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14/07/2006 - 20h40

Lula promete manter política econômica se reeleito

Leonardo Wen/Folha Imagem

Lula acena durante jantar de apoio a sua candidatura no ABC

Lula acena durante jantar de apoio a sua candidatura no ABC

Por Mario Andrada e Silva

BRASÍLIA (Reuters) - O eventual segundo mandato do presidente Luiz Inácio da Silva não deve apresentar mudanças de agenda ou de política econômica. O presidente garantiu em uma entrevista exclusiva à Reuters que, mesmo sob necessidade de compor alianças para garantir ou facilitar a governabilidade, não haverá impacto na dinâmica do governo.

"O pessoal tem a mania de achar que nós temos aqui no Brasil uma política de ministros. Nós temos uma política de governo. A política econômica não era do ministro Palocci e não é do ministro Mantega, ela pertence ao governo. Qualquer ministro que vier seja no Ministério do Trabalho ou no Ministério da Fazenda, ele vai continuar cumprindo as determinações da política do governo", disse o presidente na entrevista concedida no Palácio do Planalto.

Lula acha que em um segundo mandato algumas frentes do governo devem ser aperfeiçoados pela experiência adquirida e por projetos que estão em andamento e por isso sua receita de trabalho para mais quatro anos parece muito simples.

"Não há por que mudar, há o que aperfeiçoar. Nós queremos reduzir mais os juros, nós queremos crescer um pouco mais, nós queremos gerar mais empregos. Queremos melhorar a infra-estrutura do país, melhorar a distribuição de renda e muito investimento na educação", fala o presidente-candidato.

E, como candidato, o presidente indica que sua participação nos debates eleitorais tende a acontecer "se houver um segundo turno e se eu estiver no segundo turno".

"É preciso saber quais são os critérios. Meu antecessor (o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso) não participou de debates na campanha de reeleição. Porque na verdade você tem quatro ou cinco candidatos e todos virão para cima do presidente. Num segundo turno aí sim, você faz debate tête-à-tête com o adversário e você pode discutir programas e idéias."

Na agenda do presidente para o segundo mandato, as reformas voltam a ser prioridade e entre elas a eleita do presidente como prioridade número zero é a reforma política.

"A reforma política é imprescindível. O Brasil não pode continuar com a organização partidária tal como ela está", disse ele esperando que os partidos da base do governo apresentem uma proposta de reforma política que contemple as questões de fidelidade partidária e financiamento público de campanha logo no começo do ano para ser votada pelo novo Congresso.

"Esse Congresso acho que já não vota mais nada", admitiu o presidente.

Lula disse ainda não temer um Congresso onde a base do governo não tenha maioria embora lembrasse que "você tem que ser civilizado para fazer política". Ele afirmou também que faz parte de seus planos o "aperfeiçoamento do Estado brasileiro. Transformar o Estado brasileiro em um Estado mais profissional".

O presidente garante estar convencido de que a entrada do Brasil no seleto clube dos países ricos depende do investimento em educação e ressaltou que, ao contrário da suspeita pública, ele não se vê como um político de esquerda.

"Eu nunca fui esquerdista. Quando alguns companheiros meus americanos, europeus, me chamavam de esquerdista, aqui no Brasil eu era chamado de agente da CIA pelo Partido Comunista Brasileiro e de a muleta da ditadura pelos trotskistas", disse, sem definir como ele próprio se vê politicamente.

(Reportagem de Mario Andrada e Silva, David Schlesinger e Julio Villaverde)