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01/10/2006 - 13h41

Paulo Souto tenta derrotar PT e emplacar 3º governo na Bahia

Inácio Teixeira/Coperphoto

Souto, ACM e Tourinho votam em Salvador

Souto, ACM e Tourinho votam em Salvador

Por Fernanda Ezabella

SALVADOR (Reuters) - Os dois principais candidatos ao governo da Bahia, o governador Paulo Souto (PFL) e o ex-ministro Jaques Wagner (PT), votaram na manhã deste domingo cercados de amigos e militantes, em um clima festivo porém bastante incerto. Pesquisa divulgada na véspera apontou, pela primeira vez, chances de realização de um segundo turno.

Em todo caso, ambos afirmaram que serão vitoriosos logo no primeiro turno. Ao ser questionado se estava preparado para uma segunda rodada de campanha, Souto, ao lado de sua mulher, foi categórico na resposta:

"Não, estou pensando muito firmemente em decidir as eleições ainda hoje", disse a jornalistas que se espremiam nos corredores minúsculos de um colégio estadual no bairro Jardim Armação, perto da orla. Souto foi governador também em 1994.

"Sou candidato a mais quatro anos de um governo novo, com novas idéias de acordo com as novas demandas do Estado", afirmou Souto, 62 anos, enquanto caminhava cercado de cinegrafistas e fotógrafos.

Uma pesquisa do Ibope apontou que o Estado poderá ter um segundo turno após crescimento de 10 pontos do candidato petista.

Wagner apareceu com 41 por cento das intenções de voto, contra 51 por cento de Souto. No final de agosto, o petista tinha 13 por cento, mas foi subindo aos poucos, até alcançar 31 por cento na penúltima pesquisa de setembro do Ibope.

A 50 quilômetros de Salvador, na cidade litorânea de Arembepe, o ex-ministro do Trabalho e das Relações Institucionais do governo Luiz Inácio Lula da Silva vibrava com os novos números e previa uma vitória de virada.

Wagner chegou na escola da cidade caminhando ao lado de uma comitiva de cerca de 30 pessoas que gritavam seu nome na rua, ao melhor estilo de um verdadeiro comício, uma prática proibida pelas leis eleitorais neste estágio do pleito.

O grupo entrou eufórico na sala de votação e entou refrões de campanha até o candidato sair de carro para voltar à capital.

"Considero essa vitória na Bahia (...) a mais importante, porque aqui ainda existe o que há de mais atrasado na política baiana. Essa eleição está sendo acompanhada com muito carinho, inclusive pelo presidente Lula," disse Wagner aos jornalistas.

Lula, ao contrário de Wagner, sofreu um revés nas pesquisas no sábado, que indicaram também pela primeira vez uma possibilidade de segundo turno na disputa presidencial contra Geraldo Alckmin (PSDB), após novos escândalos políticos.

O ministro da Defesa, Waldir Pires, que governou a Bahia nos anos 1980, acompanhou seu colega petista em Arembepe e defendeu o governo Lula.

"O povo sabe que as oligarquias brasileiras sempre praticaram tudo (de corrupção). E a primeira vez que tudo se abre e se torna transparente é no governo Lula," disse Pires à Reuters. "Minha impressão clara é que vamos ganhar as duas candidaturas no primeiro turno."

Em 2002, Wagner e Souto repetiram a mesma disputa, com o candidato do PFL ganhando em primeiro turno com 53 por cento dos votos. Ele deu continuidade ao governo de César Borges, do mesmo partido.

Se eleito, Souto se igualará ao todo-poderoso da Bahia, o senador Antônio Carlos Magalhães, no quesito mandatos de governado do Estado --ACM liderou os baianos por três vezes, em 1971, 1979 e 1991. Ele também foi prefeito de Salvador em 1967, o que marcaria 40 anos do chamado Carlismo na Bahia com a vitória de seu aliado.

O Estado é, no entanto, um forte eleitor de Lula, com cerca de 70 por cento das intenções de voto, segundo pesquisas. A Bahia é o quarto maior colégio eleitoral do país, com 9 milhões de eleitores, e também o maior beneficiário do principal programa social do governo, o Bolsa Família, com mais de um milhão de famílias atendidas.