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29/10/2006 - 19h35

Wilma de Faria garante mais 4 anos ao PSB no Rio Grande do Norte

Da Redação
Em São Paulo
Divulgação
Wilma Faria (PSB) foi reeleita no RN
Ao vencer o senador Garibaldi Alves Filho (PMDB), a governadora do Rio Grande do Norte, Wilma de Faria, 61, garante mais quatro anos de poder ao PSB. De quebra, impõe a primeira derrota ao adversário, numa disputa acirrada. No primeiro turno, a diferença entre eles ficou em 0,97 ponto percentual.

Primeira mulher a governar o Estado, Wilma de Faria chegou ao segundo turno afirmando já ter vencido os grandes grupos que "se revezavam no poder potiguar": o PFL e o PMDB, uma aliança inédita. Somados, os dois partidos governaram o Rio Grande do Norte por 16 anos.

Garibaldi já comandou o Rio Grande do Norte por dois mandatos, de 1995 a 2002, assim com seu aliado, o senador pefelista José Agripino Maia (1983/86 - 1991/94).

Wilma sempre esteve atrás nas pesquisas até o dia 1ª de outubro. Com sua chegada ao segundo turno, buscou novos apoios e intensificou sua estratégia de comparar a sua administração com a dos adversários.


Por sua vez, Garibaldi contra-atacou. O ex-governador acusou a socialista de utilizar a máquina pública para conquistar o segundo mandato. Segundo o senador, a governadora teria trocado o Cheque Reforma (programa de distribuição de renda estadual) por votos. Wilma nega.

Apoio de Lula
A governadora reeleita contou com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desde o primeiro turno. A presença de Lula ajudou sua campanha a decolar, liderando as pesquisas no segundo turno e obtendo gradativa distância de Garibaldi.

A candidatura de Wilma viveu um constrangimento com o anúncio de voto do presidente do PSDB potiguar, ex-senador Geraldo Melo, para a socialista na reta final. Petistas aliados demonstraram desconforto em ter de dividir o palanque com o aliado tucano.

A governadora reeleita também já afirmou que não comprometeu espaços no segundo governo para acomodar aliados. "Temos de colocar pessoas eficientes. Vamos dar espaços para nossos aliados, mas isso tudo será discutido com eles".

Na guerra de apoios, Garibaldi conquistou a adesão do atual vice-governador, Antônio Jácome (PMN), descontente com o espaço dado pela governadora na campanha. Wilma de Faria procurou minimizar, buscando votos de prefeitos, sobretudo no interior do Estado.

A batalha por votos refletiu-se em parte da mídia local. A Justiça Eleitoral potiguar determinou o corte no sinal da TV Ponta Negra, afiliada do SBT, por entender que a governadora foi beneficiada, sobretudo no segundo turno.

Wilma afirma que não contou com apoio de parte da mídia. Em entrevista ao UOL, a socialista disse que seus adversários detêm as principais emissoras de TV do Estado e cerca de 70% das rádios.

Desejo de independência
Ex-mulher de Lavoisier Maia Sorinho, ex-governador potiguar [1979-1983], ex-senador e ex-deputado federal, a governadora procurou demonstrar que é politicamente independente.

A governadora reeleita nasceu em Mossoró, no sertão do Estado. Oriunda de uma família tradicional, também tentou se desvincular da imagem de pertencer a uma das duas oligarquias que dominam o Estado.

Professora, mestre em educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, iniciou-se na vida política elegendo-se deputada federal em 1986. Por três mandatos foi prefeita da capital, Natal [1988, 1996 e 2000].

Em 2002, ela deixou a prefeitura para disputar o governo estadual. Wilma foi eleita com cerca de 60% dos votos. Na campanha deste ano, sofre fortes críticas da oposição. O Tribunal de Contas apontou desvios de R$ 3,6 milhões em fundação do Estado durante sua gestão. Ela nega.

Uma das obras ressaltadas pela governadora em sua campanha foi a construção de 530 quilômetros de adutoras responsáveis pelo abastecimento de 25 cidades, beneficiando 250 mil pessoas. Outro trunfo foi a alfabetização de 120 mil pessoas em todo o Estado.