Ausente em mais um debate entre candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), foi alvo preferencial de concorrentes, que revelaram ser o socialista possuidor de um passivo relativo a dívidas trabalhistas e até uma execução fiscal cobrada na justiça pela Prefeitura de Belo Horizonte contra a empresa Construtel S/A, ex-empreendimento de Lacerda voltado à área de telecomunicações.
Outro candidato que não compareceu ao debate promovido pela rádio CBN de Belo Horizonte e pela PUC-MG, nesta sexta-feira (12), foi o candidato André Alves (PT do B).
A ex-empresa do candidato apoiado pelo governador Aécio Neves (PSDB) e pelo prefeito Fernando Pimentel (PT) teria um débito já inserido na dívida ativa e calculado em R$ 1,5 milhão (valores atuais). Ele estaria sendo cobrado desde 2005 pela Fazenda Pública de Belo Horizonte, segundo Jô Moraes revelou em seu discurso.
"Essa informação nos chegou, e eu considero que é fundamental que o candidato, nesta oportunidade, esclarecesse essa questão. Evidentemente que eu gostaria de ter perguntado a ele para que ele tivesse o direito de se defender", disse Jô Moraes.
Para Jô Moraes, a recusa de Lacerda em participar de debates com estudantes (sétimo debate no qual Lacerda não comparece) a frustrou.
"Nós precisamos muito que ele [Lacerda] se disponha a vir. Estava guardando essa informação para fazer a pergunta diretamente a ele. Porém nesse caso, eu tive que colocar a questão publicamente para que ele venha de público e responda. Posso estar enganada, mas ele precisa se explicar", argumentou.
Jô Moraes disse ainda que a propaganda do socialista no rádio e na TV reflete uma imagem errônea para o eleitorado.
"O que nós não podemos é conviver com uma informação dessas [dívida com a prefeitura] e, ao mesmo tempo, ver no programa de televisão [de Lacerda] uma outra realidade. A imagem do bom empresário se confronta com a questão dessa dívida", avaliou.
Dívida trabalhistaEm outra acusação, Vanessa Portugal (PSTU), também fez críticas à ausência do socialista e revelou à platéia a existência de cerca de 300 ações trabalhistas contra a ex-empresa de Lacerda, a maioria reclamada por ex-funcionários que pleiteavam o pagamento de insalubridade, que não teria sido feito pela Construtel S/A, segundo a candidata.
Marcio Lacerda havia utilizado em programa de campanha depoimentos de ex-funcionários que enalteceram a maneira arrojada de Lacerda na condução dos negócios e na relação amistosa com os empregados.
Lacerda lidera as
pesquisas de intenção de voto feitas na capital mineira e as projeções indicam vitória do socialista já no primeiro turno.
ContestaçãoO candidato Marcio Lacerda, por meio de nota de sua assessoria, rechaçou as acusações e disse que se trata de "uma tentativa desesperada de confundir o eleitor".
Conforme o comunicado, a Construtel S/A contesta na justiça a execução fiscal feita pela prefeitura.
Segundo o texto, a empresa obteve sentença favorável em primeira instância. Por sua vez, a prefeitura recorreu ao STF (Supremo Tribunal Federal) e ao STJ (Superior Tribunal de Justiça). A empresa obteve ganho de causa no Supremo e aguarda a decisão do STJ, segundo a nota.
A nota ainda ressaltou ter sido o valor cobrado pela Prefeitura de Belo Horizonte depositado em juízo.
"Trata-se de questão judicial rotineira no mundo empresarial, uma vez que a legislação tributária brasileira é complexa e dá margem a várias interpretações. É direito dos envolvidos discutirem seus direitos na Justiça".
Em relação aos processos trabalhistas, o comunicado esclarece que a empresa, pelo volume de empregos diretos e indiretos que gerava, não ficou imune às ações de ex-empregados.
"A Construtel atuava em 16 estados brasileiros e em 120 obras simultâneas, com mais de 5 mil empregos diretos e outros 10 mil indiretos. Em empresas desta dimensão, com tamanha rotatividade de pessoal, é inevitável que surjam algumas reclamações trabalhistas. Cabe aos envolvidos nas desavenças trabalhistas buscarem seus direitos na Justiça", revela a nota.
O comunicado acusa adversários de Lacerda de estarem criando "factóides" com o intuito de tentar confundir o eleitor.
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