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20/10/2008 - 18h05

Fim da aprovação automática é proposta tanto de Gabeira como Paes

Thyago Mathias
Especial para o UOL Eleições
Do Rio de Janeiro
No debate deste domingo (19), na TV Record, a troca de acusações entre os dois candidatos que disputam a Prefeitura do Rio deu lugar a um único consenso. Tanto Fernando Gabeira (PV) quanto Eduardo Paes (PMDB) prometeram acabar com a aprovação automática, definida em abril do ano passado pela Resolução 946, derrubada na Câmara, mas incorporada nas escolas da rede municipal.

"Temos que eliminar a aprovação automática e avaliar as crianças que estão na escola e os professores. Não é demérito monitorar os professores. Precisamos avaliar também se o que ensinamos é adequado. Precisamos fortalecer o trabalho das 'explicadoras' e estimular a entrada de estudantes de pedagogia através de convênios com universidades", defendeu Gabeira.

"Aprovação automática é dizer para as crianças e suas famílias que elas não vão ter chances na vida. Na vida não tem aprovação automática. Isso é ser 'deseducador'. Conversei com professoras que disseram que até os alunos mais estudiosos deixaram de estudar porque sabem que vão passar de ano", problematizou Paes, no mesmo segmento do debate.
  • Arquivo Pessoal

    "É preciso substituir essa deformação do sistema de progressão continuada", diz o professor João Malheiro, da UFRJ


    Para o professor João Malheiro, pertencente ao Grupo de Pesquisa de Ética na Educação da UFRJ e diretor da ONG Ação Cultural Educativa e Social, entretanto, não basta apontar a aprovação automática como vilã. "É preciso substituir essa deformação do sistema de progressão continuada por propostas que dêem conta de motivar alunos e professores", alega Malheiro, convidado pelo UOL Eleições para comentar as propostas que deverão ser experimentadas pelo Rio de Janeiro, a partir de 2009.

    Paes quer requalificação



    Entre as propostas de Paes, estão dobrar o número de vagas em creches, oferecer ensino em tempo integral e requalificar os professores por meio da Multirio, empresa municipal de produção de mídias educacionais. Ele também aposta no projeto "Pró-Técnico", em que prefeitura vai pagar uma bolsa para que os jovens possam fazer cursos técnicos em instituições privadas, nos moldes do "ProUni", do Governo Federal.
    • Beth Santos/Divulgação

      Paes quer dobrar número de creches e oferecer ensino em tempo integral


      "A proposta de Eduardo Paes é arrojada, pois levanta questões desafiadoras: o ensino em tempo integral e o Pró-Técnico. Essas idéias sempre foram levantadas por políticos em outras campanhas, mas depois a história demonstra que sua implementação é problemática. O funil é sempre a falta de verbas. Oferecer bolsas para que os jovens possam pagar instituições privadas cai no mesmo problema", avaliou Malheiro. "Com relação à questão de requalificar os professores por meio da Multirio, essa não me parece a solução mais conveniente, pois, conhecendo de perto a atual motivação intrínseca dos professores, não acredito que se conseguirá grandes avanços por esse meio enquanto não se enfrentar a sério a questão salarial e o reconhecimento pelo mérito", concluiu.

      Gabeira defende adoção por empresas privadas



      Já Fernando Gabeira (PV), lembrou que o município possui uma rede com 1.061 escolas ao mesmo tempo em que há falta de atenção com algumas comunidades "vulneráveis". Ele pretende construir novas escolas e reformar unidades mal conservadas, além de permitir que empresas adotem escolas para oferecer educação profissional a jovens de 15 a 24 anos. Também promete aulas de reforço dadas por "explicadores" comunitários e alunos universitários.
      • Marcus Veras/Divulgação

        Gabeira promete aulas de reforço dadas por "explicadores" e alunos universitários


        "Percebo, nas propostas de Gabeira, uma intenção sincera de pôr a mão na massa na educação. Todas as suas propostas são de uma pessoa que conhece as mazelas da educação de perto. De fato, muitas das escolas atuais estão em péssimo estado e muitas outras estão superlotadas", concordou o professor João Malheiro, que não deixou de fazer ressalvas quanto à viabilidade financeira dos projetos: "Ele, felizmente, vislumbra que uma das grandes soluções é dar perspectiva futura ao aluno, coisa que poucos hoje têm. Por isso, as propostas de que empresas adotem escolas - tanto para conseguir mão-de-obra qualificada, quanto para oferecer bolsas de estudo - me parece uma solução atraente e audaz. Conseguir explicadores comunitários e alunos universitários são propostas que exigem uma boa coordenação, mas são tremendamente eficazes. A explicação sobre as fontes financiadoras de suas propostas é uma necessidade premente, mas também uma dúvida", observou.

        Malheiro lembrou os resultados preocupantes obtidos pela cidade do Rio de Janeiro no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). Elas foram de 4,2 para os anos iniciais do ensino fundamental e de 3,7 para os anos finais, num índice que vai de 0 a 10, a melhor nota. Em relação a outras capitais, a cidade alcançou um resultado menor do que Curitiba e Belo Horizonte, para a 4ª série, e menor do que São Paulo, para a 8ª série, consideradas apenas as escolas administradas pela Prefeitura.

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