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12/08/2006 - 16h31

Lula desafia oposição a derrotar presidente "no meio do povo"

SALVADOR (Reuters) - O presidente e candidato à reeleição, Luiz Inácio Lula da Silva, desafiou neste sábado seus adversários políticos a derrotar nas urnas um presidente com amplo apoio popular e que a oposição não ouse sequer pensar que, "após um ano e meio de massacre político", ele esteja enfraquecido.

"Se eles quiserem me derrotar, vão perceber uma coisa: uma coisa é derrotar um presidente encastelado (no Palácio do Planalto), em Brasília, e outra coisa é derrotar um presidente no meio do povo", disse Lula durante discurso em comício na praça Castro Alves, reduto carnavalesco da capital baiana.

Lula lembrou da crise política vivida por seu governo com o escândalo do mensalão, afirmando que foi massacrado pela oposição. Ele prometeu não ser vingativo e fazer sua campanha "sem falar de ninguém".

O petista, no entanto, pediu para que a população da Bahia acabasse no voto com a "panela" do carlismo. "É preciso desmontar essa panela e colocar gente nova para temperar melhor a Bahia", afirmou o presidente, referindo-se à influência política no Estado do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL), que já dura décadas.

"Fui ofendido por um deputadozinho aqui deste Estado e não respondi", declarou Lula, recordando o episódio em que o parlamentar ACM Neto ameaçou dar-lhe uma surra.

Em resposta à oposição, que durante a crise no governo chegou a cogitar até impeachment, o presidente exortou: "Eu posso nesta praça dizer que ninguém nunca mais ouse duvidar da consciência do povo brasileiro, que ninguém nunca mais ouse utilizar o povo como massa de manobra".

Lula passou boa parte do dia em Salvador, reuniu-se com prefeitos de diversos partidos, inclusive do PFL, além de líderes de movimentos sociais da cultura negra. Fez um comício para 3.500 pessoas ao lado do hotel onde estava hospedado e seguiu para a praça Castro Alves, parada final de uma programação que durou seis horas e meia.

No trajeto, um dos principais circuitos do Carnaval de Salvador, baianas seguravam rosas brancas e abriam caminho para o trio elétrico de Lula passar.

A comitiva foi acompanhada por cerca de 5.000 pessoas, a maior parte de militantes do PT. A cor vermelho, que durante tantos anos simbolizou o partido de Lula, perdeu-se em meio a bandeiras brancas, azuis e amarelas.

No maior Estado de população negra do país, Lula protestou contra o preconceito racial, "enraizado na cabeça perversa de algumas pessoas". O presidente citou que, neste mandato, visitou 17 países da África e pretende, se reeleito, visitar mais 17 nações do continente.

O evento foi marcado para este sábado em comemoração ao aniversário de 208 anos da Revolta dos Alfaiates, um movimento que buscou a independência do Brasil de Portugal, nos moldes da Inconfidência Mineira, mas com participação popular.

(Por Natuza Nery)