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28/09/2006 - 23h08

Candidatos criticam ausência de Lula

Da Redação
Em São Paulo
Os três candidatos à Presidência da República presentes ao debate desta quinta-feira à noite na TV Globo, Geraldo Alckmin (PSDB), Heloísa Helena (PSOL) e Cristovam Buarque (PDT), fizeram críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que concorre à reeleição e resolveu não comparecer.

CADEIRA VAZIA
Jorge Araújo/ Folha Imagem
Geraldo Alckmin (PSDB), Heloísa Helena (PSOL) olham para o lugar vazio reservado ao presidente Lula, enquanto o pedetista Cristovam Buarque observa. Tudo no início do debate da Rede Globo, na noite de quinta-feira.
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Cristovam Buarque elegeu realizar uma pergunta a Lula -o regulamento do debate permitia a questão mesmo a candidatos ausentes. "Presidente, se depois que o senhor for eleito as denúncias forem comprovadas, o senhor renuncia ao cargo? As pessoas estão votando no senhor ou no senador José Alencar, seu candidato a vice-presidente?".

Já Alckmin falou em desrespeito ao público. "Gostaria de lamentar a ausência de Lula. É um desrespeito não a mim, não a você, Cristovam, mas ao eleitor que quer escolher, comparar para decidir seu voto no domingo".

Heloísa Helena foi mais incisiva. "Quero repudiar a ausência do candidato Lula. Ele tinha obrigação de descer de seu trono de corrupção, arrogância e covardia política. Tinha de estar aqui, mas não veio porque não tem autoridade moral para me enfrentar. Sabe que sobrevivi à perseguição implavácel dele. Nasci, como ele, numa família simples, de Alagoas. Mas, ao contrário dele, não traí minha classe de origem. Vai ser muito especial enfrentá-lo no segundo turno".

A candidata do PSOL também não poupou críticas ao ex-presidente FHC e reafirmou suas propostas heterodoxas para a política econômica. "Eu tenho a coragem de enfrentar banqueiros e especuladores, que nem o ex-presidente, do seu partido, Alckmin, nem o Lula tiveram de fazer. Sou o tipo de mulher que quando eu digo que eu faço, eu faço", disse.

"Precisamos de R$ 87 bilhões para investir em matriz energética, no transporte brasileiro. E, para isso, precisamos de uma mudança na política econômica de subserviência ao capital financeiro, que toma metade do que é produzido aqui. Esses moleques de recados do capital financeiro estabeleceram equações que nenhum economista sério defende, nenhum economista que não vendeu seus neurônios defende", afirmou.

Cristovam Buarque, além de voltar a falar da importância "de uma revolução doce, a revolução pela educação", grande bandeira de sua campanha, fez questão de diferenciar-se do radicalismo econômico de Heloísa Helena.

"Precisamos nos antecipar às mudanças na política econômica, achar dinheiro com as contas que temos hoje. Precisamos trabalhar com muito cuidado para não desarticular o que o Brasil conseguiu, a estabilidade monetária. Não adianta termos a precipitação de querer fazer reformas rapidamente e desarticular o que está dando certo", disse o ex-ministro de Educação de Lula.

Já Alckmin criticou a corrupção e a alta carga tributária do governo petista. "A partir de 1º janeiro vou trabalhar contra a corrupção. Nenhum país vai para frente desperdiçando tanto dinheiro. Hoje são 30 mil cargos de comissão, em um aparelhamento do estado que leva a ineficiência e desvio de dinheiro público. Hoje temos uma carga tributária absurda, de 40%, de social-democracia européia, e serviços muito ruins. É corrupção, sobrepreço, desvios, dinheiro jogado fora. Veja o caso dos sanguessugas, é dinheiro que poderíamos usar em saúde, educação e segurança".

Ao seguir falando sobre os ajustes que pretende fazer no governo, Alckmin tropeçou. "Meu projeto é um plano nacional de desenvolvimento. É preciso um grande ajuste para que paremos de jogar dinheiro fora. E são as pessoas simples que pagam mais impostos. No pacote de açúcar, 40% é esgoto... Me desculpem, imposto".