Apesar dos ataques sofridos durante toda a campanha, sendo alvo de todos os candidatos no horário eleitoral e nos debates nas TVs, Luizinane Lins foi reeleita prefeita de Fortaleza no primeiro turno das eleições, como apontavam as últimas pesquisas de intenção de votos.

Em sua primeira entrevista coletiva após a eleição, Luizianne atribuiu a vitória a sua gestão anterior. "Não é por ter marqueteiro legal como o Duda Mendonça ou porque tenho o presidente da República, que está com alta popularidade. Se eu não tivesse feito um bom governo, nada adiantaria para ganhar no primeiro turno", disse.

Diferentemente de 2004, quando a petista não contou com a participação do diretório nacional do PT no primeiro turno de sua campanha, que à época decidiu apoiar Inácio Arruda (PC do B), desta vez Luizianne se coligou com 11 partidos, além do PT (PSB, PC do B, PMDB, PV, PHS, PMN, PTN, PRB, PSDC, PSL e PT do B) e ainda teve a ajuda de diversos ministros do Governo Lula e também do Governador do Ceará, Cid Gomes, que gravaram depoimentos e participaram de vários atos em sua campanha.

Mas mesmo com tantos aliados, Luizianne teve que lidar com outros entraves para conseguir sua reeleição que começaram antes mesmo da homologação do registro de sua candidatura. O presidente municipal do PT, Raimundo Ângelo, foi inscrito como vice apenas enquanto o partido decidia com o PSB, partido de Cid Gomes, um nome para ser seu companheiro de chapa.

A demora para o anúncio do vice levou o MPE (Ministério Publico Eleitoral) no Ceará a pedir a impugnação, por irregularidades na convenção da chapa de Luizianne.

Depois de várias especulações, o presidente da câmara municipal de Fortaleza e primo do governador, Tin Gomes (PHS), foi anunciado como o novo candidato a vice na chapa de Luizianne. O fato ocorreu 25 dias depois do registro de candidatura de Raimundo Ângelo, o candidato "tampão".

Superado o problema, Luizianne iniciou o período eleitoral empatada nas pesquisas de intenção de voto com Moroni Torgan (DEM,) com quem disputou o segundo turno das eleições em 2004. As pesquisas ainda apontavam que a petista também estava bem próxima de outra adversária, a senadora Patrícia Saboya (PDT), que lhe apoiou na última disputa eleitoral. Luizianne ainda apresentava uma grande rejeição entre os eleitores de Fortaleza.

Críticas à administração

Além de não liderar as intenções de votos em Fortaleza, Luizianne começou a enfrentar diversas campanhas contrarias a sua administração. A primeira foi organizada pelo Sindifort (Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Fortaleza) e começou antes mesmo do início do período eleitoral. O sindicato responsabiliza Luizianne de compactuar com a retirada de direitos trabalhistas dos servidores municipais.

Depois, foi a Comaduec (Convenção de Ministros das Assembléias de Deus Unidas do Estado do Ceará), que espalhou centenas de outdoors e cartazes pela cidade. Com os dizeres "Luizianne é contra a Bíblia e o povo de Deus. Diga não a Luizianne", a entidade dizia que era um manifesto pelo fato da petista ter vetado um projeto de lei que previa a manutenção de um exemplar da Bíblia nas bibliotecas das escolas municipais de Fortaleza. Depois de ser proibida pela Justiça Eleitoral, a Comaduec deu início a uma nova campanha em que o nome de Luizianne era trocado, tida no antigo testamento como a perseguidora de profetas.

Neste mesmo período, o Mela (Movimento de Eleitores da Luizianne Arrependidos) também fazia manifestações contra a petista.

Fortaleza virtual

Luizianne conseguiu barrar as manifestações na Justiça Eleitoral, mas começou a ser alvo de críticas dos seus adversários durante o horário eleitoral e também nos debates televisivos. A principal dela questionava a construção do Hospital da Mulher, promessa de campanha de Luizianne em 2004. As obras do hospital só começaram em maio e as visitas do Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, e do Governador Cid Gomes ao local acirraram ainda mais as críticas dos adversários, que consideraram a obra eleitoreira.

A utilização de imagens computadorizadas do hospital também foi condenada por seus adversários que entraram na Justiça Eleitoral para impedir que a petista utilizasse as imagens em seus programas eleitorais. O principal argumento era que a utilização das imagens virtuais poderia levar o eleitor a acreditar que a obra estivesse pronta. Desta forma, os principais adversários de Luizianne começaram a dizer que a petista estava apresentando na TV uma "Fortaleza virtual".

Mas, não foram apenas os adversários políticos de Luizianne que criticaram a sua gestão frente à Prefeitura. O deputado federal Ciro Gomes (PSB), conhecido por sua língua ferrenha, chamou Luizianne de "Coronel de saias" e ainda chamou sua administração de "fuleiragem". Apesar de pertencer a um partido da base aliada da petista, Ciro apoiou sua ex-mulher, a senadora Patrícia, e ficou irritado depois da proibição da utilização de imagens suas na propaganda eleitoral da pedetista.

Participação de Lula

Apesar de ter apoio do PT nacional, a prefeita não contou com a presença do presidente Lula em sua campanha. O presidente havia dito que não participaria de campanhas em que houvesse disputa de pessoas de sua base aliada, o que era o caso de Fortaleza, com Luizianne e Patrícia Saboya. As duas candidatas chegaram a travar uma disputa na Justiça Eleitoral pela utilização das imagens do presidente. E a pedetista inclusive conseguiu impedir que Luizianne continuasse usando imagens de Lula gravadas durante uma viagem à Fortaleza no início do ano.

A postura de Luizianne foi a de não reagir aos ataques. E deu certo.