Por Ricardo Amaral
BRASÍLIA (Reuters) - O novo chefe da campanha do presidente-candidato Luiz Inácio Lula da Silva, Marco Aurélio Garcia, reagiu com irritação nesta quinta-feira, ao comentar declaração do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Marco Aurélio Mello. Em entrevista ao Jornal do Brasil, Mello disse que o caso do "dossiê Serra", envolvendo petistas, é pior que o escândalo Watergate.
"É uma declaração impressionista, no mínimo exagerada, para não dizer que tenha conotação partidária", disse Garcia no comitê nacional de Lula, em sua primeira entrevista como coordenador, no lugar do deputado e presidente do PT, de Ricardo Berzoini, afastado por envolvimento no caso do dossiê.
Perguntado por uma repórter se estava acusando o presidente do TSE de estar agindo partidariamente, Garcia perdeu a tranquilidade.
"Você é que está dizendo, eu não estou dizendo nada", gritou Garcia com a repórter. "Não me parece que cabe a qualquer Poder da República, menos ainda ao Judiciário, fazer avaliações de caráter qualitativo como essa (...) O Poder Judiciário tem à sua disposição leis para avaliar e ler esta situação."
"Não, não estou censurando meu xará", acrescentou Garcia, voltando a falar em tom normal, quando outro repórter perguntou se estaria censurando Mello.
O escândalo Watergate foi o caso de espionagem política que levou o ex-presidente norte-americano Richard Nixon a renunciar ao cargo, em 1974.
"É algo muito pior, não há comparação. Aquela escuta foi realmente muito terrível, mas agora o que temos aqui é uma somatória de desvios de poder", disse Marco Aurélio Mello ao Jornal do Brasil.
O corregedor do TSE, Cezar Asfor Rocha, abriu investigação judicial sobre o envolvimento da campanha petista no dossiê, depois que dirigentes do PSDB e do PFL discutiram o pedido com Marco Aurélio Mello.
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