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06/09/2006 - 15h31

Íntegra do bate-papo com Plínio Sampaio, do PSOL

O candidato ao governo do Estado de São Paulo, Plínio Arruda do PSOL, falou sobre suas propostas. O texto abaixo reproduz exatamente a maneira como os participantes
digitaram suas perguntas e respostas.

(02:22:03) Plínio Arruda: Boa tarde a todos.

(02:23:21) Plínio Arruda: O PSOL é um partido muito novo, mas com muitos anos na política, temos militantes que entraram agora, mas a grande maioria tem muitos anos na política, pois formamos de uma dissidência do PT. Para cumprir o papel que o PT deixou de cumprir, então decidimos fundar este partido.

(02:25:06) Plínio Arruda: Este grupo que domina o PT montou uma máquina inexpugnável, apenas 200 mil militantes do PT são do partido, mas os outros não sabem nada do partido, o pessoal do clientelismo que tomou conta de alguns deputados do partido, então este grupo desequilibra qualquer votação. Então criou-se uma máquina que nega a democracia. Montou-se uma máquina em que eles não perdem nunca, aí decidimos sair.

(02:25:26) ANDRÉ/SP: Candidato, gostaria de saber poruqe sua campanha está mais pautada noso ataques ao governo Lula do que propriamente ao ex governador de SP, Geraldo Alckmin e ao líder nas pesquisas Jose Serra?

(02:26:49) Plínio Arruda: André: primeiro porque eu saí do PT e este na verdade é o grande escândalo que estou querendo mostrar, que eleitor do Lula está enganado, pois não está mais votando na mudança. Os outros eu já dou de barato que são contra nós, o povo, contra uma política popular. Pois são candidatos do sistema, que aceitam a política neoliberal. Mas qual é o escândalo? Nenhum, sempre estiveram lá.

(02:26:54) Bubits: o senhor acha que tem chances de ir a um eventual segundo turno?

(02:28:27) Plínio Arruda: Bubits: a eleição não é corrida de cavalo, não temos que apostar no vencedor para ganhar, porque se ele for contra suas idéias você perdeu. Isso de ir para o primeiro ou segundo turno é relativo. Estou disputando para mostrar aos paulistas que estas políticas são nefastas ao povo de SP. O segundo desejo é fazer outra política e se vier um resultado eleitoral positivo ótimo.

(02:30:57) Plínio Arruda: Eu trago as propostas de 40 anos atrás, nosso país gira em círculos, não resolve seus problemas, há 40 anos atrás falávamos de reforma agrária, reforma urbana para acabar com essas favelas, e agora estou falando isso tudo de novo, pois CDHU é paliativo, tem que baixar o preço da terra, colocar uma corrente na especulação imobiliária. O que quero dizer ao eleitor é que lutem pelos seus direitos, formem grupos, núcleos, apóiem candidatos que propõe lutas, senão isso tudo vai ficar girando.

(02:31:12) G@briel: Olá Plinio Tudo bom?? Quero saber como você vai fazer para conter o "PCC" deixado pelo governo do Claudio Lembo, Abraço

(02:35:40) Plínio Arruda: G@briel: Ele foi deixado pelo Lembo, Alckmin e pelo Covas, ele foi deixado pelo descaso, pela sociedade. Castigar seu filho, por exemplo, é privá-lo da sobremesa ou deixar sem brincar, mas você não faz isso para o seu filho sofrer, é para ele ver o que ele fez e reabilitá-lo. Mas no Brasil a classe dominante não tomou o conhecimento deste segundo aspecto, só o primeiro, os presos saem piores do que entraram. Temos que fazer os presos ficar presos, mas precisam ser reabilitados, e não se faz porque custa dinheiro e a burguesia não quer gastar, só querem que fiquem presos para não aborrecer. A segurança pública é muito mal distribuída em SP, nos bairros ricos tem muito mais polícia que nos bairros periféricos. Dizem para não falar isso, porque as pessoas têm horror da polícia, então a polícia é truculenta. Tem que habilitar, o policial tem que ser uma pessoa que ajuda a sociedade. Temos que fazer um sistema de restruturação da polícia em que para cada policial tenha um conselho da comunidade fiscalizando a ação do policial.

(02:37:02) Marco: O senhor vem se destacando nos debates por seu humor ironico, que acaba por deixar os candidatos em saia-justas, esse humor irônico é uma estratégia de campanha direcionada ou é parte de seu espirito mesmo?

(02:37:26) Plínio Arruda: Sobre a Febem: A Febem virou a Geni, o problema é outro, tem que aplicar o Estatuto da Criança e do Adolescente. Se acaba a Febem, e daí? Então um menino mata outro, como faz? Ela é ruim mesmo, tem que acabar, mas temos que ver o que fazer com o menino. Se o adulto tem que se recuperar, o menino então é total. O que se precisa são pequenos estabelecimentos, com 20, 30 meninos no máximo. Não fechá-los de uma vez, fazer uma sociabilidade, e isso tem que ter uma rede de apoio, tem que gastar muito dinheiro nisso, é o que queremos fazer.

(02:39:09) Plínio Arruda: Marco: eu não estou fazendo ironia, estou chamando o pessoal para a briga. Porque o debate só tem interesse para quem está assistindo se ficarem sabendo o que todos querem, vendo as diferenças entre nós. Mas se ninguém diz a idéia, todos são a favor da educação, saúde, vão fazer creches, fazer trem-bala de Campinas para cá. Sou contra o sistema estabelecido, contra a sociedade capitalista. Eu quero discutir com eles, mas como não vem para o debate eu dou uma bicada neles.

(02:40:27) Plínio Arruda: Não é gostoso brigar, tenho afetos muito grandes no PT, gente que dizem por que você saiu, fica com a gente, Dr. Plínio fica no PT. De fato eu ajudei a criar, fui deputado duas vezes, fiz parte da campanha do PT como coordenador, eu redigi o primeiro estatuto. Não foi uma decisão fácil, mas a política é assim, tenho que agir de acordo com a minha consciência.

(02:40:27) cae: um eventual governo do psol realizaria a reestatização das empresas privatizadas? se sim de que forma?

(02:42:28) Marcelo: Qual a sua prioridade para o governo paulista?

(02:42:36) Plínio Arruda: cae: primeiro vamos olhar a estrutura toda, se tiver um ponto errado vamos anular tudo, vamos criar o problema, se não estiver de acordo com a lei. Vamos desapropriar. A tese é primeiro não desestatizar mais nada. Primeiro, não vou desestatizar hotel, isso não precisa. É um absurdo vender a Cosipa. Mas energia elétrica, esta CTBD que foi dada agora para uma estatal colombiana, que tem um capital de 16 bilhões, e acabou vendendo por 1,3 milhão, vou anular isso.

(02:44:23) Plínio Arruda: Marcelo: nós temos 3 eixos de campanha que dá para atuar simultaneamente, a primeira é a seguinte: a política de segurança de SP é bárbara, truculenta. Não só a polícia, é todo o sistema. E isso não trás tranqüilidade para a população. Faremos um tratamento diferente para os presos, os policiais terão salários dignos e colocaremos a sociedade vigiando eles. O policial é uma autoridade pública, mas tem que ser fiscalizado.

(02:47:28) Cauê Bueno: Hoje o Brasil tem poucos líderes de fato. Em uma próxima geração, como a minha pois tenho 20 anos, quem serão os líderes? O Brasil está carente de joves preparados e dispostos a tocar o país quando os caciques se aposentarem? Se está, qual a saída?

(02:47:33) Plínio Arruda: O segundo item é combater a pobreza, aqueles que ganham até 3 salários mínimos cuja prioridade é comida e casa. Em vez de comer menos para pagar condomínio fazemos alimento mais barato. E a outra é a moradia, veja são 1,4 milhão de imóveis vazios em SP. Se enfrentarmos o problema da especulação imobiliária com firmeza haverá casas mais baratas. Existem táticas de comprar terrenos lá no fim do mundo, chacrinhas, e depois começamos a ver a produção de novo. Em volta da Dutra é tudo mato esperando haver a indústrias. Isso que é enfrentar o problema da habitação. E não querem discutir. O que quero discutir é isso. Dizer que vai fazer Cingapuras é mentira, não vai fazer. É preciso discutir o fundo do problema.

(02:49:44) Plínio Arruda: O terceiro item é discutir a desigualdade, enquanto houver ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres não terá condição de resolver. O governo de SP não tem um instrumento muito eficaz para resolver isso. Mas tem a educação e a segurança. A educação permite formar um sujeito para enfrentar. Por exemplo, fizeram um lixão na periferia, e as autoridades disseram que iam asfaltar a rua ao lado, e apareceu um sujeito humilde e disse preferimos que tirem o lixão pois tem ratos, e a autoridade disse que a avenida é a prioridade. Se tivesse educação ele saberia dizer que a prioridade é a segurança.

(02:50:25) Plínio Arruda: Cauê Bueno: os líderes são aqueles que começarem a fazer política nas faculdades, agora quem está escolhendo a profissão que dá mais dinheiro, só vai liderar a Fiesp.

(02:51:40) Plínio Arruda: Eu comecei a minha vida política no governo, fui auxiliar do governador Carvalho Pinto, e lá fui subchefe da Casa Civil. E fui eleito na federal. E fui cassado. E na volta para entrar na vida política, eu entre na faculdade, fiz um mestrado lá fora em desenvolvimento internacional e quando voltei lecionei a Getúlio Vargas e na PUC economia.

(02:51:53) G@briel: Plínio, O Serra disse em seu programa que para melhorar a educação ele vai colocar 2 professoras, para dar mais atenção aos alunos. Essa é a solução???Qual a sua solução??

(02:52:37) Plínio Arruda: G@briel: eu não sei de onde o Serra inventou isso. Eu não entendo, qual explicação, se um está falando aqui e outro falando ali. Eu não acredito nisso. O que precisa é fazer duas salas de aula com duas professoras.

(02:52:42) reverendo: porque o discurso do psol no microfone do senado é tao diferente do discurso da tv

(02:53:28) Plínio Arruda: reverendo: eu não sei se existe esta diferença, no Senado ela está lutando nas CPI etc. e na TV tem falado o programa nosso, o que ela pretende fazer etc. Mas se o internauta tem uma colocação mais concreta eu posso responder.

(02:53:55) Eleitor triste: Plinio , boa tarde ! quero dizer q mudei meu voto e meu voto vai para vc apos ver atentamente o debate da band. Mas por ex , muitos politicos ja se apresentaram da mesma forma q vc e depois é o velho dilema : "ou entra no esquema ou esta fora " ou entao a pessoa se acha com mais poder do q ela realmente tem , como nao mudar de pensamento e ter a certeza de q quem tem o poder é a cadeira e nao o homem ?

(02:54:51) Plínio Arruda: Temos um grande esforço para ver se conseguimos vencer a cláusula de barreira, somos uma dissidência que saiu e estamos organizando tudo, é difícil, é complicado. O que tem é uma sintonia nas idéias básicas que sintonizamos perfeitamente ao capitalismo selvagem, a subserviência do país, é uma sintonia genérica que existe entre nós.

(02:56:53) luiz paulo: Conforme o Sr. Andre falou, vc ta pautando sua campanha em ataques ao Lula. Concordo que o Lula ta envolvido em muitos escandalos... mas vc acha mesmo que a turma do PSDB e mais santo que ele? Na administracao do PSDB a Policia Federal prendeu 6o e pocos, na do Lula prendeu 3.000, sera que aumentou a corrupcao ou se escondia tudo embaixo do tapete?

(02:56:58) Plínio Arruda: Eleitor triste: muito obrigado. Com sinceridade, todo ser humano pode errar, fraquejar, não há nenhuma garantia que eu possa lhe dar, tudo é uma questão de força, é preciso ter um partido forte, um esquema forte, é preciso estar dentro para evitar que aconteça. Enquanto o eleitor não tiver poder. Eu votei a favor da reforma agrária, fizemos um programa sério e fomos depostos, fomos para o exílio porque não havia um povo organizado. Eu tenho 50 anos na vida pública e até hoje não aceitei imposição de ninguém.

(02:59:20) Lari: Como seria feita reforma agrária em São Paulo, onde a maior parte das terras são produtivas?

(02:59:24) Plínio Arruda: luiz paulo: eu não discuto o mundo entre santos e pecadores, o que importa é qual a política que interessa aos mais pobres. A minha crítica ao Lula é igual ao que faço ao PSDB, eles fazem uma política para os mais ricos. Eu fui candidato antes do mensalão, de tudo isso. O meu negócio é político, evidentemente que tem mensalão, mas mesmo que não houvesse nada disso eu sairia do PT por causa da política, que era contra a ordem estabelecida e virou a favor.

(03:02:28) Plínio Arruda: Lari: é uma idéia curiosa, não é bem verdade. A produtividade é medida através de um índice de produtividade da terra que está extremamente defasado no Brasil, pois é de 1975. Já existem estudos pela Embrapa e pela Unicamp destes índices. São terras suscetíveis a serem desapropriadas. Mas a UDR não deixa isso, estes índices estão com o Lula há mais de 2 anos, os sem-terra pediram a ele para liberar estes índices, as terras estão encobertas por esta lei. Reforma agrária é um projeto burguês, capitalista, não é socialista. É uma modernização do país, é um avanço. Quando falei que esta lei está há 30 anos defasada, eu não consigo. Todo mundo lutou.

(03:02:43) Marcelo: Plínio, como vai? gostaria de saber de onde vem o $$ para as realizações propostas no seu plano de governo? você não acha que uma rígida disciplina fiscal poderia ajudar a reduzir esta gigantesca carga tributaria que existe?

(03:05:17) Vitor Pelegrin: Plínio, gostaria de conhecer sua posição a respeito da guerra fiscal entre os estados.

(03:05:28) Plínio Arruda: Marcelo: os recursos virão do seguinte: primeiro virão de uma renegociação da dívida de SP que gasta para pagar 10% do que arrecada e para investir gasta 3% do que arrecada. Temos que diminuir o pagamento e aumentar os recursos. Segundo, tem que combater a sonegação. Terceiro é fundamental que alguns gastos sejam reduzidos para que sobre dinheiro. Por exemplo, não temos que expandir a rede ferroviária. E com esse dinheiro jogar na escola, nos professores, nos hospitais, mas não para fazer tomografia computadorizada e não sei o que, mas sim hospitais limpos para a doenças de todo dia. Isso não é um gasto faraônico não, é o dinheiro que a gente tem. Os tucanos põem pra baixo e quando sobra aplicam como querem, isso é um truque.

(03:05:43) Mamoru: Olá! Conheci você em na USP - São Carlos, na época das eleições para governador (acho que foi em 89 ou 90). Eu era estudante e você me impressionou muito. A pergunta: qual a proposta para educação do seu governo e você acredita que o PSOL terá sustentação da Assembléia para governar?

(03:05:55) Plínio Arruda: continuando: Nem a mais nem a menos é o que vai gastar. O orçamento tem que expressar a realidade da situação financeira.

(03:07:55) Plínio Arruda: Namoru: eu me lembro desta visita em que havia um robozinho que me mostraram. Dinheiro do povo para a educação do povo, isso é importante, segundo valorizar o professor, a classe. Os meninos tem que ficar na escola, rever a progressão continuada, ela é do Paulo Freire, então os meninos não têm um aproveitamento igual, aqueles que aproveitam mal não tem uma educação continuada. Aqui já distorceu, tem que parar. O outro método supõe a professora capacitada, um sistema de psicólogos isso sim.

(03:10:34) Plínio Arruda: Sobre a sustentação na Assembléia: supõe que você possa governar em minoria na Assembléia, pois é uma questão entre o deputado e a opinião pública que é o juiz, julga se deve ou não pressionar a Assembléia. Se ela percebeu a maioria desejando este projeto ela deve melhorar. Isso é a relação republicana, democrática e civilizada entre os poderes. O resultado que está aí é o seguinte, 69 CPIs fechadas pelo Alckimin, isso não é democrático, não estão defendendo os seus interesses. Isso não é o problema do Executivo.

(03:10:38) Paulista no pará: plínio, boa tarde, gostaria de saber quem o psol vai apoiar no segundo turno a presidencia

(03:12:31) Plínio Arruda: Paulista no pará: perguntar pelo segundo turno a um candidato que tem 1% é complicado, estou lutando pelo segundo turno. Neste momento que estou falando tem bastante gente virando voto. Esta questão do segundo turno é uma armadilha. Então não quero responder esta pergunta. Pois é uma armadilha para mim. Esta linguagem da sinceridade que estou fazendo é não fugir das divididas, falar tudo certinho.

(03:17:46) Plínio Arruda: continuando: Quando se acaba com a ditadura pensou-se que ia resolver tudo, mas não resolveu nada. Quando do Sarney e a inflação também. O Collor também. Agora Lula, agora vai, vai. E nada. Criou-se no brasileiro uma espécie de desesperança, não acreditam que se possa resolver. É o dilema, que quer dizer: uma situação em que as duas situações possíveis são ruins e você escolhe a menos ruim. Então tudo no Brasil se coloca como dilema. Em Mogi das Cruzes me puseram um dilema assim: tem um rio que está assoreado e quando chove inunda e pega as casas pobres vizinhas. A solução é passar uma draga no meio, mas não pode pois tem uma mata auxiliar. E a solução é ou tira a mata auxiliar ou tira o povo de lá. E qual a solução real? Tem que enfrentar o poderoso. Para resolver o problema é ir atrás deste rio que há mil anos nunca assoreou. Lá em cima tem assentamentos jogando terra ou agricultura sem assoreamento, vai lá e bota ordem no pedaço.

(03:18:56) Plínio Arruda: Continuando: O que estou lutando nesta eleição é para que entendam que a todo mal que sofrem existe uma pseudo solução do Estado para impedir que ganhem dinheiro nas costas. Quem inventou esta frase foi a Margareth Tatcher, que diz que não há alternativa.

(03:21:02) Plínio Arruda: O socialismo que defendo só tem um, o caminho é um só, na URSS desviou para o totalitarismo, mas acho que o socialismo é fundamentalmente a busca da liberdade, igualdade e fraternidade. Não é possível um sem o outro. Para mim é tudo o que reduz a distância entre o mais rico e os pobres e amplie a liberdade do ser humano, que permita ao homem decidir os seus caminhos. Isso se faz com ações concretas. Quero dizer a vocês que se as eleições fossem estes 15 segundos e todos os candidatos fossem obrigados a debater haveria muito mais democracia neste país.

(03:21:23) Geovanna/UOL: O Bate-papo UOL agradece a presença do candidato Plínio Arruda e de todos os internautas. Até o próximo!