AÉCIO NEVES DA CUNHA

O economista Aécio Neves da Cunha, 46, foi reeleito neste domingo para governar o Estado com o terceiro maior PIB do país, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.

Em 2002, com apenas 42 anos, o neto de Tancredo Neves e ex-presidente da Câmara dos Deputados elegeu-se governador de Minas Gerais também no primeiro turno com cerca de 58% dos votos. O principal adversário foi o mesmo destas eleições - o ex-ministro Nilmário Miranda, à época, obteve 30,7% dos votos.

Desde o início da campanha, Aécio foi considerado um candidato quase imbatível, em razão de sua grande popularidade, somada ao elevado número de partidos que apoiaram sua candidatura (PSDB, PP, PTB, PSC, PL, PPS, PFL, PAN, PHS e PSB, apenas na aliança formal). Além de diversas siglas, Aécio recebeu apoio do ex-presidente Itamar Franco e de artistas como Fafá de Belém e músicos do Skank e do Jota Quest.

A vitória de Aécio no primeiro turno já era dada como certa por analistas políticos mesmo antes de as pesquisas eleitorais colocarem o governador na faixa dos 70% das intenções de voto. Com um resultado tão expressivo, o governador reeleito ganha forças para enfrentar as disputas internas no PSDB e concorrer à Presidência da República em 2010.

Aécio Neves é conhecido pelo bom relacionamento com lideranças do PT, principalmente com o presidente Lula e com o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel. A proximidade fez com que as denúncias de corrupção fossem deixadas de lado na campanha. O governador optou pelo discurso tucano de que o PSDB é mais eficaz, transparente e capaz de enxugar a maquina estatal.

A campanha eleitoral de Aécio Neves foi tranqüila, sem escândalos e com uma oposição débil - apesar de Nilmário ter dito várias vezes que o déficit zero é uma farsa conquistada com cortes nos gastos sociais, e que o governador censura a imprensa no Estado. O fato mais relevante foi a reportagem publicada pela "Folha de S.Paulo" em 13 de agosto, que revelou artifícios contábeis do governo estadual para esconder a não-aplicação de recursos em saúde pública, em 2003 e 2004, nos percentuais fixados pela Constituição.

Aécio não se acomodou diante da confortável posição de favorito. O tucano conciliou as atividades de governador e candidato e conseguiu visitar 52 dos 853 municípios mineiros, mas não compareceu a debates. O vice-governador eleito, o ex-secretário do Planejamento Antonio Anastasia, teve agenda própria e esteve em várias outras cidades, em atividades de acordo com seu perfil mais técnico.

De acordo com o próprio Aécio, o segundo mandato será dedicado à missão nacional de revisar o pacto federativo e dar mais poder a municípios e Estados. A opção por exercer uma tarefa além das fronteiras de Minas Gerais parte da avaliação de que os Estados estão asfixiados e a federação precisa chegar a um equilíbrio, contra a grande influência de São Paulo.

O governador reeleito disse durante toda a campanha que o candidato vitorioso encontraria um Estado muito diferente de 2003, quando ele assumiu. O governo tucano teria promovido o déficit zero nas contas estaduais e o ajuste fiscal, além de buscar mais investimentos e financiamento internacional.