O ex-ministro da Previdência, Luiz Marinho (PT), assumiu um discurso de mudança em sua campanha à Prefeitura de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Candidato vencedor do primeiro turno, com 48% dos votos, ele declarou-se opositor à administração de William Dib (PSB), e propõe alianças com o governo federal para implementação de programas sociais na cidade. Alianças que, segundo ele, o atual prefeito "boicotou".

"A cidade de São Bernardo está perdendo oportunidades, pois poderia ser beneficiada com muitos recursos federais. Esses recursos não vieram por falta de projeto", afirmou Marinho, em entrevista à Agência Brasil. "Vamos apresentar esses projetos e entrar em sintonia com o presidente Lula".

Segundo Marinho, caso seja eleito, ele vai conseguir repasses de verbas da União, que financiarão obras de recuperação de bairros da periferia, que hoje estão "absolutamente abandonados". "Existem pessoas morando em cima de esgoto. Há ratos molestando o sono das crianças", disse ele.

O candidato também afirmou que programas federais ligados à saúde pública, como o Brasil Sorridente e o Farmácia Popular, chegarão à cidade. A saúde, aliás, é a maior prioridade de seu plano de governo, assim como de seu adversário, Orlando Morando (PSDB).

"A saúde foi apontada como o pior problema da cidade, por 41% da população, em pesquisa realizada pela Rede Globo. Há reclamações de mau atendimento e existe uma ausência de rede de assistência no município", disse. "Vamos promover várias ações nesta área", prometeu.

Marinho afirmou que pretende construir dois novos prontos-socorros, incorporar a Santa Casa de São Bernardo à rede do SUS (Sistema Único de Saúde) e construir um hospital. Além disso, Marinho disse que pretende humanizar o atendimento à população, capacitando profissionais.

O candidato ainda planeja melhorar o acesso ao transporte público dos habitantes de São Bernardo. Em seu programa de governo, afirmou que trabalhará para que uma extensão do metrô de São Paulo chegue à cidade e para que o bilhete único da capital também seja aceito em ônibus de linhas metropolitanas, que atendem o município. Para isso, o candidato disse que buscará o apoio do governador José Serra (PSDB).

"Não vou fazer uma gestão burra", afirmou. "Tenho uma boa relação com o governador. Quando fui ministro e quando fui sindicalista, dialoguei com Serra e o ajudei a resolver alguns problemas no Estado. Ele é inteligente e sabe que não pode boicotar São Bernardo", lembrou Luiz Marinho.

Apesar de reconhecer que esperava ter sido eleito no primeiro turno, Marinho disse que o resultado da primeira votação não pode ser considerado uma derrota e disse estar confiante na vitória. De acordo com ele, as últimas pesquisas eleitorais apontam sua eleição e os números do primeiro turno confirmaram que "o eleitorado quer mudanças".

"As urnas mostraram que mais de 60% votaram na oposição", afirmou, citando a soma de seus votos com os votos de Alex Manente (PPS) e Evandro de Lima (PT do B), terceiro e quarto colocados no primeiro turno, respectivamente. "Conseguimos o apoio dos dois candidatos e estamos ainda mais fortes neste segundo turno", garantiu o ex-ministro.

Luiz Marinho é candidato da coligação São Bernardo para Todos, formada por onze partidos: PT, PRB, PDT, PTB, PSL, PTN, PR, PRTB, PV, PHS e PSC. O deputado federal Frank Aguiar (PTB) é o candidato a vice-prefeito da chapa.

Além de ministro de Estado na gestão do presidente Lula, Marinho foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e presidente nacional da CUT (Central Única dos Trabalhadores).

A assessoria da prefeitura de São Bernardo do Campo foi procurada pela Agência Brasil para comentar as acusações de "boicote" a programas federais, mas referiu não se pronunciar.

*Com Agência Brasil

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