Em nove cidades, num total de 30 locais que terão segundo turno, o PT vai enfrentar partidos da base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nestas eleições. O número de disputas entre petistas e demais aliados do governo federal é superior aos confrontos entre o PT e a oposição - seis no total. A votação decisiva acontece neste domingo (26).
A base de apoio de Lula no Congresso Nacional reúne uma legião de 16 partidos. São: PT, PMDB, PSB, PDT, PC do B, PRB, PR, PP, PTB, PV, PSC, PMN, PHS, PT do B, PTC e PRTB. A oposição é formada por PSDB, DEM, PPS e PSOL, que faz uma crítica de "esquerda" ao governo.
Salvador (BA), Porto Alegre (RS), Anápolis (GO), Canoas (RS), Mauá (SP), Pelotas (RS), Petrópolis (RJ), São José do Rio Preto (SP) e Santo André (SP) vivem confrontos entre PT e partidos da base aliada neste segundo turno. Os adversários mais recorrentes dos petistas são o PMDB e o PSB, com três disputas cada.
Para o cientista político Carlos Melo, do Ibmec-SP, o principal problema para o governo são os embates contra os peemedebistas, um "campo em disputa" para as eleições presidenciais de 2010. "O PMDB, de uma forma geral, sai bastante forte no segundo turno e não cobra uma fatura baixa", afirma. Segundo ele, será preciso que as lideranças nacionais entrem em campo para negociar um "armistício" pós-eleição. "Depois de uma eleição municipal, é normal no Brasil ter um rearranjo que desemboca numa reforma ministerial", prevê.
O PT é o partido com mais candidatos neste segundo turno. Ao todo, a legenda concorre em 15 cidades. O PMDB concorre com 12 candidatos e o PSDB com 10. Apesar dos diversos confrontos dentro da própria base aliada, o duelo que mais se repete é o tradicional PT versus PSDB. A disputa ocorre em quatro cidades. Já o DEM, opositor mais ferrenho do governo Lula, é adversário dos petistas em apenas dois municípios.
PalcoAo todo, oito de um total de 11 capitais onde irá ocorrer segundo turno sediam confrontos entre a base aliada. São: Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Florianópolis, Macapá, Manaus e Belém. Apenas três capitais reproduzem a polarização entre governo e oposição em nível local: São Paulo, Cuiabá e São Luís.
Para Carlos Melo, Salvador vive o duelo mais delicado para o governo Lula, numa espécie de preparatório para 2010. O candidato à reeleição João Henrique Carneiro (PMDB) e o deputado federal Walter Pinheiro (PT) reivindicam o apoio do presidente. João Henrique é ligado ao ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional). "É um problema sério. É um ministro muito forte do governo Lula, com controle de base bastante ampla do PMDB. E que até pouco tempo atrás era oposição".
DISPUTA
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Segundo o Datafolha, o atual prefeito João Henrique atinge 50% das intenções de voto contra 40% de Walter Pinheiro. Cinco ex-governadores da Bahia se uniram numa frente "anti-PT": Paulo Souto (DEM), João Durval Carneiro (PDT), César Borges (PR), Nilo Coelho (PP) e Lomanto Júnior (PMDB).
O PT luta para chegar pela primeira vez à Prefeitura de Salvador. Pinheiro, com o aval do governador Jaques Wagner (PT), é uma das principais apostas da legenda neste segundo turno. O partido é o mais bem sucedido nas capitais - levou seis delas no primeiro turno -, mas quer uma vitória de peso no dia 26 para mostrar força política numa disputa estratégica.
APOIO
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Já em Porto Alegre, o candidato à reeleição José Fogaça (PMDB) lidera a disputa desde o primeiro turno, e pode superar o PT na capital gaúcha, administrada pelo partido durante 16 anos (1989-2004).
Pesquisa Datafolha aponta o atual prefeito com 51%, à frente de Maria do Rosário (PT), que tem 37%. Além de Salvador e Porto Alegre, PMDB e PT concorrem à Prefeitura de Anápolis, em Goiás.
ExceçãoSão Paulo apresenta um dos raros confrontos entre PT e DEM neste segundo turno. O prefeito Gilberto Kassab (DEM)
desponta com 54% das intenções de voto ante 36% de Marta Suplicy (PT) na capital paulista. A ex-ministra liderou as pesquisas durante todo o primeiro turno, mas foi superada pelo candidato à reeleição na reta final
(33% a 32%). Outro duelo entre os dois partidos acontece em Joinville.
Apesar de reunir duas siglas da base aliada, o Rio vive uma situação particular. Fernando Gabeira (PV) tem como candidato a vice o tucano Luiz Paulo Corrêa da Rocha. Ele também teve a adesão do DEM do atual prefeito Cesar Maia. Já Paes caminha ao lado do PT e aposta na proximidade com o governador Sérgio Cabral e com o presidente Lula. Quando ainda era filiado ao PSDB, o candidato chegou a chamar Lula de "chefe da quadrilha" do "mensalão". Segundo o Datafolha e o Ibope, os dois candidatos estão
empatados.
Em Belo Horizonte, o quadro político embaralhou tendências distintas. O acordo selado pelo governador de Minas Gerais, o tucano Aécio Neves, e o prefeito da capital, o petista Fernando Pimentel, alavancou a candidatura do empresário Marcio Lacerda, numa aliança "informal" entre PT e PSDB. Após Leonardo Quintão (PMDB) surpreender e levar a disputa para o segundo turno, o socialista parece recuperar terreno. Na última
pesquisa Datafolha, Lacerda subiu oito pontos percentuais e agora tem 45% ante 40% de Quintão.
Os candidatos intensificaram os ataques no segundo turno. Quintão tenta associar Lacerda ao episódio do "mensalão". Já o socialista o acusa de ser "desonesto e manipulador". Neste segundo turno, o marqueteiro político
Duda Mendonça entrou na campanha de Lacerda como "consultor para fornecer análise crítica".