UOL Eleições 2008 Rio de Janeiro

 
Beth Santos/Divulgação

Na disputa mais apertada das grandes capitais, Eduardo Paes bate Gabeira e é o novo prefeito do Rio de Janeiro

Veja fotos da campanha de 2º turno no Rio

Eduardo Paes

  • Partido: PMDB
  • Idade: 38 anos
  • Local de nascimento: Rio de Janeiro
  • Profissão: advogado
  • Patrimônio: R$ 390.372,87

Se a população entender que eu deva ser o prefeito, ela poderá ter a certeza de que o município vai investir junto com os governos estadual e federal

Gabeira demonstrou um preconceito enorme com toda uma parte dessa cidade, que é a população do subúrbio

Thyago Mathias
Especial para o UOL
No Rio de Janeiro



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Com uma diferença apertada em relação a seu adversário, Eduardo Paes (PMDB) já pode comemorar uma vitória que chegou a parecer fácil, mas se mostrou acirrada na reta final da corrida eleitoral carioca. Para quem começou a campanha pela Prefeitura na quarta colocação, com 9% das preferências, Paes conseguiu chegar e manter-se na liderança ao longo do primeiro turno, mas as pesquisas para a votação deste domingo (26) davam pequena vantagem, dentro da margem de erro, em favor de Fernando Gabeira (PV).


Boca-de-urna realizada neste domingo (26) apontava que a disputa seria decidida voto a voto. Na última pesquisa Datafolha, Paes e Fernando Gabeira (PV) também apareciam empatados -considerados apenas os votos válidos (sem brancos, nulos e indecisos), Eduardo Paes aparecia com 51%, contra 49% de Gabeira.


Ao sair de casa, onde esperava pela apuração, Paes cantou a música "Emoções", de Roberto Carlos, ao saber do resultado da pesquisa. No último debate, transmitido pela TV Globo, Paes defendeu a atuação do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) nas favelas e falou sobre a progressão de impostos como o ISS e o IPTU que, segundo ele, seria diminuído para empresas que se instalassem em regiões abandonadas, como a da Leopoldina.

O que você achou
da vitória de Paes?


Se no primeiro turno a ascensão de Paes deveu-se ao maior tempo entre os programas de televisão e a uma campanha que havia consumido, até então, R$ 3,2 milhões, o peemedebista deve agradecer aos eleitores dos subúrbios pela vitória definitiva. Ex-subprefeito de Jacarepaguá e com alianças importantes junto a vereadores e líderes comunitários da zona oeste e dos subúrbios da Central e da Leopoldina, regiões que abrigam, respectivamente, cerca de 35% e 40% dos eleitores cariocas, Paes soube unir a vantagem que tinha a uma campanha agressiva que minou as expectativas de seu adversário sobre essa parte da cidade.

As 5 principais promessas

  • 1. Levar saneamento básico a 100% da zona oeste em parceria com o governo do Estado
  • 2. Reequipar a Guarda Municipal com armas não-letais
  • 3. Instituir o bilhete único e construir corredores de ônibus expressos
  • 4. Construir 40 UPAs 24 horas
  • 5. Articular a construção e concessão de um centro de convenções no Aterro do Flamengo

"Eduardo Paes é o prefeito que respeita a zona oeste, um prefeito sem preconceito. O prefeito tem que gostar da cidade toda. Suburbano merece respeito", defendeu Alberes Lima, presidente municipal do PT, primeiro partido grande a formalizar aliança com o PMDB no segundo turno.


"Gabeira demonstrou um preconceito enorme com toda uma parte dessa cidade, que é a população do subúrbio", repetiu Paes, num ataque que durou as três semanas de campanha do 2º turno e não deixou os eleitores esquecerem a afirmação do candidato do PV segundo a qual a vereadora mais votada do Rio, Lucinha (PSDB), tinha uma "visão suburbana e precária".


Durante os 20 minutos diários que passou a dispor igualmente com Gabeira, na TV, Paes mudou o tom pacífico de antes do dia 5 e não cansou de relembrar o episódio. Sambistas que já cantavam "esse é o prefeito, esse é capaz" e moradores da zona oeste ganharam espaço para mostrar sua indignação. Algumas vezes, de forma excessiva. Panfletos apócrifos e faixas que promoviam campanha negativa contra Gabeira foram apreendidos pelo TRE-RJ, Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro.

O vice prefeito

  • Carlos Alberto Muniz (PMDB), 64 anos, economista, com doutorado em administração na França, é o vice de Paes. Ele é casado e pai de dois filhos, nascidos no Chile e na França, onde esteve exilado durante o regime militar. Foi presidente de grêmio estudantil e da União Estadual de Estudantes. Hoje, atua com planejamento e consultoria em gestão para empresas.

Na chamada "guerra do lixo", soluções para o problema de quase 10 toneladas diárias de detritos tornaram-se o centro do debate entre Gabeira e Paes, que envolveu acusações sobre formações de aliança e chegou ao consumo de maconha, droga que os dois afirmaram ter experimentado, mas contra a qual o peemedebista fez questão de se posicionar.


Padrinho


Paes contou, também, com o apoio e a experiência do governado Sérgio Cabral, que incentivou a ida do candidato para o PMDB e o rompimento de uma aliança com o PT para lançar Paes mesmo contra a vontade da direção regional do partido. O apoio do PT apareceu, no segundo turno, junto com os de outros seis partidos, numa aliança que "representa os diferentes segmentos da sociedade", segundo o próprio candidato. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministros e os ex-adversários Jandira Feghali (PC do B) e Marcelo Crivella (PRB) não se negaram a gravar manifestações de apoio e, até, a participar do corpo-a-corpo com o eleitorado, a fim de garantir a transferências de votos.


Trajetória



Formado em Direito, Paes, 38, trocou a carreira jurídica pela política. Com 23 anos, foi nomeado subprefeito de Jacarepaguá e Barra, na primeira gestão de Cesar Maia. Em 1996, elegeu-se vereador pelo PFL (atual DEM) e, em seguida, transferiu-se para o PSDB. Desde 1998, elegeu-se duas vezes para a Câmara dos Deputados e, depois de perder a eleição de governador, em 2006, foi convidado por Cabral a ir para o PMDB e assumir a Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Lazer, da qual se retirou para disputar estas eleições.


No próprio Democratas e em outros partidos por onde passou, no entanto, Paes obteve o apoio, nem sempre velado, de candidatos a vereador que deveriam se manifestar em favor dos concorrentes dele. Entre denúncias de financiamento de material de campanha e punição de vereadores por legendas adversárias, Eduardo Paes deve garantir na Câmara Municipal o suporte de boa parte dos vereadores eleitos, incluídos ex-correligionários da oposição.


A estratégia do prefeito eleito de nacionalizar este pleito municipal, conseguiu opor democratas e tucanos da aliança verde aos petistas e peemedebistas que já pensam em formar um bloco conjunto para a próxima disputa presidencial, de acordo com o próprio ministro da Justiça, Tarso Genro. Para o cientista político Cesar Romero Jacob, da PUC-RJ, estas eleições marcam a quebra de uma paradigma do eleitor carioca que, desde 1988, não dá a Prefeitura da capital ao grupo político que controla o Estado. Para Romero, quem comemora é o governador Sérgio Cabral. Mesmo tendo perdido em quase toda a região metropolitana, a vitória de Paes na capital fluminense lhe favorece na corrida eleitoral de 2010.


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