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Roberto Freire

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ÁLBUM DE FOTOS

Nome: Roberto João Pereira Freire

Data de nascimento: 20 de abril de 1942

Local: Recife (PE)

Partido: Partido Popular Socialista (PPS)

Tempo de partido: desde a fundação (1992)

Partidos anteriores: PMDB e PCB

Formação profissional: advogado, procurador aposentado do Incra

Freire identifica falsa polarização entre Lula e Alckmin

Larissa Morais
Da Redação
Em São Paulo

Em 1989, quando foi candidato à Presidência pela primeira vez, Roberto Freire acreditava ser possível chegar ao socialismo por meio de reformas, a exemplo do que fazia Mikhail Gorbachov na União Soviética.

O deputado disputava a eleição pelo PCB (Partido Comunista Brasileiro). Na campanha, admitia a iniciativa privada, o valor universal da democracia e era contra o partido único. "Tínhamos um programa avançado, mas ainda acreditávamos no socialismo", afirma Freire.

Pré-candidato em 2006, o hoje presidente nacional do PPS (Partido Popular Socialista) diz preservar os valores e a utopia socialista, mas deixou de acreditar em um outro regime. Após o fracasso do chamado socialismo real, o antigo PCB, hoje PPS, revisou seu programa.

O candidato Roberto Freire de hoje admite a inevitabilidade da globalização e defende a economia de mercado, ainda que regulada (uma das diferenças em relação aos liberais). Faz duras críticas ao governo Lula, do qual seu partido fez parte até dezembro de 2004. O PPS entregou o Ministério da Integração Nacional, ocupado por Ciro Gomes, que foi para o PSB. "Rompemos quando ainda não havia as denúncias de corrupção, no auge da popularidade do governo", diz.

A decisão de lançar candidato à Presidência foi tomada no 15º Congresso Nacional do PPS, realizado em março. O partido identificou uma "falsa polarização" entre as candidaturas de Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin.

Em seu blog, Freire afirma que PT e PSDB são "faces da mesma moeda" e compara a situação brasileira com a disputa americana entre republicanos e democratas. Mas diz que o PPS não orientará seus eleitores a votar nulo num possível segundo turno entre petistas e tucanos. "Ainda não definimos, mas nosso congresso classificou o governo Lula como uma fraude, ao contrário do PSDB, que sempre apresentou clareza em suas intenções", diz.

Segundo o deputado, sua candidatura não é de protesto. "Nosso objetivo é mostrar que existe alternativa à política econômica e ao neoliberalismo, um novo projeto nacional de desenvolvimento", diz. Freire admite não ser o único candidato com este propósito, mas não acredita que disputará os mesmos votos da oposição de esquerda com Heloísa Helena, do PSOL. Para ele, a senadora atrairá os eleitores contrários à economia de mercado e favoráveis à estatização.

Biografia
Roberto João Pereira Freire, 64, nasceu no Recife numa família de classe média. É separado, tem cinco filhos e cinco netos. Começou a carreira política em 1962, na Faculdade de Direito do Recife, onde estudava. Aproximou-se do PCB logo depois, quando trabalhou como advogado sindical num escritório ligado ao líder comunista Gregório Bezerra.

Em 1967, foi aprovado em concurso para procurador do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), onde se aposentou.

A primeira participação de Freire numa eleição foi em 1972, quando disputou a Prefeitura de Olinda (PE) pelo MDB. Foi derrotado, mas elegeu-se deputado estadual dois anos depois, também pelo MDB. Durante o regime militar, este partido reunia diversos grupos de oposição, inclusive o PCB, então ilegal.

Terminado o mandato na Assembléia Legislativa de Pernambuco, Freire foi eleito deputado federal em 1979 e 1982, esta última pelo PMDB. Em 1986, quando o PCB voltou à legalidade, foi reeleito para a Câmara e participou da elaboração da Constituição de 1988.

Durante a redemocratização, participou das campanhas pela anistia e pelas eleições diretas. Entretanto, derrotada a possibilidade do voto direto, foi contra a maioria da esquerda e participou do Colégio Eleitoral que elegeu Tancredo Neves e José Sarney.

As primeiras eleições diretas para a Presidência após os governos militares, em 1989, tiveram 21 candidatos. O comunista Roberto Freire era um deles e obteve 769.123 votos, ou 1,06% do total. "Foi uma candidatura profundamente respeitada, apesar dos poucos votos", afirma.

Naquela época, tanto Freire como o PCB viviam profundas transformações. As reformas de Gorbachov pretendiam preservar o socialismo com algumas adaptações. Mas a queda da União Soviética foi interpretada como a prova incontestável da derrota da perspectiva de superação do capitalismo.

O velho "partidão", que havia acreditado por décadas no comunismo, entrou em crise. Em 1992, um congresso extraordinário do PCB altera o nome e a sigla do partido -nascia o PPS, que reivindica até hoje as antigas origens. A minoria da direção seguiu comunista e, em 1995, conseguiu retomar a legenda.

Freire esteve à frente deste processo, mas não abdicou de suas atividades como parlamentar. Foi líder do governo Itamar Franco após o impeachment de Fernando Collor, ainda deputado federal. Em 1994, elegeu-se senador pelo PPS e voltou à Câmara em 2003.

Nas eleições de 1994 o partido apoiou a Frente Brasil Popular, encabeçada por Lula. Durante o governo Fernando Henrique Cardoso, o PPS colocou-se na oposição, mas com críticas a partidos como o PT. A sigla de Freire buscava construir um bloco de centro-esquerda em alternativa à polarização entre a direita e a esquerda "isolada".

Em 1997 Roberto Freire intermediou a aproximação de Ciro Gomes com o PPS. O ex-ministro e ex-governador do Ceará deixou o PSDB e filiou-se ao partido socialista, pelo qual disputou as eleições de 1998 e 2002.

Radicalismo?
O PPS pretende construir com a candidatura de Freire uma oposição democrática de esquerda. Tem procurado apoio de partidos como PDT e PV (com quem negocia inclusive uma fusão para vencer as cláusulas de barreiras).

E esta oposição, a julgar pelas declarações dos parlamentares da legenda, promete ser dura nestas eleições. Nos comentários de seu blog, Freire parodiou o espetáculo do crescimento de Lula, chamando-o de "espetáculo da mediocridade". Disse que é preciso ousar e classificou a quebra do sigilo do caseiro Francenildo Costa de "investida stalinista de Lula".

Uma semana após a dança de Ângela Guadagnin (PT-SP) na sessão que absolveu João Magno (PT-MG), Freire apresentou uma representação para afastamento da deputada do Conselho de Ética da Câmara. Quando o relatório de Osmar Serraglio (PMDB-PR) foi aprovado na CPI dos Correios, o deputado do PPS comemorou.

A campanha pela frente poderá mostrar os limites do radicalismo de Freire.








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