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15/10/2008 - 17h42

Em debate da Folha de S.Paulo, Lacerda e Quintão trocam acusações e atacam biografia do adversário

Rayder Bragon
Especial para o UOL
Em Belo Horizonte

Assista à íntegra do debate

Os candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte Marcio Lacerda (PSB) e Leonardo Quintão (PMDB) trocaram acusações durante sabatina promovida pelo jornal Folha de S.Paulo, nesta quarta-feira (15), em Belo Horizonte. Em mais de duas horas, Lacerda e Quintão procuraram atacar, de forma direta ou indireta, a biografia do adversário ao mesmo tempo em que se defendiam de acusações.

Os dois se enfrentam no segundo turno da eleição municipal de Belo Horizonte. O peemedebista e o socialista tiveram de explicar recentes episódios ocorridos na campanha do segundo turno que acirraram a corrida à prefeitura da capital mineira.

Quintão foi o primeiro a ser questionado pelos jornalistas sobre vídeo veiculado pela campanha de Lacerda no qual aparece dizendo que iria "chutar a bunda dos adversários" durante campanha em Ipatinga, cidade mineira administrada por seu pai, Sebastião Quintão. Ele não considerou inapropriada a sua atitude e reclamou de a gravação ter sido utilizada pelo adversário.

Assista comentário de Júlio Veríssimo

"Eu não falei que ia matar, que ia pisar no pescoço", disse Quintão em alusão à frase de Lacerda que prometeu utilizar-se do artifício quando encontrasse os autores de cartazes espalhados pela cidade no primeiro turno que o associavam ao escândalo do mensalão.

"Ela [gravação] foi capturada ilegalmente de uma câmera de segurança da Câmara dos Vereadores de Ipatinga", contou. O candidato atribuiu o episódio ao seu caráter "brincalhão" e a time de futebol adversário que havia prometido "chutar a bunda" da equipe para qual Quintão torce. O peemedebista classificou o episódio de "um momento de descontração gostoso".

Ao ter sua campanha comparada com a que foi feita pelo ex-presidente Fernando Collor, considerado um fenômeno da mídia e que fazia promessas generalistas, Quintão se exaltou. "Isso é o senhor que está dizendo, eu fui vereador em Belo Horizonte, fui deputado estadual e sou deputado federal, conheço muito bem como funcionam as secretarias da prefeitura", respondeu.

Mensalão



  • Rodrigo Clemente/O Tempo/Folha Imagem

    Quintão e Lacerda trocam acusações durante debate da Folha de S.Paulo nesta quarta-feira (15)

Já Marcio Lacerda (PSB) foi confrontado sobre suposto pagamento de despesas de campanha do então candidato Lula, feitas no Ceará, no segundo turno da eleição presidencial de 2002, com recurso oriundo do denominado "valerioduto" (nome pelo qual ficou conhecido o esquema de irrigação financeira do mensalão).

Lacerda, em sua defesa, disse ter sido voto vencido dentro da coordenação de campanha. Ele afirmou ter tido a vontade de debater o assunto no primeiro turno da eleição municipal. Segundo o candidato, ele apenas havia sido o intermediário no episódio.

"[...] Liguei para o pessoal do PT e disse que havia um pagamento em aberto. Me deram o telefone dele [Marcos Valério, acusado de ser o operador do escândalo], entrei em contato e marquei encontro com ele e o marqueteiro da campanha de Ciro Gomes [candidato derrotado que havia apoiado Lula no segundo turno em 2002] [...] e aquele assunto para mim desapareceu [...]. Não sei por que cargas d'água o Marcos Valério enfiou o meu nome lá no meio da lista", defendeu-se. Lacerda disse ter Marcos Valério, pessoalmente, isentado-o de culpa no escândalo.

Preso comum



O socialista aproveitou para acusar Quintão de ter cometido um "erro monstruoso" ao dizer em entrevista que ele havia sido um detento comum e, não, um preso político, durante a ditadura militar (Lacerda foi preso durante o regime ditatorial) e disse ser o peemedebista desconhecedor da história do Brasil.

  • Rodrigo Clemente/O Tempo/Folha Imagem

    Lacerda acusou Quintão de ter cometido um "erro monstruoso" ao dizer em entrevista que ele havia sido um detento comum e, não, um preso político, durante a ditadura militar

"Acho até difícil que ele possa acreditar no que ele falou. [...] Revela, no mínimo, o seu desconhecimento de história. [...] Você cometeu um erro muito grave e ele terá conseqüências muito sérias na sua biografia', reclamou. Quintão demonstrou insegurança ao tentar argumentar com o adversário.

"[...] Só posso falar o que é oficial, o que eu li foi isso", desconversou Quintão. Em outro momento, ao ser questionado sobre acusação feita à atual administração do PT na prefeitura da cidade. No plano de governo do peemedebista, há citação de que o governo petista "utiliza métodos clientelistas e coloca as licitações sob permanente suspeição". O candidato citou, após ser pressionado, "a do lixo, por exemplo, que já está há seis anos sem licitação".

Já Lacerda rechaçou ter sido ajudado pelos militares do período da ditadura em seus negócios empresariais. A reboque, ele criticou o partido de Quintão ao ser perguntado sobre frase que teria dito sobre o adversário, que eventual triunfo do concorrente será "a vitória de velhas práticas políticas".

"Nós sabemos que o PMDB são vários PMDB's pelo país afora, não é um partido que tem um comando centralizado, o PMDB sobrevive muito sob o controle de caciques locais. O PMDB de Belo Horizonte não tem uma boa história", acusou. Ao ser lembrado que o partido apóia Aécio Neves no Estado, Lacerda disse que o governador tem uma ampla aliança no estado. "Não faço reparo aos deputados que o apóiam na Assembléia que são do PMDB", consertou. No entanto, ele garantiu ser um "retrocesso" a possível vitória do oponente.

Quintão, por sua vez, ironizou uma resposta de Lacerda sobre orçamento da prefeitura da cidade, que segundo o socialista, havia sido divulgado por equipe da prefeitura em resposta a questionamento anterior feito pelo peemedebista. "Engraçado como são as coisas, é a equipe da prefeitura que responde pelo candidato", alfinetou.

Campanhas



Apesar de garantir que não iria retaliar provocações de Marcio Lacerda, Quintão alfinetou o adversário, já no início do encontro. "O PMDB foi o único partido nestas eleições que teve uma convenção partidária. Eu tive a alegria de concorrer numa convenção partidária contra o meu colega o deputado Sávio Souza Cruz", disse.

Em resposta, Lacerda explicou que a sua indicação, moldada pelo governador Aécio Neves (PSDB) e o prefeito Fernando Pimentel (PT), também havia passado pelo crivo das convenções e não foi uma imposição dos seus principais cabos eleitorais.

"O pessoal de esquerda social-democrata mais inteligente está sempre procurando conversar, e isso aconteceu em Belo Horizonte [...]. Não foi uma decisão de caciques porque os partidos, naturalmente, fizeram as suas convenções, dentro do PT houve uma disputa muito acirrada [...] houve propostas de vários tipos, mas essa [indicação da chapa Lacerda/Roberto Carvalho-PT] foi a que prevaleceu dentro do PT e também no PSDB", explicou.

Sobre a pesquisa Ibope divulgada nesta quarta-feira (15), que aponta liderança do peemedebista, Lacerda buscou atenuar a vantagem do adversário. "A vontade do eleitor é muito volátil numa eleição municipal, ao contrário de uma eleição para governador ou para presidente [...]. Às vezes, uma conversa dentro do ônibus muda o voto", ponderou.

Ao mesmo tempo em que admitiu falhas de coordenação de campanha no primeiro turno, o socialista tentou minimizar os efeitos negativos de não ter sido eleito já na primeira etapa, quando a maioria de pesquisas dava como certa a sua vitória.

Evolução



  • Rodrigo Clemente/O Tempo/Folha Imagem

    Quintão ironizou uma resposta de Lacerda sobre orçamento da prefeitura da cidade, que segundo o socialista, havia sido divulgado por equipe da prefeitura em resposta a questionamento anterior feito pelo peemedebista

"Nós tivemos um crescimento muito rápido e estacionamos nos 40% das intenções de votos e não avançamos. Naturalmente, alguns erros nós cometemos pela estratégia de campanha, mas felizmente eu cheguei ao segundo turno sem nenhuma experiência anterior de tribuna, de oratória e debates", avaliou.

"Infelizmente fui alvo de uma campanha difamatória, de baixo nível, que circulou na Internet, em cartazes colados nos postes de rua, na madrugada, com a minha foto e [os dizeres] procura-se. E isso, em pesquisas que nós fizemos, prejudicou muito a minha imagem", disse.

Quintão atribuiu a sua assunção ao segundo turno à estratégia adotada por ele ao dispensar o aparato que envolve a produção dos programas eleitorais. "Deixa eu falar do meu jeito. Deixa eu expor as propostas do jeito que eu conheço, aí tiramos teleprompter [vídeo no qual se lê o texto a ser apresentado] e começamos a expor a minhas propostas", disse.

Perguntas entre si



Marcio Lacerda questionou Quintão se ele havia validado no Brasil o diploma do curso de administração que fez no exterior e também colocou em dúvida a eficácia do curso do adversário e colocou em dúvida se a validação poderia ser feita no país. "Não sei nem como se faz isso", respondeu o peemedebista, arrancando risos da platéia.

Quintão, por sua vez, questionou a experiência administrativa de Lacerda. No final, os candidatos responderam a questões formuladas pela platéia e participaram de um pinga-fogo com temas universais como aborto, união entre homossexuais e sexo antes do casamento.

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