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José Serra

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ÁLBUM DE FOTOS

Nome: José Serra

Nascimento: 19/03/1942

Local: São Paulo (SP)

Partido: PSDB

Tempo de partido: desde a fundação, em 1988

Partidos anteriores: MDB e PMDB

Formação profissional: engenheiro com pós-graduação em economia

Serra é favorito para manter SP em mãos tucanas

Alexandre Bigeli
Da Redação
Em São Paulo

"São Paulo é do tamanho de um país. Merece um governador com cara de presidente". O slogan da campanha de Mário Covas ao governo paulista em 1994 lembrava ao eleitor que Covas fora candidato ao Planalto na eleição presidencial de 1989. A situação repete-se neste ano. Serra, candidato do PSDB à Presidência em 2002, é o postulante tucano ao Palácio dos Bandeirantes.

Filho de imigrantes italianos, José Serra nasceu no bairro da Mooca, na zona leste da capital paulista, em 19 de março de 1942. É casado com Mônica Allende Serra, com quem tem dois filhos e dois netos. O ex-prefeito é conhecido por seu estilo centralizador. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que Serra "tem planos para tudo", durante o lançamento de seu livro "A Arte da Política", em Brasília.

Ao jornal "Folha de S.Paulo", Serra afirmou que lava as mãos obsessivamente e que toma pó de guaraná. Mandou instalar janelas com vidro duplo em sua casa para evitar ruídos da vizinhança e usa apito de som audível apenas para cães para inibir latidos. Costuma ir dormir muito tarde, o que causa contratempos à sua equipe. No Ministério da Saúde, despachava até o início da madrugada, exigindo a presença de assessores.

Serra começou na política na militância estudantil, até chegar a presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes) em 1963. Com o golpe militar em 1964, abandonou o curso de engenharia na USP (Universidade de São Paulo) e exilou-se no Chile, onde conheceu Mônica. Sem diploma universitário, prestou exame na Universidade do Chile, na qual fez mestrado em economia (1972). Mais tarde, em 1977, tornou-se doutor em economia pela Cornell University, nos EUA.

Trabalhou na Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe) e foi professor da Universidade do Chile durante o exílio. Com a abertura política, retornou ao Brasil em 1978 e deu aulas na Unicamp (Universidade de Campinas). Como professor aposentado da Unicamp, recebe cerca de R$ 6.600 por mês.

No governo de Franco Montoro (então no PMDB, 1983-86), Serra assumiu o cargo de secretário de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo. Em 1986, elegeu-se deputado federal, ainda pelo PMDB. Na Constituinte, foi autor do artigo que determinou a realização de plebiscito sobre qual sistema de governo o país seguiria (presidencialismo ou parlamentarismo), realizado em 1993, e da emenda que criou a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias).

Já pelo então recém-criado PSDB, disputou a Prefeitura de São Paulo em 1988. Ficou em 4º lugar (Luíza Erundina, então no PT, foi eleita). Em 1990, retornou à Câmara dos Deputados. O destaque de Serra nesta legislatura foi a instituição do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), que ajudou a viabilizar o seguro-desemprego.

Em 1994, Serra elegeu-se senador com 6,5 milhões de votos. No ano seguinte, deixou o cargo para integrar a equipe do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), como ministro do Planejamento. Serra criticava a política econômica conduzida por Pedro Malan (ministro da Fazenda) e Gustavo Franco (presidente do Banco Central), baseada em juros altos e câmbio valorizado, para segurar a inflação.

Deixou o cargo em 1996 para disputar pela segunda vez a Prefeitura de São Paulo. Ficou em 3º lugar, atrás de Celso Pitta (candidato de Paulo Maluf) e Luíza Erundina (PT).

Em 1998, o tucano voltou a assumir um ministério de FHC, a pasta da Saúde, onde permaneceu até fevereiro de 2002. Entre suas principais ações estão a liberação dos medicamentos genéricos e uma bem-avaliada política de combate à Aids.

Presidência e prefeitura
Serra candidatou-se à Presidência em 2002, prevalecendo sobre o governador do Ceará, Tasso Jereissati. A definição causou uma ruptura da aliança PSDB-PFL. Na pré-campanha presidencial, o PFL uniu-se em torno de Roseana Sarney, que obteve a adesão de vários peemedebistas. Apesar do bom desempenho da governadora maranhense nas pesquisas, o PSDB nunca ocultou sua rejeição a ela.

Um escândalo veio a quebrar o impasse. A Polícia Federal encontrou cerca de R$ 1,34 milhão em espécie na empresa Lunus, de Jorge Murad, marido e secretário de Ciência e Tecnologia de Roseana Sarney. Jorge Bornhausen, presidente do PFL, acusou Serra de ter usado a PF, subordinada ao ministro da Justiça Aloysio Nunes Ferreira, aliado do ex-prefeito. Serra e Nunes negaram ter manipulado a PF. A imagem de cédulas amontoadas de dinheiro correu o país e minou a candidatura da governadora, que desistiu do Planalto e foi eleita senadora. O PFL não lançou candidato a presidente nem apoiou Serra.

A candidatura do tucano só cresceu a partir de agosto de 2002, com a exibição do horário eleitoral na TV e das críticas a Ciro Gomes, a quem o tucano superou. No segundo turno, Serra não pôde deter o favoritismo de Lula, que obteve o apoio de Garotinho e Ciro Gomes, e acabou vencendo a eleição com 61,27% dos votos válidos.

Serra venceu Lula apenas em Alagoas e, na cidade de São Paulo, fez 49% dos votos válidos. Em novembro de 2003, foi escolhido presidente nacional do PSDB e, poucos meses depois, lançou candidatura para prefeito de São Paulo. Era a terceira vez que o tucano tentava se eleger para o cargo. Venceu a petista Marta Suplicy no segundo turno, por 54% a 46% dos votos válidos.

A opção do PT por Aloizio Mercadante como candidato ao governo de São Paulo evita que a eleição de 2006 seja um terceiro turno da campanha de 2004. Mercadante foi escolhido em detrimento de Marta. Pesquisa do Datafolha, realizada em 7 e 8 de abril, aponta que Serra vence a eleição no primeiro turno com 59% dos votos. O senador petista aparece com 14%.

As pesquisas indicam que Serra poderia alçar vôos mais altos. Até o dia 14 de março, quando Geraldo Alckmin foi anunciado candidato do PSDB à Presidência, Serra era considerado o candidato natural do partido ao Planalto. O então prefeito de São Paulo tinha mais intenções de votos do que o governador do Estado e seria um adversário mais competitivo para enfrentar o presidente Lula.

Segundo analistas, Serra esperava que sua candidatura ao Planalto se tornasse um consenso no PSDB. Isso não ocorreu devido à tenacidade de Alckmin na disputa interna. Perdida a chance da candidatura presidencial, Serra decidiu concorrer à sucessão de Alckmin e tentar manter o maior Estado do país sob domínio tucano. Após uma cirurgia gástrica realizada em abril, iniciou a campanha ao governo no fim do mês.

A saída da Prefeitura pode ser um problema. Serra terá de explicar ao eleitor por que deixou o cargo mesmo tendo se comprometido a cumprir os quatro anos de mandato, durante a campanha de 2004. O tucano abandonou a prefeitura paulistana um ano e três meses após tê-la assumido. A julgar pelos números das pesquisas, o eleitorado parece não se importar com o compromisso quebrado.








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