Em seu primeiro discurso com prefeito recém-eleito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), disse que a sua vitória representa o ineditismo e garantiu que a aliança feita em torno do seu nome representa um rompimento com a política anteriromente praticada em Minas Gerais e no Brasil. "Esse é um processo [aliança PT e PSDB] que foi construído quebrando uma série de paradigmas não só da política mineira mas da política nacional".

Em seu comitê de campanha, ladeado pelo governador de Minas, Aécio Neves (PSDB) e pelo atual prefeito de Belo Horizonte, Lacerda afirmou ter enfrentando um segundo turno "duramente disputado" e garantiu que a sua administração será de "continuidade" da gestão do prefeito Pimentel.

No entanto, Lacerda asseverou não ter colocado como condicionante ao receber apoios a promessa de cargos na prefeitura.

"Nós não temos nenhum compromisso político-partidário de loteamento de cargo na prefeitura. Nós faremos uma administração pautada por uma construção de uma equipe que seja escolhida naturalmente, baseada em compromissos, mas tendo como norte a competência técnica e uma vida pautada pela ética", anunciou.

O socialista adotou tom conciliatório em relação a Quintão, apesar da troca intensa de acusações durante o segundo turno, e disse ter recebido congratulações do adversário. "Ele saiu maior do que entrou nessa campanha", elogiou Lacerda ao revelar ter recebido telefonema de Quintão parabenizando-o pela conquista. "Serei prefeito de todos os belo-horizontinos, certamente de todos independente de suas preferências eleitorais manifestadas nesta oportunidade. Saio da campanha sem nenhuma mágoa", completou.

No entanto, Lacerda fez questão de frisar agradecimento a líderes religiosos. Quintão é ligado aos evangélicos e o seu vice, Eros Biondini, ao movimento de renovação carismática da Igreja Católica.

"Quero agradecer também aos líderes religiosos que souberam compreender a necessidade de termos em Belo Horizonte uma gestão que respeite a liberdade das religiões e saiba compartilhar com todas elas a assistência do trabalho social", disse.

Lacerda elogiou também o trabalho do TRE-MG (Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais) que, segundo ele, "soube administrar todos os conflitos".

Pimentel

O prefeito, que foi bastante criticado durante o processo de aliança com o PSDB, que culminou na indicação de Lacerda, adotou também um discurso sem acirramento de ânimos e atribuiu a vitória da aliança à "generosidade e ao espírito público" dele próprio e de Aécio Neves, que abriram mão de lançar candidatos em favor do socialista, segundo disse o prefeito. "Eu me considero amplamente contemplado do ponto de vista político nessas eleições", disse.

Pimentel não quis comentar eleições de outras localidades onde o PT não conseguiu fazer prefeitos e abriu espaço para diálogo com a direção nacional petista, que havia proibido a participação do PSDB na chapa de Lacerda. "Cabe agora à direção nacional do PT abrir um processo de debate interno de reflexão para avaliar as táticas que foram adotadas. Saio desse processo eleitoral com a alma em paz", disse o prefeito.

Apontado como um dos concorrentes ao cargo de governador do Estado nas eleições de 2010, Pimentel tentou distinguir o processo eleitoral municipal do pleito seguinte. "Nós demos um exemplo aqui que é possível fazer uma construção política que, ao final, também é uma construção eleitoral, mas que visa só o interesse das pessoas comuns, o interesse de Belo Horizonte e mais amplificado pode servir ao interesse de Minas Gerais e do Brasil. O sucesso desta construção é o suficiente para me gratificar", concluiu.

Segundo a Polícia Militar, cerca de 800 pessoas, entre militantes, familiares e políticos festejaram a eleição de Lacerda. O quarteirão onde está localizado o comitê de campanha foi fechado para a comemoração.

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