normal no Brasil ter um rearranjo que desemboca numa reforma ministerial", prevê.

O PT é o partido com mais candidatos neste segundo turno. Ao todo, a legenda concorre em 15 cidades. O PMDB concorre com 12 candidatos e o PSDB com 10. Apesar dos diversos confrontos dentro da própria base aliada, o duelo que mais se repete é o tradicional PT versus PSDB. A disputa ocorre em quatro cidades. Já o DEM, opositor mais ferrenho do governo Lula, é adversário dos petistas em apenas dois municípios.

Palco

Ao todo, oito de um total de 11 capitais onde irá ocorrer segundo turno sediam confrontos entre a base aliada. São: Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Florianópolis, Macapá, Manaus e Belém. Apenas três capitais reproduzem a polarização entre governo e oposição em nível local: São Paulo, Cuiabá e São Luís.

Para Carlos Melo, Salvador vive o duelo mais delicado para o governo Lula, numa espécie de preparatório para 2010. O candidato à reeleição João Henrique Carneiro (PMDB) e o deputado federal Walter Pinheiro (PT) reivindicam o apoio do presidente. João Henrique é ligado ao ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional). "É um problema sério. É um ministro muito forte do governo Lula, com controle de base bastante ampla do PMDB. E que até pouco tempo atrás era oposição".

DISPUTA

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Segundo o Datafolha, o atual prefeito João Henrique atinge 50% das intenções de voto contra 40% de Walter Pinheiro. Cinco ex-governadores da Bahia se uniram numa frente "anti-PT": Paulo Souto (DEM), João Durval Carneiro (PDT), César Borges (PR), Nilo Coelho (PP) e Lomanto Júnior (PMDB).

O PT luta para chegar pela primeira vez à Prefeitura de Salvador. Pinheiro, com o aval do governador Jaques Wagner (PT), é uma das principais apostas da legenda neste segundo turno. O partido é o mais bem sucedido nas capitais - levou seis delas no primeiro turno -, mas quer uma vitória de peso no dia 26 para mostrar força política numa disputa estratégica.

APOIO

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Já em Porto Alegre, o candidato à reeleição José Fogaça (PMDB) lidera a disputa desde o primeiro turno, e pode superar o PT na capital gaúcha, administrada pelo partido durante 16 anos (1989-2004). Pesquisa Datafolha aponta o atual prefeito com 51%, à frente de Maria do Rosário (PT), que tem 37%. Além de Salvador e Porto Alegre, PMDB e PT concorrem à Prefeitura de Anápolis, em Goiás.

Exceção

São Paulo apresenta um dos raros confrontos entre PT e DEM neste segundo turno. O prefeito Gilberto Kassab (DEM) desponta com 54% das intenções de voto ante 36% de Marta Suplicy (PT) na capital paulista. A ex-ministra liderou as pesquisas durante todo o primeiro turno, mas foi superada pelo candidato à reeleição na reta final (33% a 32%). Outro duelo entre os dois partidos acontece em Joinville.
  • João Marcos Rosa/Folha Imagem

    O empresário Marcio Lacerda (PSB) representa a união "informal" entre PT e PSDB em Belo Horizonte


    Apesar de reunir duas siglas da base aliada, o Rio vive uma situação particular. Fernando Gabeira (PV) tem como candidato a vice o tucano Luiz Paulo Corrêa da Rocha. Ele também teve a adesão do DEM do atual prefeito Cesar Maia. Já Paes caminha ao lado do PT e aposta na proximidade com o governador Sérgio Cabral e com o presidente Lula. Quando ainda era filiado ao PSDB, o candidato chegou a chamar Lula de "chefe da quadrilha" do "mensalão". Segundo o Datafolha e o Ibope, os dois candidatos estão empatados.

    Em Belo Horizonte, o quadro político embaralhou tendências distintas. O acordo selado pelo governador de Minas Gerais, o tucano Aécio Neves, e o prefeito da capital, o petista Fernando Pimentel, alavancou a candidatura do empresário Marcio Lacerda, numa aliança "informal" entre PT e PSDB. Após Leonardo Quintão (PMDB) surpreender e levar a disputa para o segundo turno, o socialista parece recuperar terreno. Na última pesquisa Datafolha, Lacerda subiu oito pontos percentuais e agora tem 45% ante 40% de Quintão.

    Os candidatos intensificaram os ataques no segundo turno. Quintão tenta associar Lacerda ao episódio do "mensalão". Já o socialista o acusa de ser "desonesto e manipulador". Neste segundo turno, o marqueteiro político Duda Mendonça entrou na campanha de Lacerda como "consultor para fornecer análise crítica".

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