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Geraldo Alckmin

Folha Imagem
ÁLBUM DE FOTOS

Nome: Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho

Data de nascimento: 7 de novembro de 1952

Local: Pindamonhangaba (SP)

Partido: PSDB

Tempo de partido: desde a fundação, em 1988

Partidos anteriores: MDB e PMDB

Formação profissional: médico

Site: www.geraldo45.org.br

Persistência de Alckmin continua sendo testada

Cris Gutkoski
Da Redação
Em São Paulo

Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho enfrentou um difícil duelo para poder se apresentar como candidato do PSDB à Presidência, façanha conquistada em 14 de março deste ano. O oponente José Serra era o nome preferido de cardeais tucanos como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que em 2002 não conseguiu eleger o sucessor. Ainda como governador de São Paulo, Alckmin foi para a briga, no final de 2005, e saiu dela como modelo de obstinação. Visitou 23 Estados, deu entrevistas em mais de 40 programas de televisão.

Esperava-se que, ungido pela sigla, o nome de Alckmin logo subisse nas pesquisas, o que não aconteceu. Um levantamento do Datafolha após a confirmação da candidatura trouxe duas más notícias para os tucanos: a permanência do presidente e pré-candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, 20 pontos à frente de Alckmin (40% a 20%), e o crescimento das intenções de voto em Anthony Garotinho de 12% para 15%.

A condição de escolhido provocou uma seqüência de denúncias e pedidos de investigação que fizeram parecer desastrada uma das primeiras promessas da campanha presidencial tucana, a de promover "um banho de ética" na política brasileira. Antes mesmo de começar a ser indagado sobre plano de governo, Alckmin passou a responder sobre ligações supostamente perigosas entre o público e o privado.

De sua mulher, Maria Lúcia, com quem se casou em 1979, a Folha revelou em março que a então primeira-dama recebeu 400 vestidos do estilista Rogério Figueiredo. Um mês depois, a assessoria do candidato divulgou a versão de 49 trajes, todos doados para instituições de caridade. Sobre o filho mais velho, Thomaz Rodrigues, o jornal O Globo descobriu uma sociedade em loja de produtos naturais com Suelyen Jou, filha do acupunturista do candidato, Jou Eel Jia. Dono, por sua vez, de uma revista que recebeu R$ 60 mil em publicidade da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista, segundo revelou a Folha em 2 de abril.

Acuado por adversários e estanque nas pesquisas, o tucano abriu mão da retórica de não atacar o principal oponente. "O presidente se esconde, faz de conta que não é com ele. Não fala, não presta contas à sociedade", disse em Teresina, discursando para líderes e militantes do PFL e do PSDB, em 10 de abril. Alckmin se referia à quebra do sigilo bancário de Francenildo dos Santos, escândalo em que, segundo ele, o governo Lula se revelou "fraco com os poderosos e os corruptos" e "violento com o caseiro, um nordestino pobre".

Tapioca e buchada de bode
O presidenciável, que é filho de ex-seminarista, retornou ao Nordeste na Semana Santa, visitou pontos turísticos de Pernambuco, e prometeu se plantar na região onde Lula mantém forte popularidade. Duas semanas depois, estava novamente lá, para uma visita de "poucos resultados", na descrição nada entusiasmada de um colunista local: "Um carnaval fora de época em Campina Grande, no qual praticamente passou despercebido, uma buchada de bode, em Monteiro, na casa de um correligionário, uma corrida de jumentos, em Zabelê (PB), que tem apenas três mil habitantes, e uma visita-relâmpago à Araripina para ver como se faz uma tapioca na casa do prefeito tucano Valdeir Batista".

Abril passou e uma pesquisa do Ibope encomendada pelo PSDB, realizada com 3.000 eleitores, mostrou que Lula seguia com mais de 40% dos votos e Alckmin sequer alcançava 20%, depois de dezenas de deslocamentos para se tornar mais conhecido pelo país. Sob novo alerta vermelho, a campanha tucana decide agregar PPS e PDT à aliança com o PFL e também impedir o apoio do PMDB a Lula.

Prefeito e anestesista
O político de 53 anos que hoje quer ser presidente filiou-se ao MDB em 1972, aos 19 anos, e se elegeu o vereador mais votado de Pindamonhangaba, cidade onde nasceu em 7 de novembro de 1952. Contribuíram para a popularidade as circunstâncias de Geraldo cursar a Faculdade de Medicina de Taubaté, integrar o diretório acadêmico e dar aulas de biologia e química orgânica em curso pré-vestibular, que também preparava para exames supletivos. Fez 1.447 votos.

Já na eleição seguinte, em 1976, tornou-se prefeito com 24 anos. A vitória nas urnas deu-se por uma diferença de apenas 67 votos. Durante o mandato, concluiu o curso de Medicina e especializou-se em anestesiologia, em plantões de finais de semana, no Hospital do Servidor Público do Estado, na capital. Depois, trabalhou como anestesista na Santa Casa de Misericórdia de Pindamonhangaba.

O segundo mandato legislativo, de deputado estadual, foi conquistado com a cifra expressiva de 96.232 votos, em 1982. As primeiras eleições para as Assembléias, Câmara dos Deputados e Senado após a ditadura militar fizeram de Alckmin deputado federal, em 1986, pelo PMDB. Ele não completaria o mandato pelo mesmo partido. Em 1988, um ano antes da eleição de Fernando Collor e da estréia de Lula como candidato à Presidência, Alckmin fundou o PSDB (a sua ficha de filiação é a sétima) na companhia dos também dissidentes peemedebistas Mário Covas, Fernando Henrique Cardoso e José Serra. O ano de 1990 assinalou sua primeira eleição pelo PSDB, novamente como deputado federal.

A longa parceria com Mário Covas e os reputados quase 12 anos de experiência no governo de São Paulo se iniciaram na campanha de 1994, bastante pródiga para os tucanos. Fernando Henrique chegou ao Palácio do Planalto e Covas ao Palácio dos Bandeirantes, com Alckmin de vice-governador, depois de ter sido presidente do PSDB de São Paulo por dois mandatos. A dupla (aliás, o trio tucano, incluindo FHC) se reelegeu em 1998 no comando dos maiores orçamentos do país. Na campanha de 2000, Alckmin, político que desde 1972 não perdia uma eleição, enfrentou seu primeiro revés nas urnas, sendo derrotado na disputa pela prefeitura paulistana.

Doente, Covas morreu em 6 de março de 2001. Alckmin assumiu o governo de São Paulo e por meses fez a ressalva de que o estilo de administração pública continuava sendo o do antigo mestre, de quem absorveu o slogan "choque de gestão", uma atualização de "choque de capitalismo", de Covas. O começo da carreira solo se realiza na reeleição para governador em 2002, a bordo de mais de 12 milhões de votos. As pretensões de Alckmin de concorrer ao Palácio do Planalto também começam a se materializar nesta época.

"Vai ter emprego pra chuchu"
Desde o lançamento da candidatura, em março, são citadas como principais vitrinas do comando alckimista no Estado a redução do ICMS (em setores de alimentos, têxteis e automóveis, entre outros), o corte de gastos, a implementação das compras por meio de leilões eletrônicos, a expansão das linhas do metrô, as parcerias público-privadas e o aumento da capacidade de investimento. Na contramão dos elogios, o tema da segurança pública já era um calcanhar de Aquiles antes mesmo de 12 de maio, a sexta-feira deflagradora da série de atentados atribuídos ao PCC (Primeiro Comando da Capital) que resultou em centenas de mortos e feridos.

A insegurança da população e a violência policial foram rapidamente alçados a prioridade do discurso dos adversários de Alckmin. A campanha tucana precisará responder, por exemplo, sobre promessas não cumpridas em quase 12 anos de governo do PSDB, como a proibição de celulares nos presídios.

Diante da placidez dos números das intenções de voto, analistas políticos têm feito indagações sobre o que realmente pensa e o que discursará o presidenciável nos palanques e propagandas. Em março, na euforia da confirmação da candidatura, o discurso ainda podia brincar com o apelido de "picolé de chuchu", invenção do colunista José Simão. Alckmin revidava que seu governo vai ser "um chuchuzinho", gerando "empregos pra chuchu". Minutos partidários no rádio e na TV destacaram o antigo slogan "gente em primeiro lugar". O tom de oposição a Lula naturalmente foi subindo e, com o auxílio de uma "central de inteligência" montada pelo partido em maio para fornecer números e elaborar análises, textos e falas recentes de Alckmin elegeram a palavra forte "mudança", no combate à corrupção e no trato com o dinheiro público.

Acreditar em mudança a médio prazo na preferência do eleitorado e mesmo em milagres faz parte do perfil do candidato, católico praticante, responsável pela inclusão de uma dúzia de imagens de Nossa Senhora Aparecida na sede do governo paulista.








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