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16/08/2006 - 12h25

Problema na educação em São Paulo se deve à migração, diz Serra

Da Redação
Em São Paulo
O candidato tucano ao governo de São Paulo, o ex-prefeito da capital José Serra, participou de entrevista ao vivo nesta quarta-feira ao programa SPTV, da TV Globo de São Paulo. Na entrevista, Serra creditou os maus resultados da educação no Estado aos "migrantes" e se esquivou da pergunta sobre sua permanência no governo de São Paulo até o fim do mandato caso seja eleito em outubro.

Questionado sobre o mau desempenho do Estado de São Paulo em avaliações nacionais de educação, o tucano creditou os maus resultados aos migrantes que vêm para o Estado. "Diferentemente dos Estados do Sul [que foram os primeiros colocados na avaliação], São Paulo tem muita migração. Muita gente que continua chegando... Este é um problema", afirmou.

Segundo a avaliação Prova Brasil, realizada pelo Ministério da Educação no fim do ano passado, a 4ª série da rede de ensino da Prefeitura de São Paulo está entre as sete piores do país, quando comparada com a das demais capitais. Com média 160,42 em português e 166,86 em matemática, os alunos das escolas municipais da capital não alcançaram a metade do total de pontos possíveis nas provas (350).

Sobre sua permanência no Palácio dos Bandeirantes caso seja eleito, o tucano tergiversou. "2010 está muito longe, nem você sabe onde você vai estar. Eu vou trabalhar bastante para corresponder à expectativa das pessoas", disse, em resposta ao apresentador Chico Pinheiro. O tucano tem sido acusado de usar as eleições para governador como um possível trampolim para a candidatura à Presidência em 2010.

Os apresentadores Chico Pinheiro e Carla Vilhena abriram a entrevista questionando o tucano sobre sua saída da Prefeitura de São Paulo no início deste ano -- em 2004, Serra assinou documento afirmando que cumpriria o mandato até o final se fosse eleito. "Naquela época, eu disse totalmente a verdade do que eu pensava. O que houve de lá pra cá foi uma mudança nas circunstâncias", afirmou. O tucano disse que, depois de sua experiência como prefeito, viu que é necessária uma integração maior entre governos municipal e estadual. "O trabalho do Estado é crucial para a prefeitura. Eu achei que poderia ajudar muito mais a população tendo um prefeito parceiro, que é meu sucessor [Gilberto Kassab, do PFL]", disse.

Sobre sua passagem pela prefeitura, Serra afirmou que colocou "a casa em ordem". Os apresentadores do SPTV rebateram, dizendo que ele não cumpriu as promessas de campanha. "Fizemos mais recapeação e asfaltamento em um ano e meio que as outras prefeituras em 4 anos", rebateu.

José Serra também foi questionado sobre a crise de segurança no Estado, governado pelo PSDB há mais de dez anos. "Houve avanço na segurança. Quando você resolve um problema, aparece outro, é sempre assim", disse. O tucano afirmou que um dos indícios desse avanço na segurança é o aumento do número de presos nas penitenciárias. "Eu já enfrentei multinacionais na questão dos genéricos. Vou enfrentar o crime organizado com toda a disposição", afirmou, referindo-se à sua atuação como ministro da Saúde no governo de Fernando Henrique Cardoso.


Serra voltou a defender a presença de duas professoras por classe na primeira série do ensino fundamental. Questionado sobre a existência de verbas para remunerar essas professoras, o ex-prefeito afirmou que isso não será um "problema".

A entrevista durou sete minutos e foi transmitida para todas as afiliadas da emissora no Estado de São Paulo. A série de entrevistas do programa com os candidatos a governador segue, nesta quinta (17), com Mário Guide (PSB), e Aloízio Mercadante (PT), na sexta (18).

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