YEDA RORATO CRUSIUS
Yeda Crusius é eleita a primeira governadora gaúcha
Larissa Morais
Da Redação, em São Paulo
A economista Yeda Crusius, 62, foi eleita numa disputa apertada neste domingo para governar o Rio Grande do Sul após um crescimento surpreendente do primeiro para o segundo turno.
Deputada federal no terceiro mandato, a tucana quebrou a polarização entre PT e PMDB, presente no quinto maior colégio eleitoral do país desde 1994. Yeda deixou para trás o governador Germano Rigotto (PMDB), que não chegou ao segundo turno, e o ex-governador e ex-ministro Olívio Dutra (PT).
Em setembro, as pesquisas mostravam empate entre Yeda e Olívio na busca pela segunda vaga no segundo turno. Tudo indicava que Rigotto estava garantido em primeiro lugar, mas uma reviravolta às vésperas do 1º de outubro tornou a apuração acirradíssima e, ao final, houve a surpresa. O governador, que havia cogitado candidatar-se à Presidência no início do ano, estava fora.
A candidatura da tucana tinha vários elementos para não vingar. O PSDB é um partido com pouca estrutura e tradição no Rio Grande do Sul, comparado ao PMDB e ao PT. Antes de disputar o governo, Yeda havia obtido apenas cerca de 20% dos votos válidos nas duas vezes em que concorreu à Prefeitura de Porto Alegre (1996 e 2000).
O fato de não ter grandes possibilidades de vitória fez com que o PSDB nacional não investisse na candidatura gaúcha. Na primeira quinzena de setembro, a crise chegou ao auge – o marqueteiro Chico Santa Rita deixou a campanha, junto com 50 dos 70 profissionais da equipe. Yeda chegou a dizer que a situação financeira estava “dramática”.
Com a liderança no primeiro turno, a campanha de Yeda ganhou força e adesões. Logo após o resultado das urnas, PMDB, PP e PTB declararam apoio à sua candidatura. O governador Rigotto optou pela neutralidade.
A economista foi desde o início da campanha uma das maiores entusiastas da candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência. O ex-governador de São Paulo venceu no Estado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 1º de outubro e seguia na frente nas pesquisas do segundo turno. A insatisfação dos gaúchos com o desempenho da agricultura e o desgaste do PT local ajudaram a fazer deslanchar as candidaturas dos dois tucanos.
O segundo turno gaúcho refletiu em grande medida a disputa no cenário nacional, com a diferença de resultados. A privatização, tema mais recorrente na disputa entre Lula e Alckmin em outubro – além do caso do dossiê –, também permeou o embate entre Yeda e Olívio.
O candidato petista, funcionário aposentado do Banrisul, disse que a tucana teria intenções de privatizar o banco estatal e tentou tachá-la de “privatista”. Assim como Alckmin, Yeda negou as acusações e disse que as privatizações já não são mais necessárias na atual conjuntura.
Partidária do “jeito tucano de governar”, a governadora eleita promete realizar uma gestão austera, inspirada no choque de gestão implantado por Aécio Neves (PSDB) em Minas Gerais e pelos tucanos em São Paulo.
Yeda começou na política após obter reconhecimento na carreira acadêmica. Professora de economia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a tucana recebeu um convite do presidente Itamar Franco, em 1993, para integrar o primeiro escalão.
Depois de ter comandado a Secretaria de Planejamento, Orçamento e Coordenação da Presidência da República, Yeda elegeu-se deputada federal em 1994. Em 1996 e 2000, concorreu à Prefeitura de Porto Alegre, obtendo cerca de 20% dos votos válidos nas duas eleições.