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11/07/2008 - 19h42

Candidato 'histórico', comunista Gomyde diz que irá surpreender em Curitiba

Marcus Vinicius Gomes
Especial para UOL
Em Curitiba
Para quem lembra que a única pesquisa até agora sobre a sucessão municipal em Curitiba, divulgada em junho pelo instituto Alvorada de Londrina, mostrou o candidato do PC do B, Ricardo Gomyde, 38 anos, com 0,1% na preferência dos eleitores, ele contra-argumenta que pesquisa é sempre uma "fotografia" do momento eleitoral.

O PC do B disputa pela primeira vez na história uma eleição majoritária na capital paranaense. Até aqui, o partido havia se consolidado como um aliado de primeira hora do PMDB e do PT, ao longo dos últimos anos. O que mudou?
  • Divulgação

    Ricardo Gomyde (braços cruzados) durante a convenção do PC do B


    Gomyde diz que foi a conjuntura e o cenário político. A eleição de Lula à presidência da República aliada ao preenchimento de cargos por petistas fez com que o PC do B fosse rebaixado da condição de parceiro preferencial na aliança de esquerda para a de mero coadjuvante.

    Gomyde afirma que a decisão do partido de construir um "projeto próprio" teve início na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados, quando o PT decidiu não apoiar o então presidente da Casa, Aldo Rebelo (PC do B - SP) e lançar a candidatura do petista Arlindo Chinaglia, que acabaria por ser eleito.

    No Paraná, o partido manteve-se fiel ao PT até as eleições de 2004, quando o deputado petista Ângelo Vanhoni foi derrotado por Beto Richa (PSDB) nas eleições da capital.

    Gomyde diz que a disputa à prefeitura de Curitiba neste momento consolida um projeto abortado em 1996, quando então ocupando uma vaga na Câmara Federal, acatou decisão da direção nacional e desistiu da disputa à prefeitura para ser o vice do mesmo Vanhoni, que então concorria ao cargo pela primeira vez. "Foi uma decisão equivocada", admite.

    No primeiro debate entre os candidatos, ocorrido no último domingo (6) em local inusitado - o Salão Paroquial da Igreja do Barreirinha -, Gomyde foi acusado de ter "tucanado" ao evitar críticas à administração do prefeito Beto Richa e preferir apresentar propostas para a cidade.

    "O Rasca Rodrigues (secretário estadual do Meio Ambiente e coordenador de campanha do peemedebista Carlos Moreira) ficou às minhas costas mandando eu 'dar pau' no Richa, mas eu não estava lá para isso. Não sou o 'laranja' que eles esperavam", afirmou.

    O CANDIDATO

    • NOME: Ricardo Gomyde
    • IDADE: 38
    • PARTIDO: PC do B
    • CARGO: Gestor público

    A aproximação de Gomyde com o governo Requião, contudo, é inegável. Desde 2003, o comunista já ocupou a presidência da Paraná Esporte, órgão da administração estadual, por duas vezes. Deixou o cargo para disputar uma vaga na Câmara Federal em 2006 e no início do mês passado para concorrer à prefeitura.

    No lançamento da campanha, ocorrido em um hotel no centro de Curitiba, Gomyde exibiu um vídeo em que o governador Roberto Requião e o vice Orlando Pessuti prestavam seu apoio ao candidato.

    Gomyde não nega sua ligação com o governo, mas sustenta que a sua candidatura neste momento tem o propósito de fortalecer o partido. "No primeiro momento, nosso objetivo é ampliar a bancada na Câmara Municipal, que conta apenas com um vereador. No segundo momento é dar visibilidade ao partido. Creio que há um vácuo na esquerda brasileira e acho que o PC do B pode ocupar esse espaço".

    O projeto para 2010 também é ambicioso. O PC do B espera convencer o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) a se filiar ao partido e encabeçar o bloco das esquerdas na disputa à presidência da República.

    O "bloquinho" formado por PDT, PSB, PPS e pelo próprio PC do B já trabalha unido em algumas capitais e, caso se confirme, o Paraná poderá ver o partido apoiando, pela força da verticalização, a candidatura ao governo do senador Osmar Dias (PDT) que, há dois anos, foi inimigo figadal do PC do B. "É um cenário novo que nós não podemos deixar de vislumbrar", assinala Gomyde.

    Questionado sobre o quadro eleitoral imediato, o candidato diz que o PC do B confia na militância e no discurso diferenciado para chamar a atenção do eleitorado e ganhar pontos nas pesquisas de opinião.

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