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27/10/2006 - 01h25

No último debate no Rio, troca de hostilidades toma espaço de propostas

Da Redação
No Rio de Janeiro
Como já era esperado pelo tom da campanha do segundo turno para o governo do Rio de Janeiro, o último debate entre Sérgio Cabral (PMDB) e Denise Frossard (PPS) foi marcado pelas hostilidades. Durante aproximadamente 1h30min, o eleitor pôde ver na TV Globo os dois candidatos trocando ataques.

O senador passou todo o programa tentando colocar sua adversária como alguém que não tem programa de governo e pessimista. "A candidata talvez nem saiba quais são os estados que fazem fronteira com o Rio de Janeiro", debochou Cabral, após uma resposta da candidata do PPS. Quando teve suas propostas criticadas, a frase mais repetida pelo peemedebista foi "Que baixo astral".

Já a deputada federal acusou seu opositor de fazer promessas mirabolantes que não serão cumpridas e de não ter combatido os problemas do Estado quando era presidente da Alerj (Assembléia Legislativa), por estar ao lado do casal Garotinho. "Não se deve, em nome de uma campanha eleitoral, enganar a população. Se assumir o governo, o senador não vai fazer um milímetro do que promete neste campo", atacou Frossard sobre as propostas para habitação do senador.

Os ataques não foram apenas relacionados à eleição. A ex-juíza mais uma vez citou a casa em Mangaratiba de seu adversário. Alegando que ele afirma que fez "bico" fazendo consultoria para comprá-la, perguntou "Que autoridade terá o senhor para dizer que o policial não pode fazer 'bico'?".

Sérgio Cabral também voltou resgatar as acusações contra o coordenador de campanha da candidata do PPS, Jackson Vasconcelos, que, segundo ele, responde a três processos por corrupção no INSS. Frossard afirmou que Cabral está sendo processado por este assunto. O senador acusou sua opositora de ter recebido salário como deputada federal durante todo o primeiro turno, mesmo se dedicando à campanha, ao contrário dele, que pediu licença sem remuneração há quatro meses.

Ao falar sobre educação, Denise Frossard acusou seu adversário de ter votado contra a candidatura de Leonel Brizola em 1995. Segundo Cabral, a afirmação era uma leviandade, já que nesta época o voto era secreto e Brizola chegou a lhe ligar após a votação na Alerj. "Será que para ganhar a eleição o desespero chega a esse nível de inventar uma situação dessa?", atacou o peemedebista.

Propostas entre ataques

No meio de tantos ataques, os candidatos conseguiram fazer algumas propostas. Ambos prometeram trabalhar na infra-estrutura para promover desenvolvimento econômico, com Cabral destacando a necessidade de parcerias nesta área, como em outras também, e Frossard ressaltando a necessidade de segurança. Os dois também criticaram a Cedae (Companhia de Água e Esgoto), prometendo auditoria na empresa. Em outros pontos, os debatedores divergiram.

Na segurança, Denise Frossard criticou o aumento do efetivo proposto por seu opositor e disse que este dinheiro seria mais bem empregado em treinamento da corporação atual. Alegando que os números são baseados em estudos, Sérgio Cabral afirmou que não gastará com treinamento, pois este será feito com o apoio das Forças Armadas.

Sobre saúde, o peemedebista reiterou a importância dos Postos de Saúde 24h e do Programa Saúde da Família, enquanto sua adversária afirmou que o importante é ter as emergências funcionando. Na educação, a deputada destacou o ensino integral e o senador a importância de aumentar o salário e qualificar o magistério. Sobre transporte, Sérgio Cabral prometeu investir no transporte de massa e Denise Frossard no bilhete único, sendo este subsidiado pelo governo do estado.

Para gerar emprego, Cabral prometeu alíquota zero do ICMS para as empresas que faturam R$ 400 mil por ano e de 2% para as que faturam até R$2,4 milhões, o que foi considerado sem importância pela ex-juíza, que disse que daria alíquota zero para as empresas que faturam até R$650 mil. Reafirmando seu compromisso de criar 700 mil empregos, o peemedebista também prometeu investir nas escolas profissionalizantes.

"Vou fazer um governo de diálogo, de amor, de paz. Tenho muito a agradecer à população e quero retribuir nesses quatro anos, trabalhando", prometeu Sérgio Cabral em suas considerações finais. Denise Frossard destacou a ruptura e procurou ignorar suas derrotas nas pesquisas de intenção de votos. "Podemos ficar discutindo os programas mais bonitos do mundo que não vai adiantar. Desafia as pesquisas, vem com a gente, vamos mudar. É a ruptura", finalizou.