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29/05/2006 - 23h25

Jefferson isenta Lula do mensalão, mas diz que vai votar em Alckmin

Da Redação
Em São Paulo

André Porto/Folha Imagem - 29.mai.06

Roberto Jefferson é entrevistado por jornalistas na TV Cultura

Roberto Jefferson é entrevistado por jornalistas na TV Cultura

O ex-deputado federal e presidente do PTB Roberto Jefferson vai votar em Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB à Presidência da República. A afirmação foi feita durante entrevista no programa "Roda Viva", apresentado pela TV Cultura na noite desta segunda-feira (29/05). "O PSDB representa a mão direita dos banqueiros e o PT, a mão esquerda, mas, a persistir este quadro, voto em Geraldo Alckmin", disse Jefferson.

Apesar de criticar o tucano, Jefferson afirmou ter mais afinidade ideológica com Alckmin do que com Lula. Para o ex-deputado, Alckmin terá mais condições de governabilidade, em função de a aliança que o apóia, PSDB-PFL, ter mais proximidade com outros partidos, como PL, PP e o PTB, do que o PT teria.

Jefferson refez a acusação de que o PT "alugou" bancadas de partidos na Câmara para aprovar seus projetos --o esquema do mensalão. O ex-deputado voltou a atribuir o esquema ao PT, mas isentou o presidente Lula. Segundo Jefferson, o presidente teria sido traído por seua aliados mais próximos. "O mensalão é coisa do Zé Dirceu, Delúbio, Sílvio Pereira, Genoino, Luiz Gushiken".

Para Jefferson, a oposição perdeu a oportunidade de aprovar o impeachment do presidente Lula em agosto de 2005, quando o publicitário Duda Mendonça, responsável pela campanha de Lula à Presidência em 2002, admitiu ter recebido cerca de R$ 10 milhões em paraísos fiscais.

"Os petistas choravam como carpideiras no plenário da Câmara. Aquilo foi a rendição do partido. O impeachment passaria. Mas resolveram sangrar Lula até o fim do mandato", disse o ex-deputado, que afirmou esperar que os acusados absolvidos pela Câmara não se reelejam neste ano.

Jefferson também disse acreditar que o escândalo das sanguessugas --a compra de ambulâncias com superfaturamento-- foi arquitetado pelo mesmo grupo de petistas a quem ele atribui o esquema do mensalão.

Segundo o ex-deputado, o objetivo seria desgastar parlamentares de outros partidos, acusados de propor as emendas ao orçamento federal para a aquisição das ambulâncias, e recuperar, ainda que parcialmente, a bandeira da ética do PT.

"Por que não investigaram os responsáveis pela liberação das verbas quando o PT administrava o Ministério da Saúde", questionou o ex-deputado, referindo-se à gestão de Humberto Costa (PT) na pasta.

Jefferson também criticou a Polícia Federal e o STF (Supremo Tribunal Federal). Segundo ele, ambos estariam muito partidarizados. "A PF tornou-se uma polícia de Estado empregada pelo marketing do governo Lula".

Sobre o STF, Jefferson disse que o tribunal "está muito petista" devido às nomeações de juízes realizadas pelo presidente Lula. O ex-deputado disse que impetrou dois mandados de segurança no STF para tentar recuperar seus direitos políticos.

Jefferson e José Dirceu foram cassados e estão inelegíveis até 2014 devido ao escândalo do mensalão, mas por motivos distintos. O petebista perdeu o mandato por não provar a existência do esquema, e o petista, por chefiá-lo.

Jefferson disse que as cassações na Câmara são políticas e que o STF deve realizar um julgamento estritamente legal. O ex-deputado espera reaver seus direitos políticos caso Dirceu, que também tenta recuperá-los, conseguir.