Na antiga capital do Brasil, que concentra cerca de 270 mil servidores federais e estaduais, a candidatura de Eduardo Paes (PMDB) enfrenta a revolta do serviço público. Na quinta (23), cerca de 200 servidores da Polícia Civil e das áreas de saúde e educação do Estado do Rio de Janeiro marcharam nas ruas próximas ao prédio onde mora o governador Sérgio Cabral (PMDB). Como na paralisação do funcionalismo do judiciário, na quarta (22), os manifestantes levaram faixas com a mensagem "Servidor: não vote nos candidatos do PMDB".

"No primeiro turno das eleições municipais do Estado do Rio, os apoiadores de Cabral sofreram muitas derrotas, o que enfraqueceu politicamente o governador. Ele conta com a eleição de seu aliado Eduardo Paes, no Rio de Janeiro, para minimizar os efeitos da derrota eleitoral, que enfraqueceram sua influência política", explicou, por meio de nota, o Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais do Rio de Janeiro, que reivindica a unificação da data-base, a reposição de 66% sobre o vencimento básico inicial e a incorporação das gratificações.

O Movimento também lembrou o episódio em que o governador chamou médicos do serviço estadual de saúde de "vagabundos": "O governador Sérgio Cabral não cumpriu suas promessas feitas na campanha eleitoral (registradas em documento e vídeo). Faltou com o decoro em declarações públicas com palavras ofensivas aos médicos do serviço público e mostra-se inapto para estabelecer negociações sérias com os servidores públicos estaduais".

Policiais militares formaram uma barreira na esquina da Avenida Delfim Moreira com a Rua Aristides Spíndola, no Leblon, para impedir que manifestantes chegassem à porta de Cabral. Com isso, eles encerraram a caminhada. No mesmo dia, à tarde, servidores do Judiciário estadual ocuparam as escadarias da Assembléia Legislativa (Alerj), novamente com faixas contra a candidatura de Eduardo Paes. O candidato não quis comentar os incidentes.

Segundo o presidente do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário (Sind-Justiça), Amarildo Silva, as faixas contra o PMDB foram usadas em manifestações de serventuários por todo o Estado. Eles querem a votação pela Alerj do Projeto de Lei 1.666/08 que concede reajuste de 7,3% para a categoria, mas alegam que o Governo do Estado, que tem maioria absoluta e mantém a presidência da casa legislativa, tem impedido que a reivindicação seja posta em pauta.

A assessoria de imprensa do Palácio Guanabara, sede do governo estadual, informou que um reajuste de 4% foi concedido a "vários" servidores estaduais, em 2007. Um outro reajuste, de 8%, também foi aprovado, no mês de agosto, em benefício de policiais militares e civis, bombeiros, agentes penitenciários e professores.

Durante a inauguração de uma UPA, Unidade de Pronto Atendimento, em Campo Grande, na terça-feira (21), cerca de 80 funcionários do fórum de Campo Grande. Como ele teria pedido à polícia para conter os manifestantes, eles se retiraram em caminhada sob o coro de "o servidor fardado também é explorado!". Na inauguração da UPA da Penha, Cabral sequer conseguiu discursar, sob as vaias de servidores do Hospital Getúlio Vargas, administrado pelo Estado.

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