O radialista Roberto Accioli (PV), 49, campeão de votos na disputa à Câmara Municipal de Curitiba, com 17.337 eleitores, foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná por homicídio qualificado em agosto deste ano - dois meses antes da eleição.
Accioli, cujo nome verdadeiro é José Roberto dos Santos, é acusado de matar o engraxate Paulo César Heider, o Paulinho, em dezembro de 1999, com um tiro na cabeça.
Paulinho seria um dos suspeitos de assaltar a loja de celulares da esposa do radialista, localizada no centro da capital do Paraná. Accioli teria decidido, à época, investigar o crime por conta própria e chegou a Paulinho através de informações de um serviço de rádio-táxi.
Com a ajuda de um amigo, Accioli teria então interceptado o táxi que levava o engraxate ao bairro Fazendinha, na região sul da cidade, e o obrigado a sair do carro.
Segundo o taxista ouvido pelo jornal "Gazeta do Povo", Paulinho teria sido agredido com socos e pontapés, e em seguida assassinado com um tiro na cabeça. O engraxate ainda foi socorrido pelo Siate - serviço de ambulância do governo -, mas não resistiu ao ferimento.
Accioli se apresentou à polícia dois dias depois e confessou ter atirado no engraxate. O radialista entregou às autoridades a arma usada no crime - um revólver calibre 38 -, mas alegou que o tiro foi disparado de forma acidental quando Paulinho, tentando fugir, deu-lhe uma cotovelada no estômago.
Procurado pela reportagem, o candidato eleito se disse surpreso com a forma como o caso veio à tona e acusou adversários políticos. "É uma coisa que aconteceu em 1999. Alguma pessoa de má-fé está usando isso contra mim", afirmou ele à "Gazeta do Povo". "Antes da eleição ninguém falou disso. Por que só agora?"
De acordo com o Ministério Público, a lentidão da Delegacia de Homicídios na investigação explica o período de nove anos necessário para que a denúncia fosse oferecida à Justiça.
Segundo o MP, os socorristas do Siate e os policiais militares que atenderam a vítima só foram ouvidos em 2005 e afirmaram já não se lembrar mais dos acontecimentos. A polícia ainda solicitou a prorrogação do prazo de conclusão do inquérito por mais de dez vezes.
Accioli é radialista e apresentador do programa "190 Urgente" na Rede CNT, especializado em casos policiais. Candidato a vereador pelo PV, Accioli explorou a fama na televisão utilizando o número 43190, em clara referência ao televisivo e ao telefone de emergência da polícia.
Caso seja processado pela Justiça após tomar posse na Câmara, Accioli não terá foro privilegiado. O expediente é reservado para deputados estaduais e federais, senadores, prefeitos, governadores e ao presidente da República.
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