Preso por receptação de cargas contrabandeadas e formação de quadrilha, o empresário Walter Tenan (PMDB), 51 anos, foi eleito prefeito de Porecatu, no interior do Paraná, neste domingo (5), com 2.801 votos.

Tenan foi detido em 11 de setembro deste ano em uma operação da Delegacia de Estelionato e Desvio de Carga do Paraná. Dono de uma rede de 11 lojas de eletroeletrônicos, o empresário é acusado de comprar produtos vindos do Paraguai por 30% do seu valor, que depois eram vendidos em suas lojas pelo valor de mercado.

De acordo com o delegado Marcus Vinicius Michelotto, responsável pela prisão do empresário, centenas de mercadorias contrabandeadas foram encontradas em uma distribuidora que revenderia os produtos para Tenan.

O empresário foi preso durante a campanha eleitoral e levado para o Centro de Triagem de Piraquara II, na região metropolitana de Curitiba, onde aguarda o julgamento do pedido de liberdade provisória.

O juiz eleitoral de Porecatu, Walternei Amâncio, disse nesta segunda-feira (6) que a prisão de Tenan ocorreu quando o registro de candidatura já havia sido deferido pela Justiça Eleitoral.

De acordo com Amâncio, como a prisão do acusado trata-se de uma medida cautelar de natureza provisória, uma vez que Tenan pode responder ao processo em liberdade, não haveria alteração no quadro eleitoral. "O resultado da eleição está garantido", afirmou.

A assessoria de Comunicação do TRE-PR (Tribunal Regional Eleitoral do Paraná) também informou que o resultado das eleições majoritárias em Porecatu permanece o mesmo, mas admitiu a possibilidade de que um dos candidatos derrotados venha a entrar com um pedido de cassação de registro do peemedebista preso.

Fogo amigo

O caso ganhou contorno inusitado no sábado (4), véspera da eleição, quando a comissão provisória municipal do PMDB, partido de Tenan, julgou processo disciplinar e expulsou o empresário da legenda. No mesmo dia, a direção do partido protocolou requerimento postulando o cancelamento do registro da candidatura de Tenan na comarca de Porecatu.

A decisão da comissão provisória do PMDB provocou reação do diretório estadual que entrou com um mandado de segurança na Justiça Eleitoral para impedir a expulsão de Tenan. O caso está sendo analisado pelo juiz Walternei Amâncio.

Porecatu fica localizada no norte do Paraná, na fronteira com o Estado de São Paulo. O município de 15.800 habitantes foi fundado em 1941 por Ricardo Lunardelli, avô do atual prefeito da cidade, Dario Lunardelli (PSL), que, apesar de pertencer a outro partido, disputou a reeleição contando com o apoio do governador Roberto Requião (PMDB).

Lunardelli terminou em terceiro lugar com 2.197 votos. O segundo colocado foi o pedetista Daniel da Receita, que obteve 2.258 votos.

A reportagem do UOL tentou entrar em contato com o presidente estadual do PMDB, deputado Waldyr Pugliesi, mas ele não retornou as ligações. Também foi procurado o advogado José Romeu do Amaral Filho, que defende o empresário no caso, mas ele não foi localizado.

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